No primeiro ano após a aposentadoria de Peyton Manning, o Denver Broncos naturalmente sofreu com a ausência de um quarterback de elite. Ausência essa que foi ainda mais sentida pela defesa vista no time do Colorado: o sistema defensivo dos Broncos ainda é um dos principais da NFL. Não à toa, em termos de pontos marcados e permitidos, respectivamente, Denver terminou 2016 como o 22º e 4º melhor da liga. Essa diferença entre sistema ofensivo e defensivo foi a principal responsável pelo fato da equipe ter ficado fora da pós-temporada pela primeira vez desde 2010.
Desta maneira, nesta temporada, a chegada de um novo head coach, um ano a mais de experiência para os quarterbacks e alguns reforços para as trincheiras podem dar uma nova cara a esse grupo. Mas ele estará preparado para refornar aos playoffs?
Ataque
Por alguns anos, acostumamos-nos a ver o sistema ofensivo do Denver Broncos pautado no ataque aéreo do time. Certamente que isso se deu em grande parte porque Peyton Manning esteve na franquia durante quatro temporadas, todavia, por inconstâncias no jogo terrestre em 2016, os Broncos não conseguiram correr bem com a bola, perderam basicamente todas as batalhas nas trincheiras ao longo dos jogos e acabaram tendo um dos piores ataques da NFL.
Desta maneira, a prioridade do novo treinador Vance Joseph deve ser nas trincheiras – ao recrutar Garett Bolles na 1ª rodada deste ano e até mesmo assinar com Jamaal Charles, John Elway mostrou que sabe disso. A chegada de Bolles também é complementada com as contratações de Ronald Leary e Menelik Watson, os quais devem “renovar” a linha ofensiva dos Broncos a fim de diminuir os 40 sacks e 100 hits permitidos no ano passado, e aumentar a horrível média de 3,6 jardas por corrida do time.
O back field de Denver, mais uma vez, será protagonizado por C. J. Anderson no primeiro momento, o qual precisa encontrar uma maneira de manter saudável ao longo dos anos. Além dele, o segundo anista Devontae Booker e o veterano Jamaal Charles devem dar uma interessante rotatividade para esse grupo de corredores. Vance Joseph terá em mãos uma combinação quase perfeita de running backs em termos de possibilidades de corridas e passes, nas mais diversas situações.
Tudo isso pode ser importante no segundo ano efetivo de Trevor Siemian como titular da franquia. Siemian foi o quarterback do Denver Broncos em 14 jogos da temporada passada, tendo vencido oito desses confrontos. Além disso, foram 3.401 jardas, 18 TDs e 10 INTs para ele, números que não são ruins para alguém que na prática estava em seu primeiro ano na NFL. Todavia, com um ano a mais de experiência e sendo apoiado por uma defesa como a de Denver, Siemian precisa ser melhor em 2017. Lembrando ainda que o segundo anista Paxton Lynch também pode ser o titular da franquia ao longo do ano.
Recebendo a bola, como de costume, estão Demaryius Thomas e Emmanuel Sanders, dupla que combinou para 169 recepções, 2.115 jardas e 10 touchdowns em 2016. Enquanto esses números aparentam ser espetaculares, acredite ou não, eles podem ser ainda melhores: principalmente Thomas teve sérios problemas com drops na temporada passada, fato que, combinado às incertezas de quarterbacks da franquia fez esses dois wide receivers não renderem como em outros anos. Além deles, esteja atento ao tight end Jake Butt. A escolha de Butt na 5ª rodada do Draft 2017, caso ele consiga se manter saudável, poderá ser um dos grandes steal desta classe.
Defesa
Pelos jogadores presentes nela e real possibilidade do ataque não estar entre os mais sólidos da NFL, a defesa do Denver Broncos sabe que entra em 2017 com a responsabilidade de manter o alto nível. Só assim a franquia poderá voltar a ser uma das mais competitivas da liga. Todavia, mesmo com o sistema defensivo dos Broncos tendo sido a principal razão para as nove vitórias do time na temporada passada, é inegável que vários pontos precisam ser melhorados, e o encarregado disso agora será o coordenador defensivo Joe Woods, uma vez que Wade Phillips se juntou aos Rams.
O ponto de maior preocupação (e o caminho para o sucesso, ao mesmo tempo) da defesa de Denver está no combate ao jogo terrestre. Apesar de ter o melhor setor defensivo da NFL contra o passe, os Broncos permitiram 130,3 jardas corridas de média por partida, a 5ª pior em todo ano passado. Justamente por isso a franquia se preocupou em adquirir reforços para o interior da linha defensiva, sendo o veterano Domata Peko e Zach Kerr os nomes recém-contratados de maior destaque. Juntos, e ao lado de Derek Wolfe, eles tentarão improvisar o “miolo” do front seven do Denver Broncos. Mais atrás, ainda visando as corridas do oponente, o time do Colorado espera contar com Brandon Marshall saudável novamente, ele foi um dos principais linebackers da NFL em 2015, mas sofreu com lesão temporada passada.
Se Denver conseguir vencer essa batalha nas trincheiras, tudo deve encaixar perfeitamente nesta defesa. Isso porque o pass rush da equipe tem sido um dos mais eficientes da NFL, tendo totalizado 42 sacks no ano passado. Por lá, o ótimo Von Miller (13,5 sacks e 3 fumbles forçados em 2016) não terá mais a companhia de DeMarcus Ware, mas deverá fazer uma nova dupla de sucesso com Shane Ray (escolha de 1ª rodada de 2015) e/ou Shaquil Barrett.
