Julio Jones e Antonio Brown são dois dos melhores wide receivers da NFL. Mais que isso, é sensato até dizer que ambos já estão entre os melhores recebedores de todos os tempos.
Jones tem a maior média de jardas recebidas por partida na carreira (96,7), o que fez dele o jogador a atingir 10.000 jardas recebidas com a menor quantidade de jogos disputados na história (104). E Brown, além de ser o único WR com pelo menos cinco recepções e 150 jardas em todos os confrontos de uma temporada, acumula o recorde de mais campeonatos seguidos com 100/+ recepções, seis (e contando).
Mas a offseason 2019 colocou outra similaridade entre esses dois excelentes wide receivers.
Enquanto Brown foi trocado do Pittsburgh Steelers para o Oakland Raiders, teve que assinar um novo contrato e por algumas semanas até foi o WR mais bem pago da liga, Jones, mesmo com dois anos restantes em seu vínculo assinado em 2015, queria uma nova extensão contratual com o Atlanta Falcons.
O camisa #11, que completou 30 anos de idade em 2019, ameaçou não jogar sem um novo contrato, afinal, ele não queria correr o risco de se lesionar e não ter uma segurança a longo prazo depois de tudo que fez pela equipe da Georgia. Enquanto isso, Brown, 31, também ameaçou não jogar, mas sob outras circunstâncias.
O camisa #84 não pode mais usar seu tradicional capacete, fabricado em 2010, que não foi aprovado pela NFL com as novas medidas de segurança da liga. Por isso, sim, Brown disse que não jogaria e acabou perdendo a maior parte do Training Camp dos Raiders.
Mais tarde, Brown foi multado por não comparecer aos treinamentos, e ficou indignado com isso.
Também na offseason, Jones viu seus companheiros Grady Jarrett e Deion Jones ganhando novos contratos e em momento algum veio a público criticar sua diretoria.
A multa dada a Brown, que finalmente havia encontrado um capacete bom o bastante para ele, foi motivo central da discussão entre o wide receiver e o general manager dos Mike Mayock. Não se sabe exatamente o que Brown disse a Mayock, porém foi reportado que foi algo longe do esperado em um ambiente profissional. Tanto que Brown se desculpou para com a franquia.
Todavia, o conjunto da situação como um todo montou um cenário que, se os Raiders quisessem ser maior que o jogador, as desculpas poderiam e deveriam ser aceitas, mas o ocorrido como um todo não.
Foi isso que aconteceu: a equipe de Oakland, que aparentemente teria retirado a multa pela ausência nos treinamentos, decidiu manter a intenção de multar o jogador, desta vez mais atrelada ao comportamento desse dentro da organização. Veja bem: você não pode ameaçar o executivo responsável pela sua contratação, Brown.
E foi com essa multa que os Raiders deixaram Brown em uma situação que o wide receiver não teve muitas opções sobre o que deveria ser feito.
Pela suspensão imposta, Brown perdeu o direito de quase US$ 30 milhões garantidos de quando assinou o contrato de três anos com o time californiano. Para ele, sua média de US$ 16 milhões por temporada continuaria, mas sem nenhuma garantia. Ou seja, o primeiro cheque que Brown receberia dos Raiders marcaria US$ 14 milhões, caso o atleta (um veterano) estivesse no elenco oficial da semana 1.
Sem o valor garantido, Brown pediu publicamente para ser dispensado.
Horas antes, a quase quatro mil quilômetros de Oakland, Jones não apareceu no treinamento dos Falcons e sua presença na semana 1 foi colocada em pauta. O wide receiver declarou que estava fazendo “de tudo” para jogar, no entanto, precisava de um novo contrato.
O pedido foi aceito. Para ambos.
Sem sequer entrar em campo pelos Raiders, Brown foi dispensado pela equipe, o que faz dele um free agent horas antes da continuação da rodada de abertura em 2019.
Por outro lado, Jones ganhou a segunda renovação contratual de sua carreira com os Falcons. Atlanta assegurou os serviços de Jones por outros três anos, por US$ 66 milhões, sendo 100% disso garantido (US$ 64 mi já na assinatura).
É a primeira vez que um wide receiver atinge média salarial na casa dos US$ 20 milhões. E os 97% do valor garantido ao assinar o vínculo também estabelecem uma marca recorde, pertencente a Trey Flowers (74%) anteriormente entre não-quarterbacks.
Jones ganhou tudo.
Brown agora não tem nada. Pelo menos não por enquanto.