A semana 7 da NFL separou confrontos de horário nobre desequilibrados, norteou um pouco mais a NFC Norte (com a ajuda de um show de futebol americano da NFC Sul), teve uma lesão que pode mudar as coisas na Conferência Americana e colocou frente a frente dois candidatos ao prêmio de MVP da temporada até aqui.
Comentei esses, e todos outros fatos de destaque da rodada, abaixo.
Uma perda desafiadora para os Chiefs
A temporada 2019 da NFL continua mostrando que, mais do que nunca, a posição de backup quarterback é importante para um elenco. Com a lesão de Mahomes, que perderá algo em torno de três a seis semanas, com a possibilidade de “jogar no sacrifício” a partir da segunda semana, os Chiefs serão liderados por Matt Moore.
Moore chegou à NFL como não draftado em 2007, e já teve passagens por Carolina Panthers e Miami Dolphins. Depois de ter optado ficar fora do futebol americano em 2018, o quarterback de 35 anos assinou com Kansas City, que perdeu Chad Henne por lesão durante a pré-temporada. Em 30 jogos como titular na carreira, Moore acumula 15 vitórias, acumulando campanha 2-3 desde 2012.
A “boa” notícia para Kansas City é que, dada a quantidade de quarterbacks titulares lesionados, é simples (embora não necessariamente fácil) entender o que precisa ser feito dentro de campo.
Repare no Indianapolis Colts sem Andrew Luck e New Orleans Saints sem Drew Brees: duas linhas ofensivas de elite, sistemas defensivos no mínimo pontuais e jogos corridos que oferecem pelo menos 20 carregadas por partida, tudo isso deixando o quarterback “secundário” em posição de não precisar resolver os confrontos com o braço.
Com isso em mente, Andy Reid tem bastante trabalho pela frente: os Chiefs são um dos 10 times da liga que menos correm com a bola e os 20 sacks do time até agora não mostram exatamente o quanto esse pass rush tem sido limitado, já que nove desses sacks aconteceram no confronto da semana 7.
A partida perfeita dos Vikings
A defesa do Detroit Lions é uma das piores nos indicadores básicos (pontos e jardas totais) desta temporada, e o que fez a equipe de Matt Patricia protagonizar sólidas atuações contra bons times como Chiefs e Green Bay Packers foi a defesa na red zone. Diante do Minnesota Vikings neste domingo, contudo, isso não aconteceu.
Os Vikings tiveram um jogo quase perfeito, movimentando a bola facilmente no ataque e, mais importante, conseguindo marcar pontos. Minnesota foi até a red zone adversária cinco vezes, anotando touchdown em todas as ocasiões, que sustentaram os 42 pontos na tarde.
Individualmente, Kirk Cousins teve mais de 70% de aproveitamento e 300 jardas aéreas pela terceira semana consecutiva e agora totaliza 10 touchdowns e uma interceptação nesse período. No jogo corrido, 25 carregadas, 142 jardas e dois touchdowns de Dalvin Cook resumem o quão brilhante a temporada do running back tem sido até aqui.
Os Lions tiveram sim notícias positivas por trás dos 30 pontos anotados. Matthew Stafford, com quatro touchdowns aéreos, e Marvin Jones, o responsável por todas essas pontuações, foram os melhores de Detroit no confronto. Em contrapartida, ao contrário do rival de divisão, os Lions ficaram limitados no jogo terrestre, com 81 jardas em todo o embate.
Com três vitórias seguidas e campanha 5-2, os Vikings mostram sinais de um dos times mais competitivos da conferência. Preparar-se para os jogos da volta contra Packers e Chicago Bears, nas duas rodadas finais do calendário, parece ser o “divisor de águas” para Minnesota ter a chance de provar isso em janeiro.
A ótima vitória dos Ravens em Seattle carrega uma pergunta
Tanto Seattle Seahawks quanto Baltimore Ravens sonham em competir durante o mês de janeiro em suas respectivas conferências após sete semanas disputadas. E muito disso se dá pela fase dos quarterbacks envolvidos, os quais estão entre os candidatos a MVP de 2019 e se enfrentaram pela primeira vez no domingo.
