A aptidão de Sean Payton para orquestrar um ataque das sidelines é indiscutível. Desde que assumiu o New Orleans Saints, Payton, ao lado de Drew Brees, foram os principais ícones da melhor fase da história da franquia. E não é por acaso que os Saints, entra ano sai ano, têm um dos melhores ataques da NFL. Nesta temporada, então, a criatividade de Sean Payton apareceu novamente com o quarterback nº 3 do elenco. É isso mesmo, New Orleans está fazendo de Taysom Hill um trunfo interessante do elenco.
Taysom Hill chegou à liga como um não-draftado em 2017. Ele defendeu BYU no college football e ficou marcado principalmente pela capacidade de correr com a bola. No profissional, teve passagem inicial pelos Packers na offseason, mas logo depois foi para os Saints. No ano passado, ele pouco apareceu. Já nesta temporada, a versatilidade de Hill está em pauta cada vez mais.
De um modo geral, não é errado dizer que Taysom Hill é um Lamar Jackson com mais instinto de corredor e menos técnica nos passes. Ou então (e essa comparação talvez seja mais apurada) um Tim Tebow que pouco fica under center. Se fosse no basquete, ele seria o sexto homem da equipe. No beisebol, um pinch hitter recorrente.
Em 2018, Sean Payton já escalou Taysom Hill em campo como quarterback, running back, wide receiver (aberto e slot), retornador de chutes e membro do time de especialistas em geral. Em todas elas, dentro das limitações técnicas do jogador, ele teve sucesso. E é justamente isso que os vídeos e comentário abaixo mostram. Já era hora de analisar uma das surpresas recorrentes do ataque do New Orleans Saints. Afinal, a equipe tem melhorado a cada semana, sempre com criatividade. Portanto, depois não diga que não avisamos.
Um “faz tudo” no time de especialistas
Primeiramente, saiba que Taysom Hill é quem mais retornou kickoffs por New Orleans neste ano (7). Sua média é de 24,3 jardas por retorno. Aqui, um de seus principais no campeonato.
A velocidade de Taysom Hill possibilita que ele seja uma peça interessante nos tackles contra os retornos dos adversários também. E não pense que Hill não sabe o que está fazendo quando encontra com um retornador…
Além disso, esse dinamismo do camisa #7 faz com que, caso os Saints decidam um fake punt, ele seja o jogador ideal para correr com a bola. Diga-se de passagem, o camisa #7 participou de todos os 20 snaps de special teams contra Baltimore, totalizando dois tackles.
E aqui as coisas começam a ficar mais interessantes. Na semana 4 contra os Giants, ou seja, três rodadas antes do jogo diante dos Ravens, quando aconteceu o lance acima, Taysom Hill estava posicionado da mesma forma. A diferença é que, ao invés de correr, ele lançou a bola.
Lembrando que ele é um quarterback de origem, o que faz com que o lançamento seja mais apurado do que se fosse feito por alguém de outra posição.
Sua maior vantagem é no ataque
A jogada acima mostra como Sean Payton mais gosta de alinhar Taysom Hill: no backfield, com um running back ao seu lado. Dá para chamar o read option facilmente. Hill compensa a pouca disposição de Drew Brees para o jogo corrido.
No mesmo jogo, Payton posicionou Hill como um RB, ao lado de Brees no backfield. Antes do snap, Alvin Kamara ainda fez um reverse. Repare abaixo que a defesa dos Giants conseguiu uma boa infiltração na jogada para fazer o tackle, todavia, os Saints mostraram no lance que estavam dispostos a envolver seu “QB alternativo” na partida – e de uma maneira inusitada. O desenho da jogada foi interessante.
Falamos na rota reverse acima, e é ela que entra em pauta agora. Isso pois, uma semana antes do confronto contra os Giants mostrado acima, os Saints chamaram uma reverse para Taysom Hill diante dos Falcons. Isso é mais um desafio para quem estuda esse ataque. Enfrentando Atlanta, Hill começou posicionado como WR e recebeu a bola de Brees para executar uma corrida.
Não tenha dúvida também que lances como esse foram estudados pelo Baltimore Ravens antes do confronto na semana 7. Esse fato provavelmente ajudou o New Orleans Saints em uma conversão de quarta descida para duas jardas, quando Taysom Hill estava posicionado aberto e ainda se movimentou antes do snap.
Repare que isso chama a atenção do sistema defensivo e tira defensores das trincheiras, facilitando o avanço.
Por fim, você se lembra do read option mostrado no primeiro vídeo desse tópico? Ele aconteceu no segundo período. Um quarto mais tarde, os Saints usaram uma formação similar na red zone. Nesse caso, a bola acabou ficando com Alvin Kamara e o resultado foi um touchdown. É mais um sinal de uma defesa confusa.
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Ter alguém como Taysom Hill na red zone ou em situações de terceira/quarta descida curta é um luxo que poucas equipes da NFL têm atualmente. E essa exclusividade indica pouco preparo dos sistemas defensivos rivais muitas vezes. Em outras palavras, o playbook aumenta e ganha imprevisibilidade, em especial para um ataque com tantas peças refinadas ao redor, como o dos Saints.
Uma boa mente por trás de um sistema ofensivo consegue converter tudo isso em coisas boas – exatamente como Sean Payton tem feito. Assim sendo, não fique surpreso se Payton “tirar um coelho da cartola” semana após semana na medida que a temporada for se desenrolando. Sabemos da ousadia deste head coach, e ele agora aparentemente tem um coelho favorito e certeiro.