Há algumas semanas, ouvindo aos rotineiros podcasts sobre esportes americanos – o da vez era “The Herd”, com Colin Cowherd –, ouvi algo que me chamou atenção. Na ocasião, Cowherd dividiu alguns dos quarterbacks da NFL em níveis, e as prateleiras criadas por ele foram bastante interessantes, assim como seus argumentos. Desde então, enquanto estou assistindo às partidas da liga, automaticamente faço o “julgamento” do QB que está em cena e em qual nível ele deveria estar.
Assim sendo, decidi criar minhas próprias prateleiras de quarterback da National Football League, com diferenças, é claro: neste caso, elaborei seis classificações diferentes para os QBs e garanti que todas as separações da lista fossem devidamente explicadas. Mas ranquear quarterbacks não é fácil e costuma gerar muitas discussões e debates a respeito do assunto. Justamente por isso, algumas considerações prévias precisam ser feitas:
1) Ao invés de qualificar 32 QBs, você perceberá que a lista conta com 37 nomes. Isso porque optei por incluir todos os titulares das franquias e os QBs que são starters com certa frequência. Desta maneira, os cinco “intrusos” desta listagem são Jay Cutler (porque Ryan Tannehill está lesionado mas também apareceu aqui), Kevin Hogan (os Browns vêm alternando com ele ou DeShone Kizer como titular), Sam Bradford e Case Keenum (Teddy Bridgewater ainda se recupera de lesão), e C. J. Beathard (que recentemente assumiu a titularidade no lugar de Brian Hoyer);
2) Em cada nível, coloquei os nomes dos quarterbacks em ordem decrescente. Portanto, esteja atento ao interpretar os níveis porque o último nome do nível 2, por exemplo, está quase no nível 3, assim como o primeiro do 3 não está tão distante de 2. Em outras palavras, a ordem dos QBs em cada nível DEVE ser levada em consideração;
3) Nos julgamentos de cada quarterback, levei em conta o que o QB já fez e especialmente o talento e capacidade demonstrados por ele durante seu auge na liga. Portanto, se algum nome está lesionado, isso não influenciou diretamente na separação; e Andrew Luck acima de Drew Brees não significa que Luck está melhor que Brees neste momento (até porque isso não é verdade), mas sim que isso aconteceria no melhor momento da carreira de cada um deles;
4) Esteja sempre atento aos argumentos e explicações para cada quarterback em seus respectivos níveis, isso é crucial em uma análise como essa.
Here we go!
Nível 6 – Ainda não temos a certeza se são titulares de fato
DeShone Kizer;
Brian Hoyer;
Josh McCown;
Case Keenum;
Kevin Hogan;
C. J. Beathard.*
De certa forma, é injusto colocar Kizer no mesmo patamar que McCown, Hoyer, Keenum e até mesmo Hogan – o calouro teve pouquíssimas oportunidades de mostrar seu talento profissional. Todavia, incertezas quanto ao jogo de DeShone Kizer já existiam logo após os Browns terem escolhido-o na 2ª rodada do Draft 2017, e devemos concordar que ele não impressionou nas oportunidades que teve. Portanto, tenha em mente que, enquanto os demais nomes da lista não aparentam ter espaço para subir de patamar, Kizer ainda tem plenas condições de conseguir isso. Como falado, ele está apenas em seu primeiro ano na NFL.
*Teve apenas um jogo como titular na NFL na carreira.
Nível 5 – São titulares, iludem às vezes, mas não devem conquistar um anél (e nem passar perto disso)
Alex Smith;
Andy Dalton;
Ryan Tannehill;
Sam Bradford;
Trevor Siemian;
Tyrod Taylor;
Blake Bortles;
Jay Cutler.
Não tenho dúvidas que Smith, Dalton, Tannehill, Bradford, Siemian, Taylor e Cutler têm pelo menos um atributo para serem titulares na National Football League. Entretanto, a cada ano que passa fico com a certeza que não veremos algum deles levantando o Troféu Vince Lombardi.
