Estamos na semana do Super Bowl LIII. Portanto, nada mais justo que, de uma forma ou de outra, abordar o Grande Jogo. Por ora, vamos falar de um dos Super Bowls mais marcantes da história da NFL. De fato, o Super Bowl XXIX não foi um confronto definido nos últimos segundos. Contudo, a quantidade de ótimos jogadores fez com que o espetáculo entrasse no livro de recordes da liga por diversas razões.
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29 de janeiro de 1995 – Às 21hrs daquele dia, entraram em campo San Francisco 49ers e San Diego Chargers. O palco era o agora parte do Miami Gardens, Joe Robbie Stadium, na Flórida.
De um lado, os Niners tentavam dar continuidade a um dos grandes times que a NFL já presenciou. Entre 1981 e 1989, San Francisco venceu quatro Super Bowls, sob o comando de Joe Montana. A temporada de 1994, então, fez da equipe a primeira na história a vencer cinco Super Bowls.
Do outro lado estavam os Chargers marcando presença no seu primeiro Super Bowl. Importante ressaltar que a presença de San Diego naquele embate marcava uma das campanhas mais surpreendentes da década de 1990. Aquele time dos Chargers que entrou em campo em Miami não era repleto de ótimos jogadores – e isso inclui a posição de quarterback. Na época, a história do San Diego Chargers era tratada como uma de “Cinderela” após as várias viradas da franquia durante o campeonato, em especial nos playoffs.
Esse cenário, então, criou o maior favoritismo na história do Super Bowl nas casas de apostas. San Francisco tinha uma vantagem teórica de 18,5 pontos.
Em campo, o que foi visto correspondeu às expectativas que antecederam o duelo: o San Francisco 49ers dominou o San Diego Chargers. A equipe comandada por Steve Young começou melhor no duelo, não cometeu grandes erros e teve incrível eficiência. O sistema defensivo de SD, um dos melhores durante a temporada regular, não teve respostas para o plano de jogo de SF, em especial na secundária. O placar final foi 49-26.
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Mas se engana quem pensa que estamos falando de um Super Bowl qualquer. Apesar da diferença no marcador, a decisão entre San Francisco e San Diego criou um grande legado para a NFL.
Primeiramente, saiba que falar no Super Bowl XXIX é falar em Steve Young. Afinal, o QB protagonizou uma das grandes atuações da história da NFL justamente na decisão. Young, ao lançar seis touchdowns, quebrou o recorde de passes para TD em um Grande Jogo. O camisa #8 fez isso acompanhado de 24/36 nos lançamentos e 325 jardas. Além disso, ele foi o líder do jogo em jardas terrestres, com 49.
Vale ressaltar que essa tremenda atuação de Steve Young foi um ponto de exclamação para tudo que estava ao seu redor. Na época, ele estava pressionados, visto que estava em um sólido elenco e herdando uma das principais dinastias de todos os tempos. Todos olhavam para Young e queriam que ele mantivesse os Niners no lugar mais alto do pódio. Para agravar ainda mais a situação, entre 1991 e 1993, Young chegou à duas finais de conferência, tendo sido derrotado em ambas.
Assim sendo, em 1994, a redenção finalmente aconteceu para ele – e não poderia ter ocorrido de uma forma melhor. Young, MVP daquela decisão, escreveu e assinou seu nome na história da NFL com a conquista.
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Ademais, tenha em mente que oito profissionais envolvidos no Super Bowl XXIX foram eleitos para o Hall da Fama, seis jogadores e dois executivos. Pelos Chargers, Junior Seau e Bobby Beathard (general manager) foram para Canton. Já pelos Niners, chegaram lá Steve Young, Jerry Rice (três TDs na noite) , Deion Sanders, Richard Dent, Rickey Jackson e Eddie DeBartolo Jr. (dono da franquia).
Interessante ressaltar a presença de Sanders naquele elenco do San Francisco 49ers. Depois de ter sido recrutado e feito história pelos Falcons entre 1989 e 1993, o defensive back assinou com os Niners por uma temporada. Essa temporada, então, acabou sendo possivelmente a melhor de Deion na NFL, a qual teve um marco com a conquista do anel. Diga-se de passagem, Sanders deixou San Francisco logo após o título e se junto ao Dallas Cowboys, onde conquistou outro Super Bowl em 1995.
Em meio a tantos excelentes jogadores, os fãs de futebol americano puderam ver a concretização de vários recordes no Super Bowl XXIX. Por exemplo, aquela foi a final da NFL com a maior quantidade de touchdowns marcados. A maior pontuação combinada, 75, idem. E foi também o primeiro SB em que ambos os times pontuaram em todos os períodos da partida.
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Entre outras presenças marcantes no embate, a de alguns coordenadores/técnicos/assistentes chamam atenção. Mike Shanahan era o coordenador ofensivo do San Francisco 49ers. Gary Kubiak, treinador que venceu o Super Bowl 50 com os Broncos, era o técnico de quarterbacks dos Niners. E Mike Solari, atual técnico de linha ofensiva dos Seahawks, comandava tanto os bloqueadores quanto os tight ends do grupo campeão.
Todavia, nenhuma presença talvez tenha sido tão “ilustre” quando à de Gale Gilbert, backup quarterback do San Diego Chargers. Gilbert era o reserva de Stan Humphries, o qual tentava dar estabilidade under center aos Chargers, algo que não acontecia desde a saída de Dan Fouts. Acredite ou não, mas o Super Bowl XXIX marcava a quinta decisão consecutiva de Gilbert, o jogador na história da liga a conseguir o feito. Pasmem, ele jamais saiu vitorioso de uma final! Reserva de Jim Kelly nas quatro derrotas dos Bills seguidas em SB, ele esteve no elenco dos Chargers que também ficou no quase em 1994.
Você, leitor, pode estar se perguntando onde estava Joe Montana naquele momento. Ele estava em Kansas City. Devido à uma lesão que o deixou fora praticamente de todos os jogos das temporadas 1991 e 1992, os 49ers encontraram Steve Young e apostaram nele para o futuro. Assim, Montana foi para os Chiefs, por onde venceu mais alguns jogos até pendurar as chuteiras.
Detalhe: em 1993, San Francisco e Kansas City chegaram à finais de conferência. Fico imaginando como seria um Super Bowl entre os 49ers de Steve Young e os Chiefs de Joe Montana.