Em algum momento, você já deve ter ouvido falar no termo salary cap (em português, teto salarial). Afinal, se você é fã de futebol americano e acompanha a NFL regularmente, é quase impossível nunca ter visto algo sobre este assunto. Especialmente se você também é um apaixonado por Madden e tem costume de jogar o “Franchise Mode”, já deve ter encontrado algumas dificuldades para ajeitar o salary cap da sua franquia.
Ao término de toda a temporada da National Football League, é sempre a mesma história: os proprietários das franquias começam a se “preocupar” com as renovações que devem ser feitas, os bônus que serão assinados e quais jogadores não têm mais o custo-benefício compensatório. E isso só acontece pois os donos das equipes têm um limite a ser gasto anualmente.
Teto salarial, como o próprio nome indica, é o limite que cada franquia da NFL tem para usar/gastar a cada temporada com os salários de seus jogadores. De uma maneira geral, a ideia do salary cap abrange tanto o lado dos jogadores quanto o lado da liga. No primeiro caso, a combinação desse limite salarial com o mínimo a ser pago por cada jogador, garante que até mesmo o pior e menos badalado jogador de um time tenha um salário decente, e que todo o montante disponível se concentre apenas entre os titulares, por exemplo. No segundo momento, o teto salarial ajuda principalmente no equilíbrio entre as franquias, uma vez que evita que um time monopolize uma enorme quantidade de estrelas (considerando que essas tenham salário alto, é claro) e outro tenha que surgir “com novas promessas” – se você é fã de futebol (da bola redonda), sabe do que estou falando.
Buscando um exemplo para ilustrar tudo isso
Gosto sempre de usar o caso do Denver Broncos da temporada de 2015. Naquela campanha, os Broncos conquistaram o Super Bowl 50, apresentando muitos talentos individuais ofensiva e, em especial, defensivamente. Vamos lá: o setor defensivo daquele time contava com Von Miller, Malik Jackson, DeMarcus Ware, Brandon Marshall, Danny Trevathan, Aqib Talib, Chris Harris, T. J. Ward, e uma série de outros nomes importantes. Na offseason seguinte à conquista, Denver se deparou com os últimos anos de contrato de Miller, Jackson, Marshall e Trevathan. Se não houvesse um teto salarial, a milionária franquia poderia oferecer salários absurdos aos quatro nomes, fato que combinado com a empolgação após uma conquista, manteria todos eles no elenco possivelmente. Mas não foi isso que aconteceu.
Os Broncos tiveram que concentrar suas maiores atenções em apenas dois nomes. Os escolhidos foram Von Miller, óbvio, e Brandon Marshall, e ambos estão na franquia até hoje. Já Malik Jackson, um dos destaques daquele Super Bowl, recebeu um grande contrato do Jacksonville Jaguars e em apenas um ano se tornou peça importante da defesa do time, a qual surpreendeu positivamente na temporada passada. Danny Trevathan, por sua vez, foi para o Chicago Bears, onde já é uma das bases do front seven da equipe.
Situações como essa citada dos Broncos acontecem a todo ano na National Footballl League, e com todas as franquias. Por conta disso, o Draft fica ainda mais importante, uma vez que os jogadores recém-recrutados, especialmente os que não forem de primeira rodada, não terão enormes contratos iniciais. Alguns anos mais tarde, quando esses atletas já tiverem certo destaque na liga e seus contratos estiverem terminando, a equipe em questão não conseguirá garantir todos os nomes, abrindo uma rotatividade interessante para os outros elencos do campeonato. A essência do teto salarial é exatamente essa.
Mais alguns detalhes (e como funcionam os bônus?)
O teto salarial entrou em vigor na NFL em 1994, sendo de apenas US$ 34,6 milhões. Para a temporada 2017, vale citar, esse valor já ultrapassou os US$ 168 milhões. Ele é calculado anualmente e dificilmente permanece o mesmo de um ano para o outro. Apesar dese cálculo ser extremamente complexo, de um modo geral, ele é feito através da média dos 51 salários mais caros de uma franquia na offseason (incluindo bônus, incentivos e qualquer coisa do tipo).
Vale ressaltar ainda que, assim como existe um limite para cima, existe um para baixo. As regras da NFL exigem que cada franquia use pelo menos 89% do valor total do salary cap. Assim sendo, para 2017, cada equipe deve gastar aproximadamente pelo menos 149 milhões de dólares.
Outro fator que merece ser destacado em relação ao salary cap são os bônus. Ao contrário do que possa parecer, os bônus por assinatura de um novo contrato não impactam apenas em uma temporada da folha salarial da franquia; ele é distribuído igualmente pela quantidade de anos de duração desse novo acordo. Nos casos de extensão contratual, caso haja bônus, esse é dividido não apenas pelos anos extendidos, mas também por aqueles do contrato que já estava em vigor.
A NFL é equilibrada, e isso não aconteceria se não fosse o teto salarial
Se eu dissesse para você fazer uma lista rápida dos cinco principais times da NFL na última década, não seria uma tarefa tão difícil. New England Partiots, Indianapolis Colts, New York Giants, Denver Broncos e Green Bay Packers, certo? Você pode até não concordar com uma ou outra equipe dessa lista, mas dificilmente colocará algum nome que não tenha passado pela minha mente aqui (ou de quem tentou isso). O que estou querendo dizer é que os principais times da National Football League são claros, e esses são normalmente marcados por um grande quarterback, diga-se de passagem. Todavia, em termos de título, essa maioridade não significa tanta coisa.
Dos últimos dez times que venceram o Super Bowl, apenas dois foram repetidos (New York Giants, com uma das maiores zebras de todos os tempos, e New England Patriots). Neste período, 13 franquias diferentes apareceram na decisão. E isso inclui o surpreendente Baltimore Ravens, o Carolina Panthers, o Atlanta Falcons…
Em uma liga que claramente sabemos quais são os melhores times, dar uma boa chance para os piores de terem grandes jogadores no elenco é algo interessante, mesmo que talvez implique em apenas uma grande surpresa por temporada. Você pode até odiar o teto salarial por já ter tirado jogadores importantes de seu time do coração (é pior ainda quando é um nome de tradição, um “medalhão”), mas não há como negar que a NFL precisa – e muito – desse limite. A temporada 2017 promete; e você arrisca apontar qual equipe será a surpresa da vez?
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