Parece que foi ontem que o mundo do futebol americano parou para ver um jovem quarterback decidindo uma partida de pós-temporada. Quando o Denver Broncos, liderado por um quase calouro Tim Tebow, conseguiu derrotar o Pittsburgh Steelers nos playoffs de 2011 na prorrogação, da maneira como aconteceu, os olhares dos fãs da National Football League ficaram divididos e as mentes pensaram: quem é este Tebow de verdade? Afinal, estou falando de um jogador que parecia ter o dom de brilhar quando todos estavam esperando, independentemente de como sua atuação na partida em questão estava sendo.
Mas uma coisa é vencer em temporada regular, contra os Jets; e outra coisa – completamente diferente – é vencer no mata-mata, em casa e contra os Steelers. Assim como atuar no futebol americano universitário é algo totalmente distinto do que atuar no profissional. Estamos cansados de falar das discrepantes mudanças de um nível para o outro, e aqui temos mais um caso que ilustra isso muito bem.
É fato que a carreira de Tim Tebow não se desenrolou como deveria na NFL; e isso se deu por uma série de fatores, que englobam desde a saída sua da NCAA até a dispensa de Peyton Manning. O mais curioso aqui, contudo, não é isso. Mas sim a forma como Tebow marcou seu nome na National Football League em tão pouco tempo. Para quem não sabe, o ex-Gators atuou em apenas três temporadas completas no futebol americano profissional. Enquanto esse período poderia não ser suficiente para um QB garantir a titularidade de um time, no caso do camisa #15 foi o bastante para torná-lo um fenômeno no futebol americano.
Sua passagem pelo college football dispensa comentários…
Acredite ou não, mas para a maioria dos analistas americanos, Tim Tebow é um dos cinco melhores jogadores da história do college football. Entre os QBs, há que diga que ele seja o nº de todos os tempos. De fato, o que o camisa #15 fez enquanto atuou pelo Florida Gators foi fantástico, e tudo que é dito ao seu respeito nesse sentido tem razão.
Enquanto no universitário, Tebow venceu o Heisman uma vez e liderou os Gators à dois títulos nacionais! Além disso, individualmente falando, em quatro anos pela equipe, totalizou 9.285 jardas aéreas, 2.947 jardas terrestres, 145 touchdowns somados e apenas 16 interceptações. Que tal lembrarmos da temporada que ele teve em 2007, quando alcançou 55 touchdowns ao longo ao ano? Ademais, neste mesmo período, teve 27 vitórias em 32 partidas. Incrível.
LEIA TAMBÉM: O curioso caso de vencedores do Heisman na NFL
Tudo isso fez com que Tim Tebow entrasse à National Football League como a 25ª escolha do Draft de 2010, tendo sido o segundo quarterback escolhido da classe, atrás apenas de Sam Bradford (primeira escolha geral dos Rams). Entretanto, seu período no nível profissional, não viu o mesmo sucesso.
…Mas que não teve sorte e nem ajuda na NFL
Certamente que hoje, praticamente cinco anos depois da última partida de Tebow pela NFL, é fácil explicar porquê ele não deu certo na liga. Verdade seja dita, deveríamos ter discutido isso desde que ele chegou ao outro nível, porém, após tudo o que ele havia conquistado no universitário, era inegável que todos ficassem empolgados – e de certa forma torcessem para ele.
Como não cravamos que a carreira de Tim na NFL não teria tanto sucesso? Estou falando de um quarterback que tinha a corrida (normalmente pelo meio, devido à sua força física) como suas três opções primordiais a cada jogada. Além disso, quando optava pelo passe, devemos concordar que seu braço estava longe de ser muito bom. Diga-se de passagem, lembre-se ainda que as leituras pré e pós-snap também nunca foram as especialidades do jogador.
