Uma nova temporada da NFL está prestes a começar e, mais uma vez, o Buffalo Bills tem incertezas na posição de quarterback. Todavia, verdade seja dita, neste ano, assim como nos últimos três, as dúvidas sobre quem será o líder em Buffalo não acontecem porque o time não tem opções, mas sim porque a equipe precisa decidir entre o atual QB do elenco, Tyrod Taylor, ou dar uma chance a algum outro disponível no mercado ou quem sabe até no Draft – lembrando que teremos nomes interessantes nesses dois casos.
Antes de qualquer coisa, é preciso lembrar que os Bills atravessaram um período caótico na posição de quarterback. Não foi por acaso que o time amargou o maior jejum de temporadas sem ir aos playoffs na NFL por acaso. Entre 2009 e 2012, Ryan Fitzpatrick até teve certa regularidade under center em termos de partidas disputadas, mas a verdade é que Fitzpatrick nunca foi um exímio QB titular na liga. Além dele, sem contar Tyrod Taylor, outros seis nomes diferentes começaram pelo menos um jogo pelo Buffalo Bills neste período. O resultado final de tudo isso foi uma campanha 37-49 entre 2009 e 2014. Como adiantado, sem nenhuma classificação à pós-temporada.
Neste processo de “procura de um quarterback para a franquia”, os Bills acabaram dando uma chance a Tyrod Taylor – e na primeira oportunidade que teve o camisa #5 mostrou que estava acima dos nomes testados até então. Em sua primeira temporada como titular, Taylor completou mais de 63% dos passes que tentou, teve 20 TDs para apenas 6 INTs e venceu. Acredite ou não, mas ele ainda esteve no Pro Bowl daquele ano, substituindo Cam Newton.
Um ano mais tarde, Tyrod Taylor continuou o titular em Buffalo, porém uma temporada decepcionante do time de um modo geral acabou culminando na demissão do head coach Rex Ryan, fato que, posteriormente, questionou a presença de Taylor nos Bills. Especulava-se que o time pretenderia trocá-lo ou até mesmo cortá-lo, ao invés de cumprir o último ano de contrato. Um pouco mais tarde, o Buffalo Bills ainda renovou o contrato do QB até o fim da temporada 2018. Enfim, Taylor teria mais calma para trabalhar, certo? Nada disso! Sean McDermott acabou se tornando o novo treinador dos Bills e, em poucos meses, Tyrod voltou a balançar na NFL.
Taylor parece não ter se sentido confortável sob o comando de McDermott
Na temporada passada, o Buffalo Bills começou com consideráveis mudanças fora das quatro linhas. Como citado, Sean McDermott assumiu o comando do time e Brandon Beane foi contratado como general manager. A verdade é que se não fosse a recém-renovação do contrato de Tyrod Taylor não seria um absurdo imaginar que McDermott e Beane iriam optar por outro nome under center, e isso aconteceria por responsabilidade das duas partes, é preciso ressaltar. Em outras palavras, é mais apropriado dizer que Taylor foi muito mais uma herança para o time de McDermott do que um reforço ou uma peça crucial do ataque.
Em campo, em 14 partidas como titular, a produtividade de Taylor caiu consideravelmente. Ele não conseguiu ultrapassar as 3.000 jardas aéreas pela primeira dez desde que se tornou um quarterback nº1, baixou sua média de jardas por passe completado para 6,4 (respectivamente, em 2015 e 2016 foi de 8,0 e 6,9) e obteve somente 14 touchdowns, também a pior marca da carreira. Estava evidente que Taylor não estava confortável – mas a questão aqui é porquê os Bills não fizeram mais esforços para melhorar o que estava em volta do QB; como analisado no item abaixo, era o mais sensato a se fazer.
Mas não pense que foi “apenas” isso: na semana 11, contra os Chargers, Sean McDermott anunciou que Tyrod Taylor não começaria o jogo, dando lugar ao novato Nathan Peterman. Detalhe: naquela altura do campeonato, Tyalor vinha em uma sequência de quatro partidas com 2 triunfos, 4 touchdowns e 1 interceptação. Ou seja, não haviam motivos concretos para tirar o QB do time titular. O resultado disso não poderia ter sido diferente: Peterman lançou 5 (!) interceptações nos dois primeiros períodos e, logo após o intervalo, Taylor retornou ao gramado.
