Antes mesmo que a temporada 2016 da NFL terminasse, o Buffalo Bills oficializou que Rex Ryan, após duas temporadas por lá, não seria mais o treinador da franquia. Desta forma, Ryan, o qual começou sua carreira de uma forma raramente vista para um técnico da liga, deparou-se com sua segunda demissão nos últimos três anos.
Assim sendo, a NFL vê um de seus nomes mais icônicos na função de head coach em xeque. Após excelentes anos como coordenador defensivo dos Ravens e bons trabalhos com os Jets, Rex Ryan amarga algumas desconfianças, algo como para um treinador da NFL na atualidade.
Um quarterback calouro, uma defesa excepcional e uma seca de playoffs, assim podemos resumir a carreira de Ryan. Teremos alguma chance de acrescentar um novo tópico a esses itens?
Era-New York Jets: os primeiros anos dos sonhos de qualquer treinador
A história de Rex Ryan como head coach na NFL começou a se escrever depois que o New York Jets viu toda a competitividade do treinador nos tempos de coordenador defensivo em Baltimore, em 2009. Em Nova Iorque, Ryan tinha em mãos um time que precisava vencer, acima de tudo. O último título dos Jets aconteceu em 1968 e a equipe não disputava uma final de conferência desde 1998.
Além disso, vale ressaltar que os Jets não vinham de um passado com bons elencos. Por exemplo, um ano antes da chegada de Rex Ryan o quarterback por lá era Brett Favre em um ano “avulso” de sua carreira. Para piorar as coisas, como se não bastasse um técnico estreante, New York teria um quarterback calouro, chamado Mark Sanchez (conhece?).
Mas não é que deu certo… Sabendo que Sanchez, mesmo tendo sido a 5ª escolha geral no Draft, não tinha um braço extremamente talentoso como uma de suas principais características, Rex Ryan fez o necessário para suprir seus defeitos: construiu uma defesa de elite. Para se ter uma noção, o sistema defensivo dos Jets foi de 18º em 2008 para o 1º da NFL em 2009. Na época, o setor ficou marcado como um dos mais sólidos dos últimos tempos. O próprio Darrelle Revis, um dos melhores cornerback que a liga já viu, teve seu ápice – quando todos os quarterbacks evitavam lançar a bola em sua direção – sob o comando de Rex Ryan.
Assim sendo, um running back em alto nível (Thomas Jones jogou muito bem naquela temporada) e uma defesa foram capazes de segurar um time, o que deixou Mark Sanchez (12 touchdowns e 20 interceptações naquele ano) em posição de vencer seus jogos. Tanto que nas duas primeiras temporadas do quarterback na NFL (e de Ryan como treinador) New York teve 20 vitórias e 12 derrotas, tendo ainda disputado a final da AFC duas vezes consecutivas – e isso inclui uma campanha em que eliminou Peyton Manning e Tom Brady.
Todavia, enquanto os ataques vencem jogos e as defesas ganham campeonatos, são os quarterbacks que mantém uma equipe competitiva por mais tempo. Ele é o responsável por dar mais tempo e tranquilidade à comissão técnica de criar um bom elenco ao seu redor. Porém, após “bater na trave” duas vezes, Ryan não teve o retorno necessário de Sanchez. Jogadores saíram, lesões surgiram, a pressão aumentou e o resultado disso foi uma campanha 26-38 nos próximos quatro anos, sem nenhuma ida à pós-temporada.
O culpado não era Ryan, mas a verdade é que o New York Jets precisava de mudanças. Como estamos acostumados a ver, mudança na NFL significa primeiramente trocar o treinador – sei que isso faz sentido, mas, acredite, nem sempre deveria acontecer.
Era-Buffalo Bills: dois anos longe do topo
Se os Jets estavam desesperados para retornarem à glória, imagine o Buffalo Bills. Mais um ano fora dos playoffs em 2016 fez com que Buffalo chegasse a 17 temporadas longe do mata-mata – a maior sequência dos esportes americanos na atualidade.
Quando Ryan chegou por lá, os Bills tinham possivelmente o melhor pass rush da NFL, o qual vinha de uma temporada com 52 sacks. Tal fato culminava que Rex deveria fazer justamente o inverso que havia feito em New York: agora era a hora de construir um ataque que igualasse e equilibrasse o nível da defesa. Para isso, Tyrod Taylor, que estava apagado em Baltimore, assumiu a titularidade do time e LeSean McCoy um dos melhores running backs da última década, foi contratado dos Eagles.
Entretanto, assim como era esperado que o sistema ofensivo evoluísse – e isso aconteceu –, era inesperado que o sistema defensivo decaísse – o que também veio a acontecer. Desta forma, já em seu primeiro ano com o Buffalo Bills, vindo de quatro anos em baixa com os Jets, Rex Ryan não viu nada sair como esperado, nem para os executivos do time, os torcedores e nem ele mesmo. Em suma, apesar de ter permanecido apenas um ano com os Bills, a segunda temporada de Ryan o colocava naquele processo de “obrigação de pós-temporada ou rua”. E não deu outra. Buffalo até teve bons momentos no ano, porém não conseguiu corrigir alguns erros. Além disso, não viu um ano consistente de Taylor, o que ajudou a piorar as coisas.
Em praticamente duas temporadas completas em Buffalo, Ryan acumulou uma campanha 15-16, tendo ficado fora dos playoffs em ambas mesmo com a equipe lutando até as últimas semanas.
Tem sido cada vez mais difícil começar um trabalho como head coach na NFL, e Rex Ryan é vítima nisso
O trabalho de Rex Ryan como treinador do New York Jets foi ruim? Não, mas sua demissão se deu por fatores inevitáveis em um time de futebol americano. E no Buffalo Bills? Aí sim já é algo para questionarmos seriamente.
Com isso, Ryan agora amarga uma dúvida comum para muitos treinadores – e muitos mesmo; não é todo dia que vemos um Bill Belichick por aí. Ele está em baixa, desempregado e sem ter a certeza de si mesmo. Além disso, cada vez mais as equipes que precisam de um novo head coach (não são poucas) vão atrás de coordenadores – ofensivo ou defensivo) bem-sucedidos, o que piora ainda mais a situação de Rex, o qual já não é um treinador “novo em folha”; pelo contrário, já são seis anos sem que um time comandado por Rex Ryan vá à pós-temporada.
A medida que os anos estão passando, a liga demonstra uma carência de treinadores estabilizados (leia mais aqui), o que significa que a NFL cada vez mais precisa de bons treinadores. Rex Ryan é um deles?
Você contrataria Rex Ryan para ser o treinador do seu time? Deixa sua opinião nos comentários ou nas redes sociais.
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