A principal notícia do domingo que marcou a semana 13 da NFL foi a demissão de Mike McCarthy pelo Green Bay Packers. Depois de 13 temporadas no comando da franquia, McCarthy foi mandado embora após mais uma derrota. Na rodada, os Packers foram derrotados pelo Arizona Cardinals no Lambeau Field por 20-17. Foi mais um revés decepcionante – e atípico – para Green Bay que agora, com campanha 4-7-1, “respira por aparelhos” na briga pelos playoffs.
Realisticamente falando, sabemos que o Green Bay Packers não vai à pós-temporada em 2018. A franquia, incluindo diretoria, comissão técnia e jogadores, sabe disso. E a comprovação foi a demissão de Mike McCarthy mesmo antes do fim do campeonato. Não é de hoje que o head coach estava pressionado. A diferença é que agora ele de fato “perdeu seus jogadores” dentro de campo.
Desta maneira, os próximos meses do Green Bay Packers ganharam um novo objetivo: definir quem será o substituto de McCarthy. E mais: todo cuidado é pouco na procura por um novo treinador principal.
A falha ideologia recente dos Packers
As últimas temporadas dos cabeças de queijo ficaram marcadas por uma ideologia defasada. Afinal, fora das quatro linhas, a diretoria da equipe não costuma contratar grandes jogadores na free agency para suprir necessidades do elenco. No draft, o fato das principais decisões do Green Bay Packers “baterem na mesma tecla” ano após ano visando solucionar um problema pode ser questionado também. De fato, por razões lógicas, alguma hora funciona e, com isso, um ou outro sólido titular é encontrado. Mas não tenha dúvida que um trabalho melhor poderia ser feito.
Outro erro, agora ao lado do falho sistema de Mike McCarthy, faz Aaron Rodgers ter em seu ataque as peças e funcionamento que quer. Não as que ele realmente precisa, digamos assim. Entenda: nem sempre qualidade é sinônimo de sucesso na NFL. Ainda mais se tratando de recebedores e corredores em torno de um dos melhores quarterbacks de todos os tempos.
É preciso que haja organização dentro das quatro linhas. As leituras de Rodgers devem ser sensatas, para todos os lados do campo, para todos os alvos. Esses alvos, aliás, precisam ser racionalmente escolhidos em cada jogada e encarregados de rotas apropriadas. Isso dá continuidade a um sistema ofensivo no futebol americano. Jogadas do tipo “rotas longas para todos os recebedores, deixando o running back de lado”, as quais ficam à merce de uma brilhante jogada do QB, são comuns nos minutos de desespero dos confrontos. Não na maioria do plano de jogo, como estava acontecendo com os Packers nesta temporada.
Ah, e correr com a bola constantemente, em especial se seu running back titular estiver com boas atuações, é importante.
Encontre o nome certo para Aaron Rodgers
Aaron Rodgers precisa de um sistema ideal, o qual não necessariamente estará rodeado pelos nomes mais talentosos da liga. “Mimar” Rodgers com um sistema ofensivo viciado e sólidos recebedores, de nada adianta. É preciso muito mais que isso para ter sucesso na NFL atualmente.
Veja Jimmy Graham, o tight end talvez esteja na pior temporada de sua carreira, estatisticamente falando. Está evidente que o Green Bay Packers não soube encaixar Graham no plano de jogo, o que é inadmissível para um alvo que marcou dez touchdowns em 2017 e assinou um contrato com valor total de US$ 30 milhões na offseason. Detalhe: ele estava nos Seahawks, um time com QB inferior aos Packers e que não tem um técnico de mentalidade ofensiva.
Assim sendo, a primeira ideia para contratar o novo head coach da franquia é buscar alguém que seja o melhor para Aaron Rodgers. Em hipótese alguma, um amigo para o camisa #12. O novo treinador dos Packers deverá ser alguém que (re)ensine Rodgers que improvisar é bom quando necessário; não na maioria das campanhas. E que repetidas jogadas de pequeno e/ou médio ganho abrem espaço para big plays; não tentar passes espetaculares a todo momento.
Tamanha desorganização ofensiva de Green Bay neste momento apaga o talento individual dos principais jogadores da equipe. E McCarthy não era o único que tinha culpa nesse contexto. Ele era talvez o maior encarregado de mudar tudo isso – e falhou. Seu sucessor, portanto, precisará “organizar a casa” acima de qualquer coisa. Este é o primeiro passo para que uma era fantástica do time não seja dada como perdida. Seria algo trágico pelo talento e capacidade em torno da situação.
A culpa maior era de McCarthy, mas não só dele
A verdade é que Aaron Rodgers atravessa hoje o pior momento de sua carreira. Ele não é santo nessa situação, pelo contrário. Rodgers se mostrou neste ano um QB teimoso e indisciplinado para a elaboração de um sistema ofensivo ao seu redor. Verdade seja dita, o grupo de recebedores em geral teve rendimento abaixo da média. Contudo, Aaron Rodgers tem culpa no mau momento dos Packers. A diferença para o quarterback é que ele terá a chance de mostrar que ainda pode recolocar Green Bay na elite da NFL.
Vale destacar ainda que a defesa do Green Bay Packers, por mais sólidos que os pass rushers têm sido, ainda tem falhas. Os dois últimos níveis do setor, por exemplo, estão atuando abaixo da capacidade. Ainda, os erros de Mason Crosby vêm atrapalhando consideravelmente, bem como as lesões no elenco. Todos esses são problemas que o substituto de Mike McCarthy terá que encontrar soluções.
A vantagem de ter um Aaron Rodgers under center é que a defesa não precisa ser uma das melhores da NFL para tornar a franquia realmente competitiva. Tampouco o jogo corrido ou o grupo de recebedores, os quais provavelmente melhorarão ao lado de um futuro hall of famer. Por isso, tanto se fala no relacionamento do novo head coach com Rodgers. Esse é o caminho principal para o Green Bay Packers retornar aos melhores dias.
McCarthy perdeu o vestiário e não tinha mais seus jogadores “jogando por ele”, a começar pelo quarterback. Foi a decisão correta demitir o treinador, afinal um time com um quarterback de exímio talento não pode ficar fora dos playoffs dois anos seguidos. Ainda mais protagonizando pífias atuações semana após semana.
Os Packers agora buscam acertar na contratação do novo head coach do time. Acertar nesse caso significa resgatar o espírito competitivo de um dos maiores times de futebol americano da história. Para isso, é hora de buscar coerência nas chamadas de jogadas, balancear o jogo corrido, auxiliar os recebedores, encaixar a secundária… E, claro, falar para o seu quarterback não aquilo que ele quer, mas sim aquilo que ele precisa ouvir.