Quem acompanha esportes regularmente, tem o costume de vez ou outra (talvez até mais que isso) se lembrar de grandes momentos da modalidade. Momentos que, por terem acontecido de uma maneira espetacular, ficaram marcados para sempre e fazem o ano de relembrá-los ser fácil e prazeroso.
No futebol americano por exemplo, relembrar de uma grande conquista, uma reviravolta emocionante ou a concretização de um sonho, são fatos que justificam porquê nós, fãs do esporte, assistimos aos jogos semanalmente. Porém, existe um lado inverso de tudo isso, e que nem sempre é lembrado.
Já parou para pensar como as coisas no futebol americano, especialmente na NFL, poderiam ser diferentes se determinado fato (que na época parecesse desimportante) tivesse acontecido de uma outra forma? O que seria da liga se Peyton Manning tivesse aceitado ir para o Draft de 1997? E que tal o fato dos Jaguars terem recrutado um punter sendo que Russell Wilson ainda estava disponível há quase cinco anos? E se Tom Brady, de fato, nunca tivessido sido draftado?
Como eu havia falado, existem determinados acontecimentos que apenas após terem realmente acontecido mostram como uma franquia cometeu um grande erro, por mais que a teoria falasse para ela não ter feito nada disso.
É com isso em mente que decidi relembrar algumas das piores decisões da história da National Football League. Julgar o quanto uma decisão foi ruim ou não é algo extremamente complexo, portanto os fatos listados abaixo não estão em ordem de importância ou coisa do tipo.
Mais uma vez ressalto que a lista abaixo não apresenta AS piores decisões que a NFL já viu, mas sim ALGUMAS das piores. Assim sendo, caso você se lembre de alguma que não esteja aqui, não deixe de citar nos comentários ou nas redes sociais. Saiba ainda que meu critério de escolha dessas decisões foi baseado no impacto que isso teve no futuro da franquia/jogador envolvido, e que procurei abranger diferentes aspectos da liga, como contratações, chamadas de treinadores, trocas, por exemplo.
Sem mais delongas, vamos aos sete fatos separados por mim. Esteja preparado para dar algumas risadas – ou quem sabe até chorar, se seu time estiver envolvido em algumas delas!
Jacksonville Jaguars decide demitir Tom Coughlin
Após a temporada de 2002, o Jacksonville Jaguars decidiu demitir o treinador Tom Coughlin, o qual estava na franquia desde sua fundação, em 1995. Neste período, o head coach levou os Jaguars aos playoffs em quatro das sete temporadas, tendo chegado à final da Conferência Americana duas vezes. Todavia, nada disso foi levado em consideração pela franquia ao optar pela demissão do técnico.
Depois disso, Coughlin assinou com o New York Giants em 2004 e foi capaz de vencer dois Super Bowls com a franquia até 2015. Paralelamente a isso, neste mesmo período, Jacksonville teve 82 vitórias e 125 derrotas, com apenas duas aparições em pós-temporada (1-2).
San Francisco 49ers (e quase todos os outros times) deixa Tom Brady passar
Tom Brady entrou no Draft 2000 da NFL com um intuito óbvio: ser draftado por alguma franquia. Contudo, para o ex-Michigan, existia certa torcida especial e esperança de que o San Francisco 49ers fosse a equipe que iria chamá-lo. Afinal, Brady era torcedor declarado dos Niners e, além disso, o time californiano buscava um quarterback naquele Draft, sendo esse de terceira rodada para baixo.
De fato, San Francisco foi atrás de um QB. A equipe recrutou Giovanni Carmazzi, que estudou na universidade de Hofstra, na 65ª escolha. Carmazzi nunca foi titular oficial em uma partida da National Football League, enquanto Tom Brady acabou de conquistar seu quinto anel de Super Bowl.
Vale ressaltar ainda que coloquei o San Francisco 49ers aqui pelo fato de Brady ter sido torcedor da equipe na época. Todavia, saiba que SEIS quarterbacks foram selecionados a frente de Tom naquele ano e nenhum deles sequer pode ser distantemente comparado ao camisa #12.
LEIA MAIS: A incrível história de Tom Brady no Draft 2000 da NFL
Jim Irsay deixa Peyton Manning ir embora
Já falei sobre isso outras vezes e inclusive escrevi disso no Shotgun (link abaixo). Cada vez mais tenho a certeza que ao deixar Peyton Manning ir embora em 2011, o Indianapolis Colts cometeu um dos maiores erros de sua história.
Você provavelmente já deve saber que isso aconteceu em decorrência de um processo de renovação que a franquia estava começando, o qual seria protagonizado pela escolha de Andrew Luck no Draft de 2012. Em outras palavras, os Colts não confiaram tanto no que Manning ainda poderia produzir e apostaram todas suas fichas em Luck.
