Modelo, diversidade e talento. Essas têm sido as três palavras chave para a construção de uma defesa de elite na NFL na atualidade. O entendimento desses três conceitos vem sendo determinante para equipes que tiveram sistemas defensivos ruins em um ano consigam se recuperar nesse sentido o mais rápido possível, especialmente se o setor mais vulnerável for o front seven.
A ideia de talento é a mais simples: agrupar talentos individuais em campo significa ter mais qualidade no setor. Em outras palavras, aumenta a possibilidade de um jogador sobressair e executar uma grande jogada. Diversidade, neste caso, atravessa o sentido de que não existe somente uma receita para uma defesa de elite. São diversos os tipos de sistema defensivos competitivos. Por exemplo, os Steelers de 2008 eram diferentes dos Seahawks de 2013, que eram diferentes dos Broncos de 2015, que eram diferentes dos Eagles do ano passado. Havia uma considerável diversidade na ideologia de cada uma dessas defesas.
Por fim, a definição mais básica, “preguiçosa” e, em tese, fácil, que é a de modelo. Nem sempre seu time precisa surgir com um sistema defensivo próprio e inovador. Em várias situações, é mais fácil seguir uma tendência do momento, a qual está dando certo. Por que você acha que os running backs ficaram ainda mais valorizados no Draft 2018 e um processo inverso aconteceu com os wide receivers? Apenas veja o rendimento dos jogadores dessas posições nas últimas quatro temporadas e compare com as posições que eles foram chamados. Não compensava. O estilo da NFL atualmente indica que não é ruim ter o sistema do adversário como modelo.
É com isso em mente que destaco – novamente – o sistema defensivo do Philadelphia Eagles da temporada passada, chamando a atenção para a referência que ela pode estar sendo para outros times da NFL em 2018. E com razão.
A defesa dos Eagles de 2017
O Pittsburgh Steelers da temporada 2008 impressionava no equilíbrio e agressividade em todos os três níveis da defesa. O Seattle Seahawks de 2013 tinha uma secundária anormal. O Denver Broncos, dois anos mais tarde, chamou a atenção pela forma como pressionava os quarterbacks adversários. Essas foram, em geral, as grandes características das três melhores defesas da liga na última década possivelmente. E qual a peculiaridade especial de Philly na temporada passada? Os Eagles se destacaram pela rotatividade do front seven, principalmente da linha defensiva.
Não é uma simples e descartável estatística os números que mostram que quatro jogadores do Philadelphia Eagles tiveram pelo menos cinco sacks na temporada passada e sete totalizaram ao menos dois. Vinny Curry, Tim Jerningan, Fletcher Cox, Brandon Graham, Derek Barnett, Chris Long, Mychal Kendricks, Dannell Ellerbe, Nigel Bradham, Beau Allen, e ainda com Jordan Hicks lesionado, esses foram os protagonistas do front seven dos Eagles na temporada passada. São vários nomes de qualidade, não é mesmo?
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Ter tantos nomes sólidos para a linha defensiva/grupo de linebackers indica que em praticamente todos os snaps da partida a linha ofensiva adversária terá trabalho, tanto em jogadas aéreas quanto terrestres. E os números mostram exatamente isso: Philly terminou 2017 com a melhor defesa contra o jogo corrido, cedendo em média 79,2 jardas por tentativa, e viu seus oponentes correrem somente 337 vezes ao longo do campeonato (a média da liga de tentativas por time no ano foi de 429,7). Além disso, o Philadelphia Eagles foi a única equipe da NFL em 2017 a pressionar o QB adversário em no mínimo 40% das jogadas aéreas tentadas. E mais: Philly fechou o campanha de 2017 com 41 pressões a mais que o segundo colocado nesse quesito.
Diga-se de passagem, para que não haja nenhuma injustiça aqui, não pense que só o front seven comandado por Doug Pederson brilhou no ano passado; era preciso mais que isso para alcançar o que os Eagles conseguiram. Enquanto o grupo de frente do sistema defensivo de Philadelphia agia como uma “parede” e, ao mesmo tempo, dava pesadelos aos outros quarterbacks, a secundária da equipe era repleta de playmakers: ao todo (contando playoffs), o setor interceptou 21 passes.
Eles também querem boa rotatividade no front seven
Então o estilo do sistema defensivo do Philadelphi Eagles aumentou a lista de diversidades de esquemas de defesas sólidas atualmente, rendeu movimentações de talentos individuais, e agora pode estar funcionando como modelo para alguns times. Após meses da abertura da free agency e conclusão do Draft 2018, é possível perceber equipes tentando repetir o caminho de Philly: defensive tackles, defensive ends e linebackers estão sendo solicitados em larga escala, até mesmo por elencos que não têm grandes necessidades nessas posições.
O New Orleans Saints arriscou ao ir atrás de Marcus Davenport neste Draft, mas estou certo de que a ideia de buscar o defensive end passa pelo fato de ter quatro edge rushers sólidos neste momento. O front seven dos Saints ainda é limitado (principalmente nos LBs), porém ter Davenport, Cameron Jordan, Sheldon Rankins e Alex Okafor, sendo que, em tese, só dois estarão em campo por snap, é muito interessante.
Um outro exemplo de quantidade, mesmo que mais discretamente em termos de qualidade, é o Cincinnati Bengals. Estou falando de um time que já contava com Geno Atkins, Michael Johnson, Carlos Dunlap e Carl Lawson ao término da última temporada, mas que ainda assim assinou com Chris Baker na free agency, e recrutou Sam Hubbard, Andrew Brown e Malik Jefferson para complementar o front seven. Ademais, Cincy adquiriu o edge rusher Ja´von Rolland-Jones após o draft – Rolland-Jones estava entre os principais UDFA (prospectos não draftados) deste ano. Lembrando que Preston Brown (um dos líderes de tackles da temporada passada) também faz parte do elenco dos Bengals agora.
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Ao recrutar Bradley Chubb, por mais que os Broncos não tivessem como foco principal a rotatividade da linha defensiva e sim o talento individual do prospecto, perceba que o time agora pode terminar 2018 com três ótimos pass rushers, se Shane Ray, enfim, corresponder às expectativas. E por que não colocar o Minnesota Vikings nesta lista? A chegada de Sheldon Richardson na offseason fará uma linha defensiva que já era sólida ficar ainda melhor e mais completa.
Não é que o Philadelphia Eagles introduziu o estilo “vários ótimos jogadores na rotatividade do front seven à NFL”. Acontece que essa ideia, que não vinha alcançando tanto sucesso nos últimos anos, foi coroada com um Vince Lombardi Trophy na temporada passada, para um time que atuou sem o quarterback titular e como zebra em todos os confrontos dos playoffs.
Há quem diga que a única forma de “parar” um grande QB é pressionando-o, direta (pelos pass rushers, blitz, etc.) e indiretamente (anulando seu jogo corrido, por exemplo). Na última pós-temporada, Philadelphia derrotou Matt Ryan, Case Keenum (que estava sendo brilhante naquele momento) e Tom Brady. Como não querer a “receita desse bolo”?
Qual é a melhor linha defensiva da NFL na atualidade? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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