Liderados pelas corridas de Lamar Jackson, os Ravens conseguiram fazer algo não muito comum nos dias de hoje: derrotar os Seahawks de Russell Wilson no CenturyLink Field, pelo placar final de 30-16.
Desta vez, Jackson não brilhou lançando a bola, mas sim carregando com ela, terminando a noite com 14 carregadas, 116 jardas e um touchdown. Ao todo, Baltimore somou 35 corridas, 199 jardas e um TD no confronto.
Combinando isso a uma atuação sólida do sistema defensivo, temos um panorama geral do quinto triunfo de John Harbaugh neste ano, suficiente para manter o time isolado na ponta da AFC Norte.
A defesa dos Ravens, além de limitar os Seahawks a 16 pontos, marcou dois touchdowns, incluindo um retorno de interceptação de 67 jardas de Marcus Peters em sua estreia por Baltimore. Detalhe: Wilson não tinha sido interceptado nesta temporada até então, e os 48% de aproveitamento nos passes do quarterback (20/41) foi o mais baixo do camisa #3 desde 2017.
Como adiantado, os Ravens merecem créditos pelo ótimo triunfo fora de casa contra um dos melhores quarterbacks da liga. Todavia, o seguinte questionamento precisa ser feito: o plano de jogo para com Jackson under center é o ideal no momento?
É o segundo jogo consecutivo que Jackson atinge 100/+ jardas terrestres e um touchdown. Todavia, depois de alcançar 10/+ carregadas apenas uma vez nas primeiras quatro partidas da temporada, o segundo anista acumula três embates em sequência com no mínimo 14 carregadas.
A curto prazo, isso pode ser ótimo. Afinal, Jackson já é um dos melhores quarterbacks correndo com a bola da história da NFL. Contudo, para uma temporada como a do futebol americano, é preciso se preocupar com a forma física do QB titular.
Na última década, e em especial neste ano, fica claro que expor quem está under center não é uma boa ideia. Ainda estamos em outubro, e um time como os Ravens precisam pensar adiante neste momento.
Em jogadas como a quarta para duas na red zone, por exemplo, faz sentido acionar um playmaker como Jackson. Era o momento determinante da partida em questão. Mas Jackson ser o jogador com mais carregadas de Baltimore por três partidas seguidas pode ir na contramão de manter um dos nomes mais promissores da liga no elenco por muitos anos.
Atuações individualmente marcantes de Rodgers e Brissett
O quarterback mais espetacular da semana 7 talvez tenha sido Aaron Rodgers, que se tornou o primeiro QB da história dos Packers a obter um rating perfeito (158,3) em uma partida. Com 25/31 nos passes, 429 jardas e seis touchdowns totais (um corrido), Rodgers quase fez chover na vitória de Green Bay sobre o Oakland Raiders por 42-24.
Por mais vulnerável que o sistema defensivo dos Raiders se mostre em alguns momentos, tal desempenho do camisa #12 precisa ser colocado na lista dos mais marcantes de sua carreira; talvez o melhor deles. Afinal, Rodgers foi perfeito sem um dia inspirado de seu jogo corrido e atuando sem o wide receiver nº1 e com outros recebedores claramente abaixo da forma ideal devido à lesões.
Enquanto Rodgers brilhava no Lambeau Field, Jacoby Brissett também liderava os Colts ao triunfo, contra o Houston Texans no Lucas Oil Stadium.
Agora reforçada pela volta de Darius Leonard, a defesa dos Colts apareceu pontualmente mais uma vez, assim como a linha ofensiva, a qual se consolida semana após semana como uma das melhores da NFL.
