O que está acontecendo com o Green Bay Packers? A cada semana que passa, a franquia comandada por Mike McCarthy tem acumulado fracassos. E isso inclui um ataque abaixo do esperado, um jogo corrido decepcionante e uma defesa “inexistente”. Claramente as coisas não vão bem em Breen Bay.
Mas o que está dando tão errado?
É complicado (e normalmente impreciso) apontar culpados e apresentar defeitos quando alguma equipe atravessa um mau momento; tudo parece piorar. Contudo, tudo tem um limite, e a derrota dos Packers para o Tennessee Titans por 47-25 (terceira consecutiva) é uma daquelas que, muito mais que aumentar a pressão sobre o elenco, gera consequências drásticas na equipe, já que pode ser considerada “um divisor de águas”. Neste tipo de situação, grande parte das franquias optaria por trocar seu quarterback titular – o que, de fato, não vai acontecer por lá; em um segundo momento, então, os olhares “furiosos” se voltam para a lateral do campo e miram a comissão técnica, mais especificamente o treinador principal, o qual funciona como orquestrante neste caso.
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Mike McCarthy nunca foi unânime em Green Bay, todavia, por várias razões – algumas com méritos do técnico – o time prosperou e esteve entre as grandes potências da NFL na última década. O porém aqui é que, em 2016, o elenco do Green Bay Packers está lá, ele tem jogadores talentosos e deveria estar bem melhor neste momento, mas praticamente nada parece funcionar.
As questões e incertezas sobre McCarthy tendem a aumentar a cada partida a partir de agora. Mais do que nunca, a carreira do treinador está em xeque.
Um casamento desgastado
Indiscutivelmente, desde que chegou ao Green Bay Packers em 2006, Mike McCarthy fez muito bem para a franquia. De certo modo, ele foi um dos grandes responsáveis pela conquista do Super Bowl XLV, a qual encerrou um jejum de quase uma década e meia do time de Wisconsin. Entretanto, o trabalho de McCarthy que culminou na conquista do título, foi preparado na temporada de 2005 e começou em 2008.
O atual head coach e o general manager dos Packers Ted Thompson, há onze anos, selecionaram Aaron Rodgers no Draft, o qual chegava como um talentoso jogador, mas nada exagerado, como um Peyton Manning ou Andrew Luck em suas épocas. A ideia central com Rodgers era preparar o jogador para que quando Brett Favre – o titular absoluto do time naquele tempo – se aposentasse, Green Bay tivesse um sucessor de alto nível.
A ideia de Thompson para o então calouro funcionou muito bem, e isso só foi possível pelo excepcional trabalho feito por Mike McCarthy. Se a entrada e permanência de Aaron Rodgers como quarterback da NFL deu certo (e como deu!), McCarthy, sem dúvidas, merece crédito por isso.
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Desta forma, por nove temporadas o “casamento” entre McCarthy e Rodgers deu muito certo. O ataque do Green Bay Packers foi o melhor da liga em duas temporadas consecutivas, A-Rod teve quatro anos consecutivos um rating acima dos 100 (um recorde da NFL), venceu dois MVPs, a franquia fez uma das melhores campanhas de temporada regular em todos os tempos quando venceu 15 jogos e ainda houve a conquista do Super Bowl.
Todavia, até mesmo nas maiores histórias, chega um momento da NFL que a mensagem que o treinador tenta passar parece ultrapassada e não impacta da devida maneira no plano de jogo liderado pelo quarterback. E isso pode estar acontecendo em Green Bay neste momento (o desempenho e as estatísticas indicam isso). Em outras palavras, o casamento entre Mike McCarthy e Aaron Rodgers talvez esteja desgastado. Desgastado a ponto que eventualmente será necessário que eles se separem e um deva deixar Wisconsin. Se alguém tiver que partir, entre McCarthy e Rodgers, com certeza será o treinador.
As temporadas desgastantes
O processo de construção do Green Bay Packers com Aaron Rodgers foi espetacular. Mike McCarthy soube extrair o melhor de seu quarterback naquela época e o deixou em posição de se tornar um dos grandes que já passou pela NFL. Mas por incrível que pareça, mesmo com triunfos, classificação aos playoffs e conquista de Super Bowl, a impressão que fica é que justamente após a vitória no Grande Jogo, os Packs não conseguiram dar continuidade ao seu legado e assim desencadeou uma série de temporadas desgastantes.
