O Washington Nationals acabou de conquistar a World Series (a final da Major League Baseball) pela primeira vez na história. E a franquia, que agora tenta figurar no cenário mais alto da MLB por outros anos, tem uma história curta, a qual começou no Canadá e quase teve aquele que é considerado um dos maiores esportistas de todos os tempos.
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O mês de junho costuma ser tranquilo para o quarterback Tom Brady. O astro do New England Patriots, desde que chegou à NFL em 2000, tem esse período como o início das preparações para o início de uma nova temporada.
Raramente lesionado e nunca envolvido em debates contratuais ou algo do tipo, junho, de fato, significa quase férias para Brady.
Mas há 24 anos a narrativa não era a mesma para o atleta que na época estava próximo de completar seu 18º aniversário.
Em junho de 1995, completando o último ano na Junipero Serra High School, Brady foi selecionado pelo Montreal Expos, da MLB, na 18ª rodada do Draft (507ª escolha geral).
“(Brady) tinha um potencial alto,” disse o ex-general manager dos Expos Kevin Malone, em entrevista ao MMQB. “Ele era um catcher inteligente, canhoto, e com rebatida potente. Ele tinha força no braço. Ele tinha tudo que o justificasse como um All-Star nas Ligas Maiores.”
Os Expos foram fundados em 1969, tendo chegado aos playoffs da MLB apenas uma vez até 2004. Verdade seja dita, em uma das melhores campanhas da história do time, em 1994, o strike dos jogadores mudou os rumos da temporada e nem sequer teve a realização da World Series.
A equipe de Montreal, depois de problemas financeiros, acabou mudando para Washington — e sendo nomeada Nationals — em 2005.
A posição de catcher é, possivelmente, a mais importante/complexa do beisebol. Esta é a função responsável por orquestrar os tipos de arremessos de quem está no montinho, evitar roubos de base e, claro, defender o home plate. Um erro do catcher costuma ter maiores consequências durante um jogo.
Enquanto no high school, não é comum que catchers “chamem o jogo” como a nível profissional. No caso de Brady, a comissão técnica conferiu a responsabilidade a ele devido ao lado mental e estratégico do jogador.
Segundo ex-companheiros e técnicos, Brady estudava os rebatedores que iria enfrentar, em especial os pontos fracos daqueles que ele já conhecia dentro de campo.
“Ele tinha um livro sobre esses caras (outros rebatedores) em mente,” disse Jon Chapman, o principal pitcher de Serra naquele ano. “Se eu tentasse mudar o sinal dado por ele, ele mandaria o mesmo sinal. Era tipo, OK, vamos com isso. Tommy sabe o que está fazendo.”
Brady era, além de uma estrela na posição de quarterback, o capitão do time de beisebol de Serra, escola reconhecida por projetar ótimos jogadores para a MLB.
De acordo com o MMQB, através dos dados disponíveis da época, ele teve média de 31,1% rebatendo a bola, com oito home runs, 11 doubles (rebatidas duplas) e 44 RBIs (corridas impulsionadas).
Apesar de ter sido uma escolha tardia no Draft da MLB, os motivos disso não estão diretamente atrelados ao nível de Brady — e o contrato que os Expos planejavam oferecer a ele indica tal fato.
“Dinheiro do tipo da parte de baixo da segunda (rodada), começo da terceira,” disse John Hughes, um dos scouts da franquia na época, sobre o primeiro contrato de Brady. “Se nós estávamos oferencendo este tipo de valor a ele, nós sentíamos que ele tinha futuro na grande liga.”
Por que Montreal nunca fez isso oficialmente?
Brady simplesmente tinha o futebol americano como paixão e, por mais que tivesse jogado ambos esportes em alto nível (o chamado nível varsity) por múltiplos anos, era com a bola oval que o jovem almejava seguir carreira.
Tenha em mente que naquele momento da carreira, Brady estava deixando o high school e já tinha oferta de bolsa de estudos na Universidade de Michigan. Assinar contrato com os Expos — uma vínculo profissional — significaria que o universitário não estaria permitido a atuar no college football.
Brady sempre foi firme e direto que iria jogar futebol americano.
Quase três décadas mais tarde, não tem como dizer que ele não sabia o que estava fazendo.