Quando o New Orleans Saints saiu da 27ª posição geral e subiu para a 14ª após uma troca com os Packers, a expectativa era de ver Rodger Goodell chamando o nome de um quarterback, mais precisamente Lamar Jackson já que os outros bons nomes da posição já estavam fora do quadro. Isso pois especulava-se que os Saints estariam realmente focados no futuro do time uma vez que Drew Brees já tem 39 anos de idade. Lembre-se ainda que Ravens, Patriots, Chargers, entre outras equipes que também devem estar preocupadas com os próximos anos under center, tinham escolhas a serem feitas na sequência.
Contudo, New Orleans surpreendeu e recrutou o defensive end Marcus Davenport, da University of Texas at San Antonio (UTSA). Um pass rusher? Sim, um pass rusher. Mas por que os Saits fizeram isso? Ao que tudo indica, o padrão concretizado pelos Eagles no ano passado de uma rotação de linha defensiva completa e com talentos para todas as descidas foi bem recebido pelas outras franquias. Falei mais sobre isso abaixo.
Desta maneira, o New Orleans Saints se envolveu em seis trocas para cima em primeiras rodadas desde 2006, sob a gestão do GM Mickey Loomis. Nesta última transação, então, a franquia saiu ganhando? Marcus Davenport é realmente um bom jogador? Como deve ser analisada esta troca? Abaixo para “facilitar” sua análise, leitor, seguem prós e contras da troca que colocou os Saints em posição de draftar Davenport!
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Prós
Você conhece Marcus Davenport?
Marcus Davenport é um monstro! Enquanto na UTSA, ele disputou 43 partidas, totalizando 185 tackles, sendo 37,5 para perda de jardas, além de 21,5 sacks. A maioria dos especialistas o consideram o melhor DE da história da universidade e, de fato, não existem muitas razões para não dar esse status a ele.
O que mais chama a atenção em Davenport é a estatura (1,98m e 120kg). O camisa #93 é o protótipo do defensive end tradicional, comuns na NFL nas décadas de 1970, 1980 e principalmente 1990. Portanto, não se deve comparar o estilo do pass rusher Marcus Davenport ao pass rusher Von Miller, Khalil Mack, ou nomes no tipo. Ele é um defensor do estilo J. J. Watt, Reggie White, Bruce Smith – se é que vocês me entendem. A capacidade de domínio que Marcus Davenport tem sobre seus bloqueadores em um dos lados da linha raramente está presente nos prospectos universitários da posição.
Só existe uma explicação para algum torcedor dos Saints não gostar da presença de Marcus Davenport no elenco: ele não conhece esse jogador.
Rotatividade no pass rush
Na temporada passada, os Eagles tiveram quatro jogadores com pelo menos cinco sacks e sete atletas atuando em pelo menos 40% dos snaps defensivos do time. Essa foi, de longe, a maior marca da NFL. A defesa de Philly foi sólida no ano passado, mas o ponto diferencial foi que o front seven, em especial a linha defensiva, jogava bem em praticamente todas as jogadas. Isso aconteceu porque a rotatividade dos jogadores era tão completa que quem estava em campo dava conta do recado – não foi por acaso que Philadelphia buscou Derek Barnett na 13ª escolha geral de 2017.
A ideia do New Orleans parece ser, de um modo geral, a mesma. Quando olhamos para a necessidade do elenco, não consideramos o pass rush uma grande necessidade da franquia. Porém, nesse setor, quanto mais, melhor. Portanto, agora o grupo que conta com Cameron Jordan, Alex Okafor e Sheldon Rankins como principais nomes, terá também Marcus Davenport (se todos estiverem saudáveis, é claro). Em tese, a cada jogada, pelo menos dois desses nomes estarão em campo, um de cada lado da linha defensiva. Espere ver o sistema defensivo de New Orleans mais sólido, por mais tempo, em 2018.
A bola mais tempo com o ataque
Uma defesa mais agressiva e sólida significa que, em tese, Drew Brees e o ataque dos Saints participará mais tempo dos jogos, além de ter a defesa oponente mais cansada no decorrer dos confrontos. E este é o segredo do time de Sean Payton na era Brees: a defesa passa a executar boas jogadas e o sistema ofensivo conclui os jogos. As expectativas são altas para mais um ano de Brees, Ingram, Kamara e Thomas juntos. Estou falando de um ataque que teve pelo menos 28 pontos por partida em média nas duas últimas temporadas. Portanto, deixemos que eles estejam em ação pelo maior tempo possível.
Contras
Preço pago pela troca
Para subir 13 colocações e chegar até a 14ª escolha geral, o New Orleans Saints teve que ceder ao Green Bay Packers, além da escolha de primeira rodada deste ano (27ª geral), uma pick de quinta rodada de 2018 (147ª) e outra de primeira rodada de 2019. Ou seja, foram três escolhas para um time que já não tinha seleção no segundo round deste ano, incluindo duas de primeira rodada.
De fato, a escolha de primeira rodada dos Saints em 2019 pode (e, pelo que foi visto no ano passado, deve) ser na parte de baixo do round, o que diminui consideravelmente seu valor. De qualquer maneira, existe a possibilidade de uma zebra, fato que aumentaria a relevância dessa pick. Portanto, até que se confirme a campanha de New Orleans em 2018, deve ser considerado que a equipe envolveu duas escolhas de primeira rodada nesta troca – e isso é muito.
8 ou 80
Davenport foi considerado por muitos analistas como um jogador “boom-or-bust”, o que no português informal seria o chamado “8 ou 80”. Esse termo deve ser usado para os prospectos talentosos e com potencial para marcarem época na NFL, porém com um grau considerável de ser tornar um fracasso; é um grande risco. Na liga, isso costuma acontecer para com atletas que brilham em universidades fora do Power 5, ou seja, fora do eixo das principais conferências dos Estados Unidos.
Marcus Davenport escreveu seu nome na história da UTSA, que pertence à Conferência USA. Apesar de não estar entre as mais limitadas conferências do college football, a USA também não permeia o grupo das principais da atualidade (SEC, Big Ten, ACC, etc.). Além disso, ele tem o tamanho e estatura dos antigos defensive ends da liga, algo que pode fazê-lo ainda mais dominante porém, em contrapartida, pode limitar seu jogo em alguns casos. Há quem diga que Davenport não acabará sendo um daqueles titulares acima da média de um elenco. Ou seu nível será de Pro Bowl (na pior das hipóteses), ou ele estará fora do radar das franquias em breve. Os Saints correm esse risco.
Como você avalia o Draft 2018 do New Orleans Saints em geral? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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