LEIA TAMBÉM: Dan Marino: Um herói jamais visto antes
Mas ele sabia vencer – “All he does is win”, você talvez já tenha ouvido isso por aí. E na NFL, não há braço ruim ou decisões erradas que superem o ato de triunfar. Você pode terminar uma partida de pós-temporada com 40% de aproveitamento nos passes, menos de 200 jardas aéreas e mais interceptações do que touchdowns. Contudo, se no fim das contas você vencer o jogo, aparecendo nos momentos mais importantes ainda, é o que será glorificado. Ter uma carreira assim é mais difícil, mas não impossível – e por alguns meses Tebow ilustrou isso.
O problema para Tim foi que ele se deparou com o melhor free agent da história da liga logo após seu primeiro ano efetivo como titular. Foi após a temporada de 2011 que os Colts dispensaram Peyton Manning, que logo despertou interesse dos Broncos. Não havia vitórias emociantes suficientes para Tebow que fosse convencer o Denver Broncos que ficar com ele seria melhor que assinar com Manning.
Assim sendo, pode-se dizer que Tim Tebow foi mais uma vítima na transição universitário-profissional. Ele também sofreu com seu braço impreciso e teve o azar de ter que “competir” com um dos maiores de todos os tempos em seu melhor momento na NFL. Depois disso, ele nunca mais se encontrou na liga: suas passagens por Jets, Patriots e Eagles, por mais que resguardem um ou outro lance relativamente empolgantes, foram quase que apagadas por completo. Mas Tebow, pela habilidade atlética, amor ao esporte e determinação que tinha, pelo menos na teoria, poderia buscar algo a mais…
Então por que não tentar a MLB?
Caso você ainda não saiba, Tim Tebow está próximo de atuar pela Major League Baseball. Depois de ficar um ano longe do futebol americano e treinando constantemente para o beisebol, o ex-quarterback despertou certo interesse dos olheiros da MLB, e especialmente do New York Mets, que o contratou para as ligas menores da franquia. Na MLB, além da Major League, existem algumas ligas menores, as Minor Leagues. Elas funcionam como uma “categoria de base” de cada franquia, a qual pode elevar ou regredir cada um de seus jogadores quando quiser.
E não é que Tebow conseguiu ter sucesso no baseball como outfielder: em 223 aparições no bastão, ele teve 52 rebatidas, 25 corridas impulsionadas e quatro Home Runs (um deles em seu primeiro jogo), com um aproveitamento na casa dos 23%. De acordo com alguns especialistas americanos, existe uma real possibilidade do ex-atleta dos Broncos vestir a cor laranja novamente, porém desta vez com um bastão na mão. E, por favor, não duvide dele novamente.
A carreira de Tebow na NFL não segue lógica alguma – ainda bem
Vez ou outra, ouvimos nos noticiários que fenômenos naturais aconteceram por aí, em algum lugar do planeta. A origem desses acontecimentos, logicamente, é das mais diversas naturezas e, no fim das contas, a única certeza que temos é que eles não podem ser contidos e que devem demorar um bom tempo para se repetirem (caso isso realmente venha a acontecer).
Enquanto como titular absoluto do Denver Broncos, Tebow foi capaz de correr para várias vitórias, fazer jogadas inexplicáveis, completar passes longos e conquistar muitos fãs por demonstrar um carisma e amor pelo jogo raramente vistos nos dias de hoje. E não me pergunte como ele conseguiu tudo isso, afinal, por muito tempo o consideramos um dos piores passadores do futebol americano. A trajetória de Tim Tebow na NFL, definitivamente, não tem lógica alguma, assim como os grandes fenômenos naturais. A única (e que é enorme, aliás) diferença no caso de Tebow é que temos a certeza que esse fenômeno não se repetirá nunca mais (em um estádio de futebol americano, é claro).
O que mais lhe chamou atenção na carreira de Tim Tebow? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
–
Siga-nos no Twitter @ShotgunFA
Curta no facebook.com/shotgunfootball