Por eliminação: Cutler deve se aposentar pela segunda vez em breve; Bortles “insiste” em manter sua carreira como uma montanha-russa, ninguém nunca sabe o que esperar dele; Taylor parece fazer o suficiente para empolgar os torcedores em Buffalo, mas sempre um passo atrás de maiores ambições; Siemian ainda não me convenceu nem que merece ser o titular absoluto deste Broncos; Bradford vem acumulando boas performances, porém já vimos esse filme (e seu final, é claro) várias outras vezes; Tannehill, ao que tudo indica, já chegou ao seu limite profissional – e o mesmo pode ser dito para Dalton; por fim, continuo com um pé atrás com Alex Smith. Muitas pessoas talvez discordem disso pelo que ele tem feito nos Chiefs em 2017, mas não se esqueça que a temporada da NFL é muito longa e do passado do camisa #11 na liga.
Nível 4 – No caminho certo para algum dos níveis acima
Carson Wentz;
Dak Prescott;
Marcus Mariota;
Jameis Winston;
Jared Goff;
Deshaun Watson;
Mitchell Trubisky;
Teddy Bridgewater.
Tive que pensar muito para não colocar Wentz, Prescott, Mariota e Winston no Nível 3. Acabei sendo racional demais e, pela experiência, mantive os quatro no topo deste nível – mas saiba que é questão de (pouco) tempo até eles subirem de patamar. Para os demais nomes, são quatro situações diferentes. Goff finalmente vem demonstrando o talento de uma 1ª escolha geral a aparenta ter espaço para seguir evoluindo. Bridgewater vinha em ótima sequência até sofrer a grave lesão (por isso está listado em último) – estou considerando que ele mantenha o bom nível. Watson tem apenas cinco partidas oficiais de NFL na carreira mas, pelo que podemos ver até agora, tem um futuro interessante pela frente. Finalmente, Trubisky: entendo que ainda não vimos muito de Trubisky para cravar que ele chegará nos níveis de elite. Entretanto, o fato de ele estar aqui se justifica pelo seu talento visto no college football e as grandes expectativas para ele no nível profissional. Não seria certo, de forma alguma, colocá-lo em qualquer uma das definições abaixo.
Nível 3 – Precisam de muita ajuda, mas ainda podem “carregar seu time nas costas”
Derek Carr**;
Russell Wilson;
Matt Ryan;
Cam Newton;
Eli Manning;
Matthew Stafford;
Philip Rivers;
Joe Flacco;
Kirk Cousins;
Carson Palmer.
Você certamente já viu grandes performances protagonizadas por todos os quarterbacks que fazem parte deste Nível 3, sendo que muitas delas até aconteceram em pós-temporada – não é à toa que todos os nomes desta lista já tiveram ótimas atuações nos playoffs, cinco disputaram ao menos um Super Bowl (e três venceram). Mais que titulares em suas respectivas franquias, Carr, Wilson, Ryan, Newton, Manning, Stafford, Flacco, Rivers, Cousins e Palmer, ao contrário dos QBs que aparecem no Nível 5 (considere que o Nível 4 considere os jogadores mais jovens), têm plenas condições (talento, liderança, poder de decisão) de vencerem ou só disputarem um Super Bowl. Isso, é claro, se contarem com um grande auxílio dos seus elencos.
Por exemplo, Russell Wilson foi o líder ideal para a fantástica Legion of Boom garantir duas idas ao Super Bowl (e não se esqueça da participação de Marshawn Lynch, também); Matt Ryan foi o MVP da liga quando teve em mãos o melhor ataque e o melhor coordenador ofensivo do planeta; Cam Newton chegou ao Super Bowl 50 rodeado pela principal defesa da NFL na época (e o vencedor do prêmio de Técnico do Ano também); o anel conquistado por Joe Flacco (que foi “perfeito” naquela pós-temporada) às vezes fica ofuscado pelas presenças de lendas como Ray Lewis e Ed Reed naquele elenco dos Ravens; e Eli Manning viu, acima de tudo, sua defesa subir de patamar nos dois épicos confrontos contra os Patriots. Tudo isso ilustra bem o que estou querendo dizer sobre este nível.
