Já vimos de tudo no esporte. Mas podemos dizer que, a menos que algo quase que se precedentes ocorra nos próximos anos, o Seattle Seahawks tenha conseguido a melhor troca desta offseason.
Melhor no sentido dos valores envolvidos, pelo menos.
Afinal, os Seahawks adquiriram Jadeveon Clowney, pass rusher antiga primeira escolha geral, em uma troca na qual mandaram para o Houston Texans uma escolha de terceira rodada (2020) e dois defensores, os linebackers/pass rushers Barkevious Mingo e Jacob Martin.
Desta maneira, os Texans não reforçam o elenco da forma como era mais esperado. Embora haja uma escolha para o próximo Draft envolvida, pode-se dizer que tanto Mingo quanto Martin não chegam para ocupar posições que Houston tem como maiores necessidades no momento.
Era esperado que o time buscasse reforços para linha ofensiva, grupo de recebedores e corredores. E não é difícil entender por que os Texans querem reforçar todos esses setores.
A linha ofensiva foi a que mais permitiu sacks na temporada passada, cedendo 62 ao longo do ano. Além disso, Houston sofreu quando Will Fuller se lesionou na reta final de 2018. É preciso um nome a mais ao lado de DeAndre Hopkins também. Por fim, desde que Lamar Miller se lesionou, surgiu a necessidade de um early-down running back.
Nada por enquanto.
A ideia central neste caso seria fortalecer um ataque que encontrou em Deshaun Watson um franchise quarterback, a fim de realmente competir para Super Bowl em um futuro próximo. Quem sabe até já nesta temporada.
Mas Mingo e Martin não resolvem nenhum desses problemas.
O grupo de linebackers dos Texans, de fato, tem espaço para evolução. Ou no mínimo para questionamentos. Como será a cobertura aérea no segundo nível da defesa? E o sistema defensivo manterá o ótimo desempenho no combate ao jogo corrido adversário por mais uma temporada?
Em 2018, os Texans cederam somente 82 jardas corridas por partida, a terceira melhor marca da NFL. Ademais, as 3,4 jardas por carregada que os oponentes conseguiram, configurou a melhor marca do campeonato dentre todas as defesas.
Clowney, sem dúvidas, era parte importante disso, já que seus 16 tackles para perda de jardas foram nº 2 do time, atrás apenas de J. J. Watt, com 18. Fora Clowney e Watt, nenhum jogador dos Texans teve mais que cinco tackles para perda de jarda ano passado.
Mingo e Martin, portanto, chegam para agregar neste front seven, que acaba de perder um dos principais jogadores. Mas apostar neles foi a opção certa para isso?
Mingo é um pass rusher que foi escolhido na primeira rodada (6ª escolha geral) de 2013, pelo Cleveland Browns. Todavia, as coisas não engrenaram para ele e, desde 2015, ele já defendeu três outros times: New England Patriots (2016), Indianapolis Colts (2017) e Seahawks (2018). Em outras palavras, os Texans precisam fazer que o defensor de 28 anos, mais que um impacto a curto prazo, seja parte pelo menos do futuro próximo da franquia.
Clowney tem 26 anos de idade.
A produção de Mingo disputou as 16 partidas em 2018 (14 como titular), porém só totalizou três tackles para perda de jardas, um sack e dois hits nos QBs adversários.
Martin, 23, por sua vez, chegou à liga em 2018, como pick de sexta rodada da universidade de Temple. Também um linebacker de origem, mas que pode atuar como pass rusher, mesmo não tendo sido titular ano passado, obteve três sacks, dois tackles para perda de jardas e oito hits em quarterbacks.
Como dito, já vimos de tudo no esporte. Mas os Texans agora parecem estar apostando demais na imprevisibilidade do futebol americano.
Clowney é um de quatro jogadores a totalizar 18/+ sacks, 35/+ tackles para perda de jardas e 40/+ QB hits desde 2017.
Ele agora deixa os Texans em uma troca que renderá a equipe que o recrutou como primeira escolha geral há cinco anos um veterano na média da liga e um jovem que foi uma (pequena) grata surpresa nos Seahawks como calouro.
Hoje, a grande aposta de Houston nesta transação é que Martin, 186ª escolha geral de 2018, vingue como um defensor de alto nível.
Claro, ainda existe a escolha de terceira rodada. Entretanto, a menos que um grande steal aconteça, algo que os Texans não têm conseguido há anos ofensivamente, o time sairá perdendo nesta troca.
Houston mandou para Seattle um defensor que, mesmo não jogando seu melhor futebol americano consistentemente até hoje, somou 18,5 sacks nas duas últimas temporadas. Em troca, recebeu dois jogadores de defesa que, juntos, tiveram seis sacks desde 2017.
Nos dias de hoje, não se vence um Super Bowl sem pressionar os quarterbacks adversários.