Entre as tarefas mais difíceis na carreira de um general manager está a de encontrar franchise quarterbacks. E o que seria este franchise quarterback? Em outras palavras, é o quarterback da franquia, aquele jogador que, além de talento, força no braço e precisão, deve ter outro atributo que o diferencia dos demais: a liderança.
Um quarterback da franquia, de modo geral, pode ser visto pela liderança e postura que apresenta dentro de campo para com seu time e companheiros. Não basta apenas ser muito bom, é preciso ser uma referência na franquia, com a perspectiva que este vínculo (jogador-equipe) perdura por muito tempo.
E quando o general manager vai atrás ou “define” quem será seu franchise quarterback, ele desperta uma esperança a todos ligados à franquia, indo desde os próprios jogadores até os torcedores. Esperança essa que, apesar de ampla e subjetiva em muitos casos, acaba sendo resumida em um ponto em comum: vencer um Super Bowl.
Na atual temporada da NFL, cinco quarterbacks – e que são ou já foram chamados de um para a franquia – possuem “algo em comum”. Alex Smith, Tony Romo, Philip Rivers, Jay Cutler e Carson Palmer. Todos eles, com exceção de Romo, foram escolhidos em primeira rodada de Draft. Além disso, estão na liga há pelo menos dez temporadas e apesar do talento que têm, nunca realmente estiveram próximos de vencer um Super Bowl. E pior, em muitos desses casos, a capacidade de determinado quarterback de realmente manter seu time entre os melhores da liga pode ser questionada.
Fatalmente, “qualquer” quarterback se colocado em um grande time, como o dos Steelers na década de 70, dos Bears em 1985, ou dos Ravens de 2000, por exemplo, tem enormes chances de ser campeão. Todavia, este não é enfoque aqui. Neste caso, analisei aqueles cinco quarterbacks tendo em mente a seguinte pergunta: ele é capaz de vencer um Super Bowl sendo ele mesmo o grande protagonista nesta caminhada? Em outras palavras, tenha isto em mente: “Todo time pode vencer um Super Bowl com qualquer quarterback, mas a questão aqui é se esse time pode ser campeão por causa desse quarterback.”
Sem maiores enrolações, vamos ao que interessa!
Alex Smith, Kansas City Chiefs (1ª escolha geral de 2005)
Máximo que já disputou em uma temporada: final de conferência (2011).
É capaz de vencer um Super Bowl como grande protagonista? Não.
Por que? Ao contrário do que muitos pensavam quando o San Francisco 49ers escolheu Alex Smith em 2005, o quarterback mostrou que não era um exímio passador na NFL. De fato, Smith tem boa mobilidade, sabe ler as defesas adversárias, é inteligente, mas peca (e muito) quando o assunto é única e exclusivamente lançar a bola. Desde 2014, entre os quarterbacks que foram titulares em mais de 70% dos jogos, Alex Smith é o pior em termos de aproveitamento em passes longos (de pelo menos 15 jardas). Além disso, nessas mesmas circunstâncias, ele tem a menor média de jardas por tentativa da liga. Isto também significa que, apesar de preparado mentalmente falando, Smith não se mostra capaz de “colocar um jogo nas costas” e vencer passando a bola.
Philip Rivers, San Diego Chargers (4ª escolha geral de 2004)
Máximo que já disputou em uma temporada: final de conferência (2007).
É capaz de vencer um Super Bowl como grande protagonista? Sim.
Por que? Existe uma grande diferença entre ter Alex Smith e Philip Rivers como seu quarterback titular. Ao contrário de Smith, Rivers, em diversas ocasiões, chamou a responsabilidade para si e resolveu um jogo. Philip Rivers, queiram ou não, não está no nível dos bons quarterbacks, ele está bem acima disso. Desde quando se firmou como titular dos Chargers em 2006, San Diego esteve na pós-temporada em cinco das dez vezes possíveis. Ainda, em duas ocasiões dos playoffs, o San Diego Chargers, comandado por Philip Rivers, desbancou o favoritismo do Indianapolis Colts, na época ainda liderado por Peyton Manning.
