Há algumas semanas, assistindo a Los Angeles Rams versus Detroit Lions, ficou claro que a equipe de Sean McVay estava em um daqueles dias ruins. O plano de jogo não encaixou. O quarterback estava em uma tarde “sonolenta”. E o triunfo basicamente só aconteceu pelo talento individual de alguns jogadores e pelas limitações do oponente.
O normal de se acreditar após o pequeno deslize do Los Angeles Rams há três rodadas era que tudo iria voltar ao normal. Afinal, dias ruins acontecem para todos em todos os times, quarterbacks, e esportes em geral. Todavia, isso talvez não seja tão simples assim neste caso.
Desde o embate frente aos Lions, o qual seguiu a semana de folga do time, os Rams têm se mostrado apático. Los Angeles repetiu atuações ruins nas duas últimas semanas (Bears e Eagles) e acabou derrotado. Mas não é que os Rams perderam para dois adversários que marcaram 40, 50 pontos, como poderia ter acontecido normalmente há um mês diante dos Chiefs. Nada disso! O Los Angeles Rams esteve distante de apresentar um bom futebol americano nessas ocasiões. Longe de ser aquele ataque potente que desafiava os rivais.
Jared Goff está em uma pífia sequência de desempenhos, a linha ofensiva caiu de produção, Todd Gurley também sentiu tudo isso, e até mesmo Sean McVay apresentou falhas. As atuações recentes do Los Angeles Rams apresentaram um novo (e pior) time, diferente daquele que criou um “padrão amedrontador” em grande parte da temporada.
Não é apenas “os dois últimos jogos”
Hoje, o épico embate entre Rams e Chiefs parece fazer uma eternidade para Los Angeles. Tenha em mente que a equipe marcou 54 pontos diante de Kansas City há um mês. Desde então, nas três partidas que fez, foram 59 tentos somados, sendo somente 29 nos dois últimos confrontos.
A questão para o Los Angeles Rams não é somente ter jogado mal diante de Lions, Bears e Eagles. Contra Detroit, mesmo sendo após a rodada de bye, o talento individual apareceu e 30 pontos foram marcados fora de casa. Porém, frente a Chicago, vimos a pior atuação ofensiva da era McVay por lá. Seis tentos anotados, Goff com quatro intercepções, Gurley correndo 28 jardas em 11(!) tentativas…
Ah, mas estava frio, fora de casa e em um estádio hostil. De fato, tudo isso é verdade, contudo, se esses fossem os maiores problemas dos Rams, tudo teria voltado ao normal diante de Philadelphia. Mas não aconteceu. Os Eagles não contaram com Carson Wentz e atravessavam um momento instável, o que explica o favoritismo de 13 pontos de Los Angeles no confronto! Todavia, o que se viu em campo foi uma linha ofensiva ruim, um Jared Goff incompreensível, um Todd Gurley sem a rotineira consistência. De novo, de novo e de novo. Em geral, foi visto ainda uma defesa que “salvou” Nick Foles e um ataque fora de sintonia. De novo e de novo!
Os problemas do Los Angeles Rams começaram antes dos dois últimos jogos feitos pela equipe. E pior: começaram em um momento que, na NFL, costuma ser imperdoável. Estamos em dezembro, há três semanas do começo dos playoffs.
Alguns números que ilustram isso
Nas últimas três semanas, Jared Goff foi um dos piores quarterbacks da NFL. Sabe aquele QB que obteve 26 touchdowns e apenas seis interceptações entre as semanas 1 e 11? Então, desde a 13ª rodada somou um TD e sete INTs. Seu rating foi de 51,3, o qual configura o segundo pior entre os quarterbacks que começaram pelo menos um jogo. Abaixo disso, apenas Mark Sanchez.
De uma outra perspectiva, nos primeiros 12 jogos do Los Angeles Rams, a franquia totalizou dez turnovers. Nos últimos dois, foram sete, sendo um deles o fumble que não permitiu a campanha que poderia empatar o Sunday Night Football. Erros como esses até então eram raridade para Sean McVay.
Contra Chicago especificamente, os Rams tiveram seis pontos, 14 first downs, 214 jardas totais e quatro turnovers no ataque. Todas essas marcas foram as piores da equipe nesta temporada. E os seis tentos foi também a pior marca desde a semana 15 de 2016, quando Jeff Fisher ainda estava por lá.
Além disso, nos dois últimos confrontos Todd Gurley acumulou 23 tentativas de corridas combinadas. Essa é a marca mais baixa do corredor em um intervalo de dois jogos neste ano. E detalhe: quando correu, Gurley não conseguiu “um caminhão de jardas” (média de 3,3 jardas por corrida). Ou seja, esse desequilíbrio improdutivo no ataque exigiu mais do braço de Goff em situações mais complicadas, o qual foi medíocre. O sistema ofensivo como um todo ficou menos tempo em campo, sobrecarregou uma defesa que já vinha com problemas na secundária e o resultado foram atuações decepcionantes. Deixar o sistema defensivo dos Rams decidir jogos não é o caminho. Mas o ataque, querendo ou não, tem transferido essa responsabilidade.
Veja bem: o aproveitamento na red zone do ano, o qual já não era ótimo (54,93%), piorou nas últimas três apresentações (47,67%). Nesse mesmo período, a média de jardas por ponto marcado também piorou, subindo de 13,2 para 16,5. Em pontos por jogada, idem (0,486 para 0,296). Saiba que esses dois últimos quesitos configuram fatores que o Los Angeles Rams é Top 5 em geral neste campeonato.
O sentimento de não saber o que vem por aí
Assim como o New England Patriots, o Los Angeles Rams não vive um bom momento, porém tem adversários teoricamente tranquilos até o fim da temporada. Cardinals e 49ers devem ser suficientes para que os Rams assegurem uma das folgas na NFC. Aliás, isso precisa acontecer pois L. A. certamente não quer enfrentar os Bears em Chicago novamente. Mas essas limitações dos próximos adversários não podem esconder os defeitos recentes de Los Angeles.
Esta é, de longe, a pior sequência da era Sean McVay com o time. Qual será a resposta desse no mês de janeiro? Lembre-se: grandes jogadores e elencos são aqueles que respondem bem às derrotas. Neste caso, McVay precisa voltar ao padrão instaurado por ele mesmo durante 2018. Goff seguro no pocket, Gurley participando normal e efetivamente do ataque, linha ofensiva resiliente, defesa forçando com turnovers e mais eficiente… É disso que estamos falando!
O Los Angeles Rams é bom. A questão é saber se o time é bom como vimos e esperamos que ele realmente seja, no momento mais importante da temporada.