O talento do ex-jogador de Stanford é inegável, contudo o que o veterano fez entre 2012 e 2015 coloca a decisão de Irsay em xeque. Neste período, enquanto Andrew Luck totalizou 14.838 jardas, 101 touchdowns, 35 vitórias e três idas ao Pro Bowl, Peyton Manning acumulou 17.112 jardas, 140 touchdowns, 45 triunfos, três Pro Bowls e duas idas ao Super Bowl, sendo uma delas vitoriosa.
LEIA MAIS: Peyton Manning ou Andrew Luck? A decisão de Irsay foi correta?
Seattle Seahawks e a linha de uma jarda
Poucas decisões falhas se tornaram tão marcantes quanto essa que aconteceu no Super Bowl XLIX. O contexto dela você já deve saber: os Seahawks perdiram por 28 a 24 e estavam na linha de uma jarda do campo de ataque com menos de 30 segundos para o fim da partida, sendo que Marshawn Lynch era o running back do time.
Ao invés de chamarem uma jogada corrida com Lynch (ou até mesmo com Russell Wilson), os Seahawks optaram por um passe no meio do campo, o qual acabou interceptado por Malcolm Butler e encerrou (lamentavelmente) as chances de um bicampeonato da franquia.
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Bastava um field goal para Cleveland
Cleveland Browns e Oakland Raiders disputaram uma acirrada partida nos playoffs de 1981, a qual era vencida pelo time californiano na reta final do quarto período por 14-12. Contudo, a equipe de Ohio tinha a posse da bola na linha de 13 jardas do campo de ataque e bastava um field goal para que a franquia assumisse a liderança do placar. Entretanto, o kicker dos Browns na ocasião, Don Cockroft, já tinha errado dois chutes na partida, fato que fez o head coach Sam Rutigliano tentar marcar um touchdown ao invés dos três pontos. A tentativa acabou interceptada pelos Raiders, encerrando as possibilidades de Cleveland conquistar um título e até mesmo de disputar uma final do futebol americano.
Tampa Bay não segura Steve Young
Em 1984, Steve Young foi selecionado pelos Bucs no Draft Suplemental (vindo da USFL), e sua estreia pela franquia da Flórida era algo que gerava certa expectativa. Todavia, ele acabou decepcionando seus torcedores ao lançar para apenas 3.217 jardas, 11 touchdowns e 21 interceptações nos dois anos que esteve em Tampa Bay.
Por alguma razão, o San Francisco 49ers propôs uma troca pelo quarterback, na qual os Buccaneers iriam receber uma escolha de segunda e outra de quarta rodada. A transação acabou se concretizando e desde então até 1996 os Bucs não tiveram nenhuma temporada vitoriosa, enquanto Young se tornou um Hall of Famer, tendo vencido um Super Bowl.
Drew Brees ou Daunte Culpepper? Miami achou que sabia da resposta
Na offseason 2006, o Miami Dolphins precisava de um quarterback titular. Entre os nomes mais cotados, estavam Daunte Culpepper (o qual seria trocado pelos Vikings) e Drew Brees (free agent que vinha de uma lesão no ombro direito). Assim sendo, os Dolphins optaram por dar uma escolha de segunda rodada a Minnesota pelos serviços de Culpepper, e o resultado disso foi um fracasso: o ex-Vikings foi titular em apenas quatro partidas por Miami, tendo totalizou menos de 1.000 jardas e apenas dois touchdowns.
Em contrapartida, desde então, após ter assinado com New Orleans, Drew Brees colocou seu nome no Hall da Fama, sendo o quarterback ativo com mais jardas e passes para touchdown, tendo ainda conquistado um Super Bowl com os Saints.
Os Redskins pagam muitos milhões por Albert Haynesworth
Albert Haynesworth atuou na NFL entre 2002 e 2011, tendo seu melhor desempenho na temporada de 2008, quando totalizou 41 tackles, 8,5 sacks e três fumbles forçados. Números sólidos, mas que em momento algum o que os Redskins decidiram pagar pelo jogador. Em 2009, Washingon assinou com o defensor por um salário de US$ 100 milhões com sete anos de duração.
O vínculo de Haynesworth com o Washington Redskins durou até 2010, e o atleta teve apenas 6,5 sacks em sua passagem pela franquia. Ainda marcados por lesões e problemas com substâncias ilegais, os dois anos do defensive tackle nos Redskins concretizaram um dos piores contratos já assinados na história dos esportes americanos.
Tem alguma decisão lamentável que não apareceu aqui? Mande para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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