Até o fim da temporada 2017 da NFL, então, Tyrod manteve a titularidade. Contudo, com tantos nomes interessantes de QBs no mercado e Draft, e o relacionamento “estranho” do camisa #5 para com a diretoria e comissão técnica, o futuro de Taylor é incerto em Buffalo. Verdade seja dita, McDermott declarou no começo desta semana que os Bills não planejam cortar seu quarterback titular, aceitando, assim, pagar os US$ 6 milhõesde bônus contratuais por 2018. De qualquer forma, isso não significa que ele permanecerá no Buffalo Bills. Pelo contrário, pagar esse valor significa um complemento ainda maior para uma eventual troca às franquias interessadas.
Para o atual Buffalo Bills, Tyrod Taylor parece, de fato, ser a melhor opção
Com tudo isso em mente e, principalmente, tendo conhecimento das três últimas temporadas dos Bills, pergunto: por que não continuar com Tyrod Taylor como titular em 2018? Que Taylor é um quarterback titular, à essa altura da National Football League, não tenho dúvidas – e precisaria ver pelo menos duas temporadas desastrosas do camisa #5 para mudar minha opinião sobre isso. Buffalo tem peças talentosas no elenco, teria um quarterback com quatro anos de experiência no mesmo sistema ofensivo (e um a mais com Sean McDermott), é um QB versátil e que sabe correr bom a bola, e ainda poderia ver o elenco dos Bills muito reforçado com duas escolhas de 1ª rodada de Draft neste ano.
Existe mais alguns pontos importantes a serem ressaltados aqui. O primeiro deles é que o Buffalo Bills já conhece Tyrod Taylor. Já sabe quais são as qualidades, defeitos, limitações, especialidades… Enfim, ele está ambientado na franquia há anos. E sabemos que ele está longe de ser um quarterback ruim em todo este tempo. Se não for ele o titular nesta temporada, os Bills terão que apostar em outro nome (e todos os candidatos têm pelo menos uma grande incerteza). Kirk Cousins, Sam Bradford, Case Keenum, AJ McCarron, Teddy Bridgewater, Nick Foles (por troca), esses são os QBs mais interessantes neste ano, certo? Bradford pouco apareceu neste ano, McCarron é um reserva tentando ganhar espaço, e tanto Keenum quanto Foles foram reservas que tiveram um ano de 2017 muito bom. Nada mais que isso. Por fim, sabia que Cousins (que está um nível acima de todos esses) está em busca de um grande contrato – e você já está certo que ele vale tudo isso?
A segunda, e última, ressalva a ser feita está relacionada às estatísticas de Tyrod Taylor. Veja bem: nos últimos três anos, Taylor teve um total de 65 touchdowns (corridos e lançados) e 21 turnovers (fumble ou interceptação). Em média, desde 2015, ele totalizou 2.952 jardas aéreas, 525 jardas terrestres, 17 TDs passados, 4,6 TDs corridos e menos de 7 turnovers por ano. Sua produtividade ofensiva certamente pode melhorar em alguns aspectos. Mas a forma como ele protege a bola pode ser comparada aos quarterbacks de elite da atualidade. Em geral, esses não são números de um QB “para se jogar fora”.
Já ia me esquecendo de citar os triunfos de Taylor nas últimas temporadas. Desde 2015, ele totaliza uma campanha 26-26, com uma ida aos playoffs, algo que os Bills não conseguiam desde 1999. Diga-se de passagem, esses 50% de aproveitamento do camisa #5 é superior ao aproveitamento de Kirk Cousins neste período.
Trocar o certo pelo duvidoso? Abrir mão de um quarterback acima da média e que protege bem a bola? Como citado, o sistema ofensivo dos Bills pode evoluir consideravelmente em termos de produtividade, e Taylor tem grande responsabilidade nisso. Todavia, tudo indica que não é a hora certa de passar a era Tyrod Taylor em Buffalo. Pelo menos não para 2018.
O que o Buffalo Bills deve fazer com Tyrod Taylor? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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