Nível 2 – Precisam de um pouco de ajuda para “carregar seu time nas costas”
Drew Brees;
Ben Roethlisberger.
Não vejo maiores problemas com Drew Brees e Ben Roethlisberger neste segundo nível. Brees tem feito “mágica” pelos Saints há algumas temporadas, apesar do time apresentar elencos abaixo da média (principalmente na defesa e linha ofensiva) em vários desses anos. Além disso, o camisa #9 já venceu um Super Bowl, justamente quando New Orleans teve sua melhor defesa da era Sean Payton. No caso de Big Ben, a situação é tecnicamente a mesma. O camisa #7 tem dois anéis de Super Bowl no currículo, em duas temporadas em que a defesa dos Steelers era a melhor da liga, e algumas ótimas temporadas individuais, nas quais ele foi rodeado no ataque por Hines Ward, Le’Veon Bell, Antonio Brown, entre outros. Tudo isso deixa claro que Drew Brees e Ben Roethlisberger são capazes de liderar seus times à grandes conquistas, eles só precisam de uma pequena ajuda para isso.
**Por pouco não inclui Derek Carr na parte mais baixa deste nível. O que ele fez no ano passado ao vencer 12 dos 15 jogos que foi titular, com um elenco dos Raiders que não era grandes coisas, foi realmente impressionante – e isso de certa forma tem se repetido nesta temporada. Mas até agora foi apenas um ano neste mais alto patamar e o fato de Khalil Mack ter sido nomeado o Defensor do Ano e a linha ofensiva de Oakland apontada como uma das principais da liga na ocasião me fez pensar duas vezes. Mas saiba que isso está prestes a mudar.
Nível 1 – São capazes de “carregar seu time nas costas”
Aaron Rodgers;
Tom Brady;
Andrew Luck.
As presenças de Tom Brady e Aaron Rodgers aqui são “auto-explicativas”, afinal, estou me referindo a dois dos melhores quarterbacks de todos os tempos, os quais, quando estão em campo, fazem suas equipes terem grandes chances de derrotarem qualquer oponente. Quando eles estão ausentes, todavia, atuações e campanhas medíocres são esperadas. É simples assim.
Imagino que os maiores questionamentos quanto a este nível, se é que eles realmente existem, sejam direcionados para Andrew Luck e, se você é um daqueles que também acha que Luck não deveria estar aqui, vamos às explicações. Assim como já vimos Brady carregando os Patriots “sozinho” (o ataque de New England nem sempre teve peças, em tese, especiais) e Rodgers levando Green Bay longe apesar de uma defesa vulnerável e um ataque apenas decente, o mesmo pode ser dito para Andrew Luck em Indy.
O camisa #12 entrou para Indianapolis Colts justamente pelo fato da franquia ter sido a pior da NFL em 2011. Nos três primeiros anos de Luck por lá, foram 33 vitórias e 15 derrotas, com uma ida à final da Conferência Americana. E por favor lembre-se que aquele elenco de Indy não tinha um jogo corrido de elite, nem uma linha ofensiva e muito menos uma defesa do mais alto nível. O argumento de que aquele Colts de 2014 não estaria nos playoffs se não tivesse com Luck under center não é absurdo, e isso acontece até hoje.
Muitas pessoas podem não concordar com o líder de Indianapolis aqui por conta das lesões, já que essas vêm ofuscando todo o talento do quarterback recentemente. Entretanto, como citado no início do texto, devemos considerar todos os QBs da lista em suas melhores formas para jogar. Dito isso, definitivamente, o talento visto em Andrew Luck se encaixa nesta primeira prateleira. Afinal, longe das lesões, Luck tem plenas condições de ser o melhor quarterback da NFL.
Como seria os seus níveis/prateleiras de quarterbacks da NFL? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
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