Além disso, se Denver conseguir vencer a disputa contra os running backs adversários, os quarterbacks oponentes serão forçados a lançar a bola contra a melhor defesa da National Football League contra o passe. Entre os safeties, a força de T. J. Ward e a habilidade atlética de Darian Stewart (Pro Bowler em 2016 e uma das gratas surpresas dessa defesa) criam uma dupla ideal para a posição. Entre os cornerbacks, o Denver Broncos talvez conte com a melhor dupla da atualidade, composta por Aqib Talib e Chris Harris Jr. – ambos estiveram no Pro Bowl e no All-Pro Team da liga após a temporada passada.
Conclusão
Como visto, nos dois lados da bola, o Denver Broncos precisa ser melhor no item batalha nas trincheiras. Enquanto ofensivamente isso será determinante para o ataque da franquia deixe de ser um dos mais improdutivos da NFL; defensivamente significa “beirar a perfeição”. Por ora, se na defesa isso tem reais chances de acontecer (pelo que está ao redor do setor), no ataque pode encontrar mais dificuldades, devido às limitações do grupo.
Ter um ataque instável em uma divisão que já conta com ótimos ataques, especialmente no caso de Chargers e Raiders, não parece uma boa ideia. Mais que ser melhor do que ele mesmo (em relação ao ano passado), o Denver Broncos precisa se preocupar ainda em desbancar seus fortes rivais de divisão. Isso aconteceu nas últimas temporadas porque Manning sobressaia sobre os demais e, nas devidas proporções, não vejo Trevor Siemian fazendo isso contra Philip Rivers e/ou Derek Carr, por exemplo.
Principais chegadas (posição, antigo time)
– Jamaal Charles (RB, Chiefs);
– Ronald Leary (G, Cowboys);
– Menelik Watson (RT, Raiders);
– Zach Kerr (DL, Colts);
– Domata Peko (NT, Bengals).
Principais saídas (posição, time de destino)
– DeMarcus Ware (OLB, aposentou);
– Russell Okung (OT, Chargers);
– Kayvon Webster (CB, Rams);
– Sylvester Williams (NT, Titans).
Notas do time
– Ataque: B-
- Quarterback: C+
- Running backs: B-
- Wide receivers: B+
- Linha ofensiva: B
– Defesa: A-
- Linha defensiva: B-
- Linebackers: A
- Secundária: A
– Calendário 2017: D (57,8%)
Estatística determinante
Na história da NFL, apenas uma vez uma defesa liderou a liga nos quesitos aéreos por três temporadas consecutivas. O Denver Broncos fez isso nos dois últimos anos.
Nomes para ficar de olho
Von Miller – Von Miller é o melhor jogador do Denver Broncos, e um dos melhores jogadores da National Football League em geral na atualidade. Em termos de pass rusher, dificilmente você encontrará, na história da liga (!), alguém que apresente a mesma combinação de força, arrancada, explosão e habilidade como Miller. Desde que chegou à NFL em 2011, o ex-Texas A&M esteve no Pro Bowl cinco vezes, no All-Pro Team em três ocasiões, venceu o prêmio de Calouro Defensivo do Ano e conquistou o Super Bowl 50, no qual ele foi o MVP da partida. Definitivamente, se Denver quiser ter qualquer tipo de chance nesta temporada, seu camisa #58 precisará ter um ano digno de MVP. Algo em torno 80 tackles, 15 sacks e 3 fumbles forçados – e, por favor, não descarte essa hipótese.
Aqib Talib – Não é quase inacreditável o fato de Aqib Talib não ter permitido nenhum touchdown enquanto esteve na cobertura durante toda a temporada passada? Cada vez mais, aquele bom cornerback visto em Tampa e New England tem se tornado um dos melhores e mais sólidos de toda a NFL, no Denver Broncos. Desde 2013, Talib acumula pelo menos três interceptações e 12 passes defendidos em todos os anos, assim como uma ida ao Pro Bowl em todos esses anos, incluindo o All-Pro Team em 2016. Simplesmente não vemos por aí todos os dias jogadores como Aqib Talib, muito pelo contrário.
Damaryius Thomas – O começo de Demaryius Thomas na NFL não foi tão fácil, visto que ele perdeu um total de 11 partidas em suas duas primeiras temporadas na liga. Todavia, desde 2012, ele tem sido uma certeza para o Denver Broncos em todos os anos: em todas as temporadas neste período, Thomas teve pelo menos 90 recepções, 1.000 jardas e 5 touchdowns – e lembre-se que em dois desses anos ele não teve majoritariamente Peyton Manning passando a bola, mas sim Brock Osweiler, Trevor Siemian e até mesmo Paxton Lynch. Com cinco Pro Bowls em sete temporadas profissionais, é possível dizer que o camisa #88 é a grande certeza do ataque dos Broncos.
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Este é mais um texto da série Perguntas Para a Temporada (PPT), que analisa como será o ano de cada franquia da NFL, de acordo com a ordem do Draft. Para ter acesso aos outros artigos desta série, CLIQUE AQUI – em algum momento, seu time estará por lá!
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