LEIA TAMBÉM: 5 fatos que merecem destaque após a semana 1 do College Football
Rivers não é um quarterback perfeito, longe disso, porém já mostrou que sabe crescer – como bom passador – em momentos decisivos. Por fim, sua diferença para vários outros veteranos é que as expectativas de Super Bowl surgidas quando qualquer um deles fora selecionado na primeira rodada, na maioria dos casos ficaram apenas no papel, na teoria. Com Philip Rivers, todavia, elas de fato se tornaram concretas.
Carson Palmer, Arizona Cardinals (1ª escolha geral de 2003)
Máximo que já disputou em uma temporada: final de conferência (2015).
É capaz de vencer um Super Bowl como grande protagonista? Não.
Por que? Carson Palmer é um dos meus quarterbacks favoritos na NFL, mas a impressão que fica realmente é que os Cardinals podem vencer um Super Bowl com Carson Palmer, mas não por causa de Carson Palmer.
Em diversas passagens de usa carreira, Palmer já decepcionou: nos tempos de Cincinnati Bengals, ele não conseguiu sequer dar uma vitória nos playoffs para a franquia; com os Raiders, apesar de números decentes, foi discreto novamente. Já com o Arizona Cardinals, muita coisa mudou e ano após ano, Carson Palmer vem se mostrando cada vez melhor. Contudo, assim como em 2015, nos grandes momentos, nas horas mais importantes, contra os adversários mais complicados, Palmer não parece ser o mesmo. Foi assim contra Packers e Panthers no ano passado. Foi assim contra os Jets em 2009.
Fatalmente, Carson Palmer já sofreu com muitas lesões, e essas o atrapalharam diversas temporadas que deveriam ter sido brilhantes. Contudo, no fim das contas, dentro ou fora de campo, nada nos leva a crer que Carson Palmer pode ser o cara em uma conquista de Super Bowl.
Jay Cutler, Chicago Bears (11ª escolha geral)
Máximo que já disputou em uma temporada: final de conferência (2010).
É capaz de vencer um Super Bowl como grande protagonista? Não.
Por que? Poucos quarterbacks na NFL têm um braço tão potente quanto o de Jay Cutler, isso é fato. Todavia, o atual quarterback do Chicago Bears simplesmente não se mostrou como aquele que imaginávamos. Cutler teve uma carreira muito boa no College Football (Vanderbilt), porém, tanto seus tempos com os Broncos quanto com os Bears, sempre terminaram em decepções. Ele nunca apresentou devida instabilidade necessária para um grande quarterback na liga – e as contantes lesões, aliás, têm grande parte nisso. Jay Cutler já teve bons times em mãos, mas nunca conseguiu vingar com eles. Além do mais, os erros nos momentos mais importantes não nos levam a outro caminho a não ser desacreditar em Cutler.
Tony Romo, Dallas Cowboys (2003, não draftado)
Máximo que já disputou em uma temporada: rodada divisional dos playoffs (2007, 2009 e 2014).
É capaz de vencer um Super Bowl como grande protagonista? Sim.
Por que? Como dito anteriormente, Tony Romo é o único dos quarterbacks desta lista que não fora selecionado em primeira rodada, todavia, seu comportamento dentro de campo e como ele é visto pelo Dallas Cowboys fazem como se ele tivesse sido.
Desde 2006, nenhum quarterback da NFL tem um rating tão alto no último quarto quanto Tony Romo. De fato, Romo já teve problemas que vão muito além de suas lesões: passes errados, interceptações, más leituras, e tudo isso em momentos que não poderiam ter acontecido. Entretanto, campanhas como aquela que ele liderou os Cowboys em 2014, quando a defesa de Dallas não era tão sólida e o ataque, por melhor que fosse, precisava de um bom líder, mostram que Romo não é um quarterback qualquer. Para se vencer um Super Bowl, é preciso elevar o nível de quem está a sua volta, superar os problemas defensivos e ter boa produção ofensiva, fatores que, por mais que não sejam constantes em sua carreira, já foram mostrados por Tony Romo.
Siga-nos no Twitter @ShotgunFA
Curta no facebook.com/shotgunfootball