Os números de McCarthy como head coach de Green Bay são muito acima da média: ele totaliza 116 vitórias e 67 derrotas em 11 temporadas com a franquia; além disso, esteve nos playoffs em oito anos, sendo sete aparições de maneira consecutiva; venceu a NFC Norte cinco vezes e, como falado anteriormente, venceu o Super Bowl XLV sobre o Pittsburgh Steelers.
No geral, Mike McCarthy construiu uma grande carreira com o Green Bay Packers. Todavia, ele não foi capaz de manter os Packs no topo por mais de uma temporada, como muitos esperavam. Desde 2010, quando venceu o título, Green Bay tem campanha 3-5 na pós-temporada, sendo que em nenhum ano conseguiu vencer mais de um jogo no mata-mata. Além disso, esse número comparado às 56 vitórias e 23 derrotas em temporada regular neste mesmo período mostra que claramente houve uma queda de rendimento no momento mais importante do ano.
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Por exemplo, em 2011, buscando o bicampeonato, os Packers terminaram a temporada com 15 triunfos em 16 jogos, tiveram o melhor ataque da NFL e o jogador mais valioso do ano. Porém, nos playoffs, sofreu uma dura derrota em casa para o New York Giants. Um ano mais tarde, seguindo um bom retrospecto de 11-5, Green Bay foi eliminado precocemente mais uma vez, para o San Francisco 49ers. Em 2014, todos se lembram como Aaron Rodgers e cia. perderam uma grande vantagem no placar para o Seattle Seahawks na final da Conferência Nacional.
Esse conjunto de temporadas decepcionantes, marcadas por boas campanhas mas nunca ótimas (como deveriam ser) e que em certos momentos não passaram nem próximo de condizer com o talento presente no elenco, desgastou a moral de Mike McCarthy como treinador do Green Bay Packers. E isso a um ponto que somente novas grandes conquistas – e sim, estou falando de Super Bowl – mudariam o cenário.
O fim da linha
O Green Bay Packers é um time bem treinado? Não. Mas McCarthy é o único culpado pelo mau momento vivido pela franquia? Também não. Lembre-se que o trabalho de Ted Thompson como general manager do Green Bay Packers, nas últimas duas temporadas principalmente, foi muito questionado. Thompson deixou bons nomes irem embora, não fez excelentes Drafts e pecou ao tentar construir um ótimo time, condizente ao tamanho da franquia de Wisconsin; tanto que as lesões estão atrapalhando mais do que deveriam neste ano. Contudo, como introduzido no começo do texto, em equipes que o quarterback é um fator indiscutível, a primeira mudança drástica cai nas costas do treinador.
Neste momento, os Packers têm o 11º ataque da NFL em pontos marcados por partida, posição que camufla positivamente o que temos visto em campo do sistema ofensivo de Green Bay e ainda é pouco para um time que tem possivelmente o melhor quarterback do planeta. Além disso, o setor já sofreu 14 turnovers em 2016.
Defensivamente, o sistema roubou apenas dez bolas dos adversários e é o 26º da liga em pontos cedidos por partida. Para se ter uma noção, os Packers têm média de 24,8 pontos marcados e 26 permitidos por confronto; um saldo negativo que de fato não combina com o time.
Tal conjuntura reflete a instável campanha da temporada do Green Bay Packers em 2016. Após nove partidas disputadas, o time venceu apenas quatro jogos e está em 3º na NFC Norte, sendo que na pré-temporada, as prévias e casa de apostas indicavam que a franquia era uma das quatro com mais chances de vencer o Super Bowl.
Pensar em Super Bowl neste momento, mesmo que seja talvez a única saída para “tirar a corda do pescoço” de Mike McCarthy, é impossível. Com oito semanas ainda restantes na temporada, os Packers têm tempo suficiente para se recuperarem e ainda chegarem à pós-temporada como uma das melhores equipes da conferência. Se isso acontecer, quem sabe o questionado McCarthy adie o fim da linha e tenha um pouco mais de tempo (e pressão, diga-se de passagem) para terminar bem seu ciclo na era-Aaron Rodgers, a qual ela preparou tão bem.
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