Por Lucas Borges David
O Super Bowl, no primeiro domingo de feveiro, marca anualmente mais um capítulo na história da NFL. Mas a partir do apito final da decisão, inicia-se o período “parado” da liga.
De março até agosto os acontecimentos do futebol americano profissional ficam fora das quatro linhas, deixando os torcedores na ansiedade pelo início do campeonato seguinte.
Com isso em mente, em diversas épocas, surgem ideias de competições para serem disputadas durante a parada da NFL. E diante dessa lacuna, o projeto mais promissor teve o seu fim com o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sendo um dos protagonistas.
Na década de 80, surgiu a United States Footbal League (USFL). A essência da liga era disputar futebol americano na primavera, época que não acontecia nenhuma competição da modalidade, nem mesmo o college football.
O conceito foi elaborado por David Dixon e contou com apoio financeiro da rede de televisão ABC, que investiu US$ 13 milhões pelos direitos de transmissão do primeiro ano (1983). Recém-criada a ESPN, também buscava transmissões do esporte da bola oval e via na liga uma boa oportunidade.
O projeto previa doze cidades com times, incluindo 10 nos maiores mercados consumidores dos EUA. Na prática, o objetivo para com as cidades teve sucesso, englobando de fato grandes centros do país norte-americano.
Esses foram os times que disputaram a USFL:
– Arizona Wranglers
– Birmingham Stallions
– Boston Breakers
– Chicago Blitz
– Denver Gold
– Houston Gamblers
– Jacksonville Bulls
– Los Angeles Express
– Memphis Showboats
– Michigan Panthers
– New Jersey Generals
– Oakland Invaders
– Oklahoma Outlaws
– Philadelphia Stars
– Baltimore Stars
– Pittsburgh Maulers
– San Antonio Gunslingers
– Tampa Bay Bandits
– Washington Federals
Até 1984, havia um acordo de cavaleiros entre os donos dos times para que houvesse um teto salarial. Visando o seu crescimento e competir com a NFL, a liga ampliou para 18 times já no segundo ano de existência.
Impulsionar a liga ainda mais nos principais mercados era o próximo objetivo, e a a USFL pressionou as franquias de Los Angeles e Nova Iorque para que essas fossem vendidas a proprietários mais influentes. Então que Donald Trump, na época um jovem empresário, comprou a franquia New Jersey Generals.
Após a aquisição de Trump significava um novo momento da USFL, marcada pela intenção de crescimento descontrolado. Aquela conjuntura, então, viu várias franquias realocadas em um espaço de três anos e o teto salarial proposto inicialmente foi quebrado.
A instabilidade tornou fator de destaque da liga nos anos seguintes.
O time do atual presidente americano já tinha o melhor running back da liga em Herschel Walker, e o dono do clube resolveu abrir a carteira e reforçar ainda mais o time, gastando valores não habituáis aos outros times da USFL.
Uma das ideias de Trump foi buscar o quarterback do Cleveland Browns Brian Spice.
Diretamente, as outras equipes também começaram a gastar mais e isso desencadeou uma crise na liga. De forma indireta, até a NFL inflacionou sua folha salarial a fim de não perder atletas para o campeonato rival.
Muitos especialistas consideram que a participação como dono dos Generals tem um papel importante na ascensão da imagem de Trump, politicamente falando.
O empresário ganhou notabilidade e apoio da população ao enfrentar o monopólio da NFL. Trump ganhou mais visibilidade para o público, o que combinou precisamente com seus negócios na época, que alavancaram depois da tentativa no mundo dos esportes. Vinte anos depois, ele ficou ainda mais famoso apresentando o reality show “O Aprendiz”.
O estopim para a queda da USFL aconteceu quando Trump contratou o quarterback Doug Flutie por US$ 8,2 milhões. O atleta não retribuiu em campo e a franquia foi eliminada na primeira rodada dos playoffs.
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Como consequência da queda do time mais badalado, a audiência foi ladeira abaixo: a ABC parou de transmitir os jogos e a jovem ESPN tentou negociar a compra dos direitos de transmissão por um preço mais barato. Sendo assim, a liga passou a dar prejuízo e começou a ruir depois de pouco tempo, até acabar anos depois.
Após a USFL, vários projetos tentaram emplacar uma liga alternativa de futebol americano nos meses de março até julho. Porém, nenhuma obteve o sucesso da liga da década de 80.
Outro projeto de liga “rival” a NFL é a XFL, fundada em 1999 e que teve início em 2001. Todavia, o nível da XFL, bem como a competitividade entre os times, qualidade das transmissões e organização interna, fracassou, o que limitou a existência da liga em apenas uma temporada.
Depois de anos parada e diversas negociações falhas entre a WWE e NBC, empresas que comandaram a XFL, a liga anunciou em 2018 que tentará voltar a atividade a partir de 2020 gerenciada por Vince McMahon.
Um dos focos da liga são as transmissões digitais dos jogos em seu aplicativo, e o planejamento aponta para 10 partidas de temporada regular, duas semanas de playoffs, durante o inverno e primavera após o Super Bowl. O Draft deve acontecer em outubro deste ano, com o Training Camp começando em novembro.