Nas últimas semanas, um pouco antes do começo da temporada regular, a NFL viu uma antiga questão da organização voltar aos noticiários: as reivindicações e processos jurídicos dos nativos americanos (em inglês, Native Americans) pedindo a troca do nome “Redskins”, pertencente à franquia de Washington, ganharam certa repercussão na mídia americana.
De fato, este é um assunto bastante para a National Football League. Não pelo fato da instituição se encontrar muito pressionada por isso, até porque isso não acontece visto que as insatisfações ligadas ao nome vêm de uma pequena minoria que ainda busca ganhar forças neste processo, mas sim pois se trata de um tópico cultural, histórico e até mesmo social. A liga, neste caso, está lidando com um grupo social, o qual diz estar sendo rebaixado ao ouvir ou ler a palavra “redskins” como mascote de uma franquia de futebol americano.
Por mais que seja uma pequena minoria (os valores estão mostrados abaixo) e que essa possa estar exagerando (como mostram alguns comentários por aí), confortável ou não, a NFL tem que ao menos acatar tal pedido, com o intuito principal de fazer o melhor para todos, prezando, é claro, aquilo que mais importa para a organização: o espetáculo dentro de campo.
De onde surgiu o nome Washington Redskins
Antes de começar qualquer tipo de abordagem a respeito deste tema, é interessante voltar no tempo e descobrir como o atual Washington Redskins foi para a capital americana e de onde surgiu o termo “redskins”, causador desse impasse atualmente.
Tudo começou em julho de 1932 quando a NFL decidiu dar um time de futebol americano a cidade de Boston a um grupo de empresário da época, o qual tinha como pioneiro George Preston Marshall. Por estar em Boston, cidade que já tinha um time de beisebol chamado Boston Braves (atual Boston Red Sox), o novo time de futebol americano da cidade também recebeu o nome de Boston Braves.
O tempo se passou e, após greves e questões internas da NFL que tiraram muitos jogadores de seus times, Preston Marshall decidiu alterar o nome do time de football para que esse estivesse diferente do outro da cidade. Neste processo, Marshall optou pelo nome Boston Redskins, pois continuaria tendo conotações indígenas (dos nativos americanos) como o Boston Braves. Além disso, o termo Indians estava sendo utilizado pelo time da cidade de Cleveland (Cleveland Indians), e a ideia era ter algo novo.
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Mais tarde, em 1937, George Preston Marshall decidiu voltar a sua cidade natal, Washington D. C., levando sua franquia junto e gerando assim o nome Washington Redskins.
Por que isso pode ser considerado uma ofensa aos nativos americanos?
Para tentar entender melhor o lado dos nativos americanos, é preciso analisar mais detalhadamente a situação. Para isso, pode ser feita uma comparação (de um modo geral, obviamente) entre o processo de colonização do território americano e do brasileiro: os colonos ingleses que foram para os Estados Unidos trataram os nativos americanos assim como os colonos portugueses trataram os escravos aqui existentes naquela época.
Deste modo, com o passar dos anos, os nativos americanos passaram a receber como chamamento a gíria “redskins” (em português, peles vermelhas), e a consideram ofensiva para eles, pelo contexto de desigualdade em que estavam inseridos na época.
Assim sendo, o nativos americanos, ao ouvirem o termo “peles vermelhas” se sentem ofendidos devido às opressões e desigualdades raciais já existente na cultura americana. Eles ainda consideram que esse fato seja um esteriótipo da ética, e constantemente dizem “Não queremos ser os seus mascotes!”, dando a entender que o nome definido realmente é uma ofensa dos membros da franquia (“colonos”) para com os nativos.
Por isso, desejam que Washington não tenha mais um mascote fazendo reverência – para eles menosprezadora – aos Redskins.
Como as opiniões estão divididas nesta situação
Vale lembrar que esta reivindicação pela mudança do nome “Redskins” acontece há anos: pesquisadores indicam que a primeira tentativa jurídica ocorreu em 1968. Todavia, desde então, nenhuma abordagem por parte desses nativos americanos tinham provas atualizadas e claras sobre o argumento utilizado. Alguns especialistas acreditam que enquanto o nome for Redskins, não importa em que ano esteja, os protestos sempre estarão lá.
O curioso neste caso é que nem mesmo a maioria dos nativos americanos considera o termo “redskins” ofensivo: uma pesquisa feita pelo Washington Post este ano mostrou que aproximadamente sete a cada dez nativos americanos não vêm o termo como ofensivo. Além disso, entre todos os entrevistados pelo jornal, 90% também não viram problema com o termo.
Um outro renomado jornal americano, o New York Daily News, realizou uma pesquisa sobre o assunto. Nos resultados, foi mostrado que os mais velhos não apoiam as reivindicações de mudança do nome. Entretanto, os entrevistados entre 18 e 29 anos, declararam-se a favor da troca. Ainda, apenas 23% dos brancos, 38% dos negros e 33% dos latinos apoiam os nativos americanos neste caso.
Se de um lado existe o argumento de que a expressão é depreciativa e agressiva, os comissários da NFL e apoiadores do “redskins” enxergam a situação de uma maneira totalmente diferente, e consideram que esse termo é usado neste caso como algo positivo para os nativos americanos, pois invoca ao time de futebol americano as qualidades e coragem desses povos.
Inclusive, o proprietário da franquia – Daniel Snyder – se pronunciou sobre o assunto e disse que os Redskins significam, para a equipe, honra, respeito e orgulho.
O time da NFL de Washington
Enquanto para uns é Washington Redskins, para outros é apenas o time da NFL de Washington. Sim, aqueles que defendem tal mudança também se recusam a falar a palavra quando o assunto está atrelado à equipe futebol americano.
A mídia americana se mostrou conservadora sobre o assunto, mantendo opiniões tranquilas, mas deixando evidente que alguns profissionais acreditam que a retirada do termo “redskins” da franquia de Washington vai acabar acontecendo em algum momento, assim como já aconteceu em outras casos similares no passado:
- em 1972, a Universidade de Utah foi ordenada a trocar o termo Redskins, presente em seu nome até então. Com a mudança, ficou Utah Utes;
- a Universidade de Miami (de Ohio) também tinha Redskins em seu nome até 1997, quando teve que alterar o nome para Redhawks;
- um ano depois, o nome da Universidade que era Southern Nazarene Redskins, passou a terminar em Crimson Storm.
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