Os méritos de Brissett se dão, principalmente, pois desta vez o quarterback não teve um jogo corrido sólido ao lado, pelo contrário. Os running backs de Indianapolis tiveram 21 carregadas para 56 jardas apenas. Ainda assim, Brissett comandou seu time à vitória por 30-23, fechando a tarde com 26/39 nos passes, 326 jardas e quatro touchdowns.
Atuações como essas são esperadas frequentemente da parte de Rodgers, não necessariamente de Brissett. Todavia, o camisa #7 mostra que pode fazer mais que apenas “o básico” caso Frank Reich e companhia precisem.
Os Saints mostraram aos Bears um plano de jogo eficiente
Ano após ano, a real competitividade das franquias durante a longa e desafiadora temporada da NFL depende dos ajustes feitos pelas comissões técnicas dada as adversidades ao longo do campeonato. Nesta semana 7, o Soldier Field recebeu duas equipes em momentos completamente opostos nesse sentido.
Enfrentar uma equipe tão ajustada quanto o New Orleans Saints serviu para escancarar ainda mais os problemas principalmente ofensivos do Chicago Bears em 2019 — e fica claro pelo placar final de 36-25, apesar desse não ilustrar necessariamente a soberania dos visitantes.
Enquanto Mitchell Trubisky tentou 54 lançamentos, o jogo corrido dos Bears terminou o confronto contra os Saints com sete carregadas. Tamanho desequilíbrio não é adequado para nenhum sistema ofensivo, muito menos um com um quarterback limitado e fazendo seu primeiro jogo depois de quase um mês parado.
A cada semana que passa Matt Nagy demonstra mais dificuldade em ajustar seu sistema ofensivo, e nesta altura da temporada está claro que Chicago sente a falta de um running back de maior estatura para early downs.
No sistema defensivo, o qual não conta mais com uma secundária impecável como ano passado, quando a linha ofensiva adversária anula seu pass rush, as coisas complicam. E as 424 jardas totais e 24 first downs conquistados pelos Saints mostram isso.
Ofensivamente, Sean Payton teve um dia inspirado de Latavius Murray, o qual correu 27 vezes para 119 jardas e dois touchdowns substituindo o lesionado Alvin Kamara.
Com a defesa aparecendo (dois turnovers e dois sacks forçados, e menos de 300 jardas permitidas) e o enorme domínio nas trincheiras em pauta, Teddy Bridgewater precisou “apenas” fazer o básico novamente, somando 281 jardas e dois touchdowns, sem sofrer turnover pela segunda semana consecutiva.
O minuto final de Chargers-Titans foi “surreal”
Com 55 segundos restantes, o Tennessee Titans liderava o Los Angeles Chargers por 23-20.
Na tentativa de protagonizar mais uma virada para a equipe californiana, Philip Rivers buscava salvar um ano para ser esquecido pelos Chargers. E o passe de 16 jardas para Austin Ekeler, inicialmente foi marcado touchdown pela arbitragem, indicou que o camisa #17, num primeiro momento, teria conseguido seu objetivo.
Após a revisão da jogada, contudo, Ekeler caiu na linha de uma jarda, ponto onde a bola foi colocada com 44 segundos no relógio.
Na jogada seguinte, os Chargers voltaram algumas jardas devido à um false start, que acabou compensado por uma interferência dos Titans na jogada seguinte, que recolocou a bola na goalline. Ou seja, Los Angels precisava ganhar uma jarda com menos de 20 segundos restantes para, provavelmente, garantir o triunfo.
Melvin Gordon foi acionado e pulou sobre as linhas para anotar o touchdown. Virad… Calma, a revisão automática para a pontuação aconteceu e um novo TD dos Chargers foi revertido.
Na jogada seguinte, a bola foi para as mãos de Gordon novamente. O running back, no entanto, sofreu um fumble recuperado por Tennessee e que significou mais um revés de Los Angeles. Incrível.
Os Titans não convencem, mas voltaram a vencer com Ryan Tannehill estreando como titular pela equipe. Os Chargers, por sua vez, já igualaram em sete semanas o total de derrotas que o time teve em toda a temporada passada.