No esporte, o sonho de todo jogador é se tornar primeiramente um profissional, depois assumir a titularidade e estabilidade em algum time, ser capaz de tornar essa equipe competitiva, vencer o primeiro título, continuar competitivo, construir um legado… No futebol americano isso não é diferente. Desde o Draft, até o primeiro Training Camp, a primeira partida de pré-temporada, a estreia oficial, o primeiro touchdown, a primeira vitória, uma ida inédita aos playoffs, um triunfo de pós-temporada… Uma caminhada até o Super Bowl!
Depois disso, tudo parece começar de novo e uma nova temporada da NFL entra em pauta. Novos jogos, novos desafios, experiências únicas, treinamentos diferentes. Tudo isso – novamente – com um objetivo máximo, que é o de conquistar o Super Bowl mais uma vez.
Super Bowls vêm e vão todo ano. Demoram para chegar, são rápidos para passar. Rápidos e extremamente rígidos. Estar na decisão da National Football League é algo honroso, tanto que “apenas” 51 edições deste Grande Jogo aconteceram e somente os dois melhores times do ano entram em cena. Disputar um Super Bowl, como vários jogadores da NFL já declararam, é uma experiência inigualável – vendo pela TV já podemos ter essa impressão. Vencer então, nem se fala. É o sonho de qualquer calouro deixar o Draft e se tornar um profissional. São justamente essas conquistas que cravam os nomes mais marcantes da história do esporte. Ter mais de um anel é algo que apenas 12 quarterbacks têm até hoje, por exemplo. Alcançar esta marca, sem dúvidas, coloca qualquer nome pelo menos na conversa dos maiores de todos os tempos. Mas até onde esta razão conquistas-grandeza pode chegar? Qual o limite dela?
A partir de hoje, 6 de fevereiro de 2017, apenas um quarterback tem cinco Super Bowls conquistados. Eu não precisaria dizer seu nome, mas sim, estou falando de Tom Brady. Aquele camisa #10 que defendeu a Universidade de Michigan, entrou na NFL “por baixo” na sexta rodada no Draft de 1999, contou com a confiança de um treinador lendário e a sorte de uma lesão inesperada em Drew Bledsoe e o resto da história todos nós já sabemos. Acima de tudo, Brady soube aproveitar as oportunidades que teve em sua carreira e mostrou que os Patriots nunca mais seriam os mesmos desde quando ele entrou em campo pela primeira vez, em 2001.
Desde então, inexplicavelmente, vieram rápidas conquistas – três nos primeiros quatro anos titulares de Tom, para ser mais exato. Azar daquele forte ataque dos Rams liderado por Kurt Warner; da histórica campanha de Jake Delhomme e dos Panthers; e de Donovan McNabb, que não conseguiu encerrar o jejum de títulos dos Eagles. Depois disso, passaram-se alguns anos e Tom Brady viu uma “pedra em seu sapato”, uma Kryptonita, algo que os “deuses do futebol americano” queriam que acontecesse: Eli Manning e o New York Giants apareceram, surpreenderam a todos e extraordinariamente foram capazes de desbancar Brady-Belichick em dois Super Bowls.
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Mas a grandeza de um jogador, especialmente um quarterback, nem sempre é medida apenas pelas várias vitórias. É preciso analisar como esse atleta reagiu quando foi parcialmente derrotado. A resposta de Tom Brady para isso, acredito eu, é indiscutível. Tanto que com elencos nem sempre excepcionais, com a idade mais avançada, algumas polêmicas e vários críticos ferozes, o New England Patriots, com a competitividade absurda de Brady, teve forças para vencer mais dois Super Bowls. Um deles contra a excelente defesa do Seattle Seahawks; o outro contra o fortíssimo ataque do Atlanta Falcons, depois de estarem perdendo por 25 pontos no terceiro período.
Antes de continuar, pare e pense o quanto o Super Bowl LI se assemelha com a carreira de Tom Brady. Ele esteve desacreditado quando entrou na liga, mas ainda assim foi capaz de recolocar New England de volta ao mapa. Depois disso, após anos gloriosos, vieram uma seca de títulos de dez temporadas e duas derrotas sofridas em finais. Mesmo assim, o camisa #12 deu a volta por cima e conseguiu buscar mais dois anéis. No último, ele também esteve sob pressão, desacreditado e em baixa por praticamente três quartos da partida. Mas qual seria o desfecho disso tudo? Bom, neste momento, acredito que todos já saibam…
Brady não só venceu mais um Super Bowl. Além de ter sido seu quinto, ele ainda acumulou a maior marca de passes completados e jardas aéreas de uma final; números esses que apenas alargaram ainda mais sua vantagem sobre outros quarterbacks nestes quesitos na história do Grande Jogo. E ah, tudo isso feito no único Super Bowl decidido na prorrogação até hoje e com a maior virada de uma decisão de todos os tempos correndo por fora. O que mais é preciso para se tornar incontestável no futebol americano?
Discussões sobre quem é o maior e o melhor quarterback/jogador da história da NFL vão existir enquanto a National Football League estiver viva, não tenha dúvidas disso. É algo natural. Contudo, uma coisa é fato: está cada vez mais difícil ir contra Tom Brady nesses debates. Qual seria o ponto fraco do camisa #12? Ter perdido dois Super Bowls? As polêmicas que já envolveram os Pats? A presença de um head coach incrível no elenco? Sinceramente, por tudo que sabemos da NFL, nada disso faz sentido.
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12 quarterbacks têm mais de um anel. Um deles possui três exatamente. Acima disso, vemos dois com quatro e apenas um com cinco. Sim, a conquista do Super Bowl LI completou uma mão de anéis a Tom Brady, como já adiantado. Ele agora é o quarterback que mais disputou e venceu Super Bowls. Além disso, agora são quatro MVPs de Super Bowl para ele, isoladamente, a melhor marca de todos os tempos. Agora combine tudo isso ao fato de ele ser um dos quatro quarterbacks com mais jardas e touchdowns aéreos na carreira, ter dois MVPs de temporada regular e 12 participações no Pro Bowl. Nada mal, certo?
É raro encontrar um esportista que tenha tanto sucesso em temporada regular e playoffs ao mesmo tempo – no futebol americano, Brady talvez seja quem melhor fez isso desde que o jogo surgiu. E que tal a competitividade do camisa #12? Acredite ou não, mas ele deve permear na conversa para os esportistas mais competitivos que já existiram. Dito isso, fica a pergunta: como ir contra a carreira de Tom Brady?
Não sei o que é mais incrível, se é saber que Tom tem cinco anéis de Super Bowl (e tudo que foi falado anteriormente), ou se é o fato de que ele ainda está à solta, como favorito para conquistar mais um aos 40 anos de idade e embaralhar de novo a mente daqueles que amam a NFL. Em meio à especulações, previsões e incertezas, uma coisa é fato: ver a história sendo escrita desta forma e bem à nossa frente em um esporte é algo raro e extremamente especial. Portanto, Tom Brady, obrigado. E até logo!
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