Como a NFL é magnífica! Quando pensávamos que já tínhamos visto de tudo nesta temporada, Miami Dolphins e Atlanta Falcons vencem fora de casa contra dois dos melhores times de suas respectivas conferências. E isso aconteceu no mesmo dia em que o New York Jets marcou sua maior quantidade de pontos no ano, o Tennessee Titans surpreendeu o Kansas City Chiefs e que o Cleveland Browns conseguiu uma virada no two-minute warning.
Com tudo isso em mente, separei os tradicionais destaques da semana abaixo.
Nos pequenos detalhes, os Seahawks derrubaram os 49ers
San Francisco 49ers e Seattle Seahawks se alinharam no Levi’s Stadium para protagonizar um dos duelos mais aguardados do ano. E as expectativas em torno de um lado invicto, favorito ao MVP e dois rivais de divisão foi concretizada com uma das melhores partidas da temporada.
Os Seahawks encontraram uma maneira de derrotar os 49ers por 27-24 nos segundos finais da prorrogação, com Jason Myers convertendo o field goal de 42 jardas com o cronômetro zerado.
San Francisco, através do kicker novato Chase McLaughlin, desperdiçou a chance de 47 jardas para vencer o duelo durante a prorrogação, a qual foi acionada por um chute de mesma distância de McLaughlin nos segundos derradeiros do tempo regulamentar.
O confronto teve sete turnovers forçados e um touchdown defensivo para cada lado. Venceu o time que errou menos no setor que costuma ser o diferencial em embates tão equilibrados.
Individualmente, Russell Wilson fechou a noite com 24/34, 232 jardas, um touchdown e uma interceptação, além de 53 jardas corridas. Wilson sofreu uma interceptação na red zone que por pouco não custou o triunfo a Seattle, mas comandou a 27ª campanha vitoriosa de sua carreira posteriormente, a qual o mantém firme nas considerações para o prêmio de MVP.
Mas Wilson provavelmente não foi o MVP deste Monday Night Football. Não com Jadeveon Clowney protagonizando uma das melhores atuações defensivas de 2019. Diante de uma das melhores duplas de offensive tackles da NFL, Clowney teve cinco tackles, cinco hits em Jimmy Garoppolo, um sack, nove pressões forçadas e um touchdown.
Pelos 49ers, que não tiveram sucesso carregando a bola (87 jardas em 27 corridas), Garoppolo não foi brilhante, apesar de ter deixado seu kicker em boa posição para os dois field goals mais importantes de sua equipe. Ele completou 24 de 46 lançamentos para 248 jardas, um touchdown e uma interceptação.
Do outro lado da bola, Fred Warner foi um (dos vários) grande playmaker para San Francisco, alcançando 10 tackles, dois sacks, dois hits em Wilson e um fumble forçado.
A rivalidade 49ers-Seahawks segue viva, e promete manter acirrada a disputa pelo topo de uma das divisões mais fortes da NFL em 2019.
Cook deixou os Cowboys sem resposta
Dallas Cowboys e Minnesota Vikings corresponderam às expectativas de um aguardado duelo no Sunday Night Football da semana 10. Estamos falando de duas das melhores equipes da Conferência Nacional, que contam com dois sólidos quarterbacks, defesas de elite e dois dos melhores running backs dos últimos anos na NFL. E um deles foi justamente o fator determinante no triunfo dos Vikings por 28-24.
Dalvin Cook terminou a noite com 183 jardas de scrimmage, incluindo 97 jardas e um touchdown correndo com a bola. Ao todo, Minnesota correu 36 vezes na partida, obtendo 153 jardas.
Foi a maior quantidade de jardas corridas cedidas pelos Cowboys em 2019; a segunda maior se considerarmos desde 2018. Incluindo playoffs, as 273 jardas permitidas na Rodada Divisional contra os Rams assumem