Ninguém deveria ficar surpreso com o fato de o confronto de abertura do campeonato entre Chicago Bears e Green Bay Packers ter sido dominado pelas defesas.
De um lado, estava o melhor sistema defensivo da NFL na temporada passada. Jogando em casa, os Bears tinham a responsabilidade de corresponder à altura de um setor que foi o nº 1 da liga em pontos cedidos e turnovers forçados em 2018, além de top 3 em jardas permitidas.
Do outro, tentando equilibrar em elenco que não conseguiu ir aos playoffs nas duas últimas temporadas, os Packers buscavam ver boas notícias de sua nova defesa. Em pontos sofridos por partida, por exemplo, os 25 tentos colocaram Green Bay abaixo da média na NFL ano passado, algo que não condiz com uma franquia que tem um dos melhores quarterbacks de todos os tempos.
Desta maneira, enquanto para Chicago não foi preciso “fazer muito” no que diz respeito à free agency e Draft para melhorar defensivamente, Green Bay teve uma das offseasons mais agitadas dos últimos anos.
Os cabeças-de-queijo aceitaram perder jogadores relevantes, primeiramente. Clay Matthews, Mike Daniels e Jake Ryan talvez tenham sido os principais deles. Em compensação, os Packers optaram por uma nova estratégia de contratação: investir pesado em defensores abaixo dos 30 anos.
Green Bay assinou com três jogadores que, mais que se encaixarem perfeitamente no elenco, atualmente vivem seu auge no futebol americano.
Za’Darius Smith, Preston Smith e Adrian Amos levam a Wisconsin algo raro, porém necessário. Nenhum deles tem mais que 26 anos de idade, e o contrato mais discreto entre o trio foi de quatro anos, US$ 37 milhões.
Adicionalmente, os Packers ainda priorizaram o Draft e mantiveram não apenas as duas escolhas de primeira rodada que tinham, mas também o objetivo de reforçar o sistema defensivo. O resultado disso foram as chegadas de Rashan Gary e Darnell Savage Jr.
Enquanto isso, como adiantado, os Bears, que escolheram pela primeira vez no Draft 2019 na terceira rodada, destinaram suas duas primeiras picks às posições de running back (David Montgomery) e wide receiver (Riley Ridley).
No embate que abriu a temporada 2019, então, entendemos novamente por que Chicago de fato não precisava focar em sua defesa na última offseason.
Os Bears limitaram os Packers de Aaron Rodgers a 213 jardas totais, 13 first downs e 10 pontos, totalizando ainda cinco sacks. Contra um quarterback de elite, considere esta atuação perfeita.
Em contrapartida, os torcedores de Green Bay finalmente viram sinais positivos do sistema defensivo. Cinco sacks, 11 hits no QB, nenhum TD permitido, 255 jardas, 16 first downs, uma interceptação…
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Sem dúvidas, fazer isso contra Mitchell Trubisky, em um dia pouco inspirado para piorar ainda mais as coisas, limita em partes a empolgação. Entretanto, tenha em mente que os Packers cederam três pontos fora de casa contra um head coach conhecido exatamente pela genialidade ofensiva.
Essas similaridades de atuações, com ambas as defesas prevalecendo, justificam o porque de os torcedores dos Packers terminarem a semana 1 esperançosos, ao contrário dos fanáticos dos Bears, nos quais a preocupação predomina.
E não, não é apenas pelo triunfo propriamente dito.
Rodgers é um quarterback de talento indiscutível e que, mais cedo ou mais tarde, deixará o ataque de Green Bay como um dos mais alarmantes da NFL.
Em contrapartida, Trubisky começou em baixa uma temporada em que sua competitividade inevitavelmente está em pauta.
Enquanto ter uma defesa de elite do outro lado da bola ajuda a vencer jogos, quando isso se mantém por mais de um ano significa que “não há desculpas” para não vencer confrontos. Ou pelo menos apresentar sinais convincentes em campo.
Para o elenco como um todo, os Packers viram uma ótima notícia no setor que, como a offseason mostra, foi o centro das atenções na franquia. Já os Bears, que desde a chegada de Nagy para as sidelines e Khalil Mack como líder defensivo se preocuparam especialmente em reforçar o que estava ao lado de seu quarterback, continuam sem saber se têm, de fato, a resposta certeira na posição mais importante do futebol americano.
Na semana 1, Trubisky não lançou touchdown pela nona vez na carreira (27 jogos como titular), que agora configura a segunda pior marca da liga desde 2017, atrás apenas de Marcus Mariota, com 12.
Na mesma rodada, frente à uma defesa que roubou 36 bolas ano passado, Rodgers não foi interceptado. Desde a semana 1 de 2018, o camisa #12 tentou 627 passes e lançou INT somente duas vezes. Os 0,3% de INT lançado por tentativa do veterano configuram a melhor sequência da história da liga em um período com pelo menos 600 lançamentos feitos.
As atuações das defesas foram “iguais” na noite de quinta-feira. Os quarterbacks é que são diferentes.