Com um recorde de 40 trocas ao todo, o Draft 2019 da NFL foi concluído.
Como de costume, “barbadas” e surpresas (positivas e negativas) marcaram mais um recrutamento do futebol americano. Diga-se de passagem, o Draft 2019 foi consideravelmente diferente daquele de 2018. Muito mais imprevisível. Sem tantos nomes tão espetaculares no ataque, porém com prospectos especiais, e essencialmente distintos, na defesa.
Foi interessante acompanhar as estratégias de cada franquia durante as rodadas do recrutamento. E agora é hora de dissecar o que aconteceu, além de projetar o que os torcedores podem esperar de suas equipes em um futuro próximo.
Começando a série de análises sobre o Draft 2019 da NFL, destaquei abaixo as classes dos times que mais gostei, e as que menos gostei, neste ano. Claro, expliquei o porquê disso para cada uma delas.
P. S Sentiu falta de análises sobre outros times? Saiba que vários artigos estarão disponíveis em breve no Shotgun com mais detalhes sobre a classe de 2019.
Mais gostei
Washington Redskins
Os Redskins adquiriram possivelmente um franchise quarterback, um pass rusher de elite, dois recebedores com potencial para serem titulares imediatamente e um running back de talento indiscutível.
Washington foi um dos times que, na primeira rodada, “esperou o draft” — e por isso recrutou Dwayne Haskins em 15º sem fazer grandes esforços. A troca para cima que resultou na seleção de Montez Sweat deixa a franquia em posição de ter quatro escolhas de primeira rodada na linha defensiva. E, vale lembrar, o grupo de wide receivers tem sido uma grande questão deste elenco nos últimos anos.
De fato, a parte física de Sweat e do RB Bryce Love precisa ser levada em consideração. Todavia, de um modo geral, os Redskins adquiriram valor em grandes necessidades e recrutando ótimos prospectos nas primeiras escolhas da classe. A combinação desses três fatores raramente é vista no recrutamento da NFL.
Arizona Cardinals
Se você, leitor, acompanha o Shotgun sabe que, se eu estivesse no comando dos Cardinals, Kyler Murray não teria sido a primeira escolha geral do Draft 2019. Portanto, a opção inicial de Arizona na classe não teve minha aprovação. Ainda assim, é preciso ressaltar que o draft feito pelos Cardinals tem respaldo (muito) positivo.
Primeiramente, lembre-se que o time buscou o futuro quarterback da franquia, o qual foi pedido pelo novo head coach. Entenda: quando estamos falando da posição mais importante do futebol americano, a perda de valor por meio das escolhas fica em segundo plano. Em outras palavras, a rápida troca de Josh Rosen por Murray pode ser “perdoada” nessa situação.
Em segundo lugar, os Cardinals adquiriram talento (e valor) em basicamente todas as escolhas feitas. Byron Murphy e Andy Isabella na segunda rodada, Zach Allen na terceira, Hakeem Butler na quarta e Deionte Thompson na quinta. Impressionante.
O argumento de que Arizona termina o Draft 2019 da NFL com o melhor QB, CB e S disponíveis é válido.
Buffalo Bills
O Draft 2019 dos Bills tem falhas. Devin Singletary na terceira rodada, perante à uma classe completa na posição de running back, pode ter sido um reach. E não direcionar a linha ofensiva, assim como o grupo de cornerbacks, mais uma vez merece questionamentos também. Os wide receivers, mais ainda.
Entretanto, tenha em mente que Ed Oliver na nona posição geral foi um steal. Cody Ford na 38ª, idem. Neste caso, estamos falando de dois prospectos de alto nível, cada um deles no topo de suas respectivas posições. Ademais, nomes como Dawson Knox (96ª) e Jaquan Johnson (181ª) são apostas interessantes. Os Bills ganharam valor nas primeiras rodadas também conseguindo resolver necessidades do elenco.
Apesar de considerável espaço para melhora, o recrutamento feito por Buffalo é mais uma prova de que a gestão recente da equipe caminha na direção certa.
Jacksonville Jaguars
Os Jaguars talvez tenham sido o time que melhor “jogou de acordo com o draft” neste ano.
Tudo começou, claro, com a presença de Josh Allen na sétima posição geral. Para muitos, Allen seria chamado no Top 5 da classe. Além disso, Jawaan Taylor também caiu, indo até a segunda rodada quando vários analistas acreditavam que ele poderia ter sido selecionado no Top 10. Ou seja, as duas primeiras picks de Jacksonville significaram ótimo valor, talento puro e candidato à solução de um dos problemas da equipe.
Nas demais escolhas, enquanto opções como Quincy Williams já na terceira rodada levantam questões, Josh Oliver e Ryquell Armstead foram seleções sensatas tanto a curto quanto a longo prazo.
Menos gostei
New York Giants
Os dois primeiros escolhidos dos Giants no Draft 2019 foram sensatos para a franquia e podem ter impacto positivo para o time futuramente. O que não me agrada é a posição em que Daniel Jones e Dexter Lawrence foram chamados. Ambos provavelmente estariam disponíveis abaixo na classe e New York poderia (e deveria) ter aproveitado isso. Em outras palavras, gosto desses dois prospectos, mas não gosto do valor adquirido por NY nas escolhas — e isso é a essência do draft.
Ademais, não é um absurdo afirmar que a equipe novaiorquina ganhou valor de fato na classe apenas com o cornerback Julian Love, na 108ª escolha geral.
Seattle Seahawks
É preciso reconhecer que, em geral, a ideologia dos Seahawks no Draft 2019 foi interessante. O time se envolveu em trocas pertinentes, ganhou escolhas e as destinou em grandes necessidades do elenco. Por exemplo, Seattle fechou o draft com três novos wide receivers, dois pass rushers e dois safeties.
O problema por trás disso é que a equipe continua protagonizando reaches, principalmente nas escolhas mais altas.
Em 2018, vimos Rashaad Penny sendo o primeiro escolhidos dos Seahawks. Neste ano, o defensive end L. J. Collier foi o nome de primeira rodada, seguido pelo safety Marquise Blair no segundo round. Ambos são bons jogadores, com características que se encaixam ao sistema defensivo de Pete Carroll, porém acabaram chamados antes do que era esperado/deveriam.
Neste caso, a questão não é classe dos Hawks de um modo geral, pelo contrário. Mas sim as decisões nas primeiras escolhas da franquia, que em tese são as mais importantes.
Houston Texans
No que diz respeito à estratégia para resolver necessidades do elenco, os Texans foram um dos principais times do Draft 2019 da NFL. Dois offensive tackles nas primeiras três escolhas e dois cornerbacks ao todo, além de um tight end, um defensive end e um running back.
Todavia, Houston, principalmente nas escolhas mais relevantes (as três primeiras neste caso), arriscou bastante. Tanto Tytus Howard quanto Max Scharping são bloqueadores ainda em formação, os quais vêm de sólidas temporadas universitárias em 2018 mas que evidentemente precisam de tempo no profissional para se concretizarem como titular. Neste caso, os Texans poderiam ter sido mais agressivos para buscar um OL na classe, como Andre Dillard, por exemplo.
No mais, escolha de segunda rodada, Lonnie Johnson Jr. chega para reforçar uma secundária vulnerável. Os problemas: falta consistência para o CB e haviam melhores prospectos disponíveis no momento em que ele fora chamado.
Claro, em situações de risco, há dois lados. Por ora, sabendo como as coisas funcionam na NFL, prezo pelo menor potencial de bust possível, algo que neste momento não acontece com os Texans.
– Análises de TODOS os times, com notas e comentários para cada um deles, ainda nesta semana no Shotgun.