Enfim, o impasse sobre o futuro de Antonio Brown foi resolvido. Depois de uma série de interessados, reuniões, um “quase acerto” com os Bills, o wide receiver definiu seu destino para a temporada de 2019: o Oakland Raiders.
Já era esperado que Oakland tentasse persuadir Brown — a equipe estava entre os destinos sensatos para jogador. O relacionamento entre Brown e Gruden é bom, os Raiders têm espaço no teto salarial e, ainda mais relevante, o time conta com cinco escolhas de primeira rodada combinando 2019 e 2020. Ou seja, de sua parte, nada limitava Oakland.
Vale ressaltar então que os Raiders nem precisaram se desfazer de uma escolha de primeira rodada — e nem de segunda. Para ter os serviços de Brown, a franquia californiana deu ao Pittsburgh Steelers duas escolhas do Draft 2019, uma de terceira e outra de quinta rodada. O preço pago por Brown foi abaixo do esperado.
Jon Gruden fez sua primeira ótima aquisição desde seu retorno aos Raiders.
Se voltarmos à offseason da temporada passada, o New England Patriots recebeu escolhas de primeira e sexta rodada por Brandin Cooks e uma escolha de quarta rodada. De fato, a idade de Cooks, 24 na época, o valorizou na troca. Esta é uma das poucas razões para que Brown fosse trocado por um ótimo valor (para Oakland), visto que ele completará 31 anos em 2019.
Apesar da idade, Brown não dá indícios que isso é um problema para ele dentro de campo.
Estamos falando do melhor recebedor da NFL nos últimos anos. Desde 2010, quando o ex-Central Michigan foi recrutado, nenhum jogador teve mais recepções e jardas recebidas que ele. Adicionalmente, nas últimas seis temporadas Brown teve média de 1.524 jardas por campeonato.
O quanto os Raiders ganham com isso? Um wide receiver do time jamais obteve 1.500 jardas em uma temporada.
Em termos de touchdowns, AB totalizou pelo menos 10 em quatro dos últimos cinco anos. Em 2018, aliás, o camisa #84 liderou a NFL no quesito, bem como quebrou o recorde da história dos Steelers, com 15.
Brown chega em Oakland para resolver uma das maiores necessidades da equipe. Desde que Amari Cooper foi trocado para o Dallas Cowboys em 2018, os Raiders precisavam de um wide receiver principal no time. No ano passado, nenhum wide receiver do elenco de Gruden teve mais que três touchdowns. Ainda, a ausência de uma referência na função foi um (dos vários) motivos para os desempenhos ofensivo pífios dos Raiders.
Chama atenção — e aqui Gruden ganhou mais um ponto — que em um intervalo de pouco mais que quatro meses, os Raiders perderam Cooper e adquiriram Brown. A saída de Cooper para Dallas rendeu a Oakland uma escolha de primeira rodada. A chegada de Brown custou picks de terceira e quinta rodada.
Os Raiders souberam o exato momento para concretizar ambas as trocas. No primeiro caso, os Cowboys precisavam desesperadamente de um wide receiver, o que possibilitou que Oakland pedisse um preço mais alto por um jogador que na época estava em baixa. No segundo, Brown não queria mais ficar em Pittsburgh — e a equipe também já não estava mais satisfeita com o jogador. O que fez com que AB saísse mais barato, apesar da ótima temporada em 2018.
O argumento de que os Steelers também ganharam valor é válido. Afinal, o time recrutou Brown na sexta rodada de 2010 e acaba de trocá-lo por duas picks superiores. Todavia, poderia ter sido mais. Essa diferença, que é relevante por se tratar de elevadas rodadas de draft, ficou para os Raiders.
Além disso, é preciso destacar que o vestiário da equipe de Pittsburgh chegou a um ponto insustentável após todas as declarações de Brown, as quais em maioria criticaram negativamente o quarterback Ben Roethlisberger. Mesmo com os números impressionantes, Brown se tornou um problema para os metaleiros. Sem o camisa #84, Juju Smith-Schuster passa a ser o WR nº 1 do elenco — e ele dará conta do recado. Até que alguma aquisição seja feita, uma possibilidade é James Washington evolua em seu segundo ano na liga e seja o outro recebedor titular dos Steelers.
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Logo após oficializada a troca de Brown para Oakland, a equipe californiana deu um novo contrato ao atleta. Esse acordo tem duração de três anos, valendo US$ 50,1 milhões, sem contar os bônus e sendo US$ 30 milhões garantidos. Assim, AB terá um salário médio de US$ 16,7 milhões por temporada, o segundo mais alto entre WRs (Odell Beckham Jr., US$ 18 mi). A duração de três temporadas é interessante para ambos os lados por se tratar de um jogador de 31 anos. Os valores fazem sentido tanto pela produção do recebedor quanto pelos outros contratos assinados recentemente na NFL.
Depois de um campeonato 2018 em que o time mais perdeu do que ganhou em termos de jogadores — e o resultado disso foi visto em campo —, a reformulação dos Raiders em 2019 começa com o pé direito. Talvez ainda mais importante, Gruden continua adquirindo valor em suas transações. Brown chegou e as cinco escolhas de primeira rodada permanecem em Oakland.
Gruden manteve sua ideia de contratar veteranos. Mas fez isso com um veterano que continua no auge. Pelo preço que talvez fosse dado a um jogador “que não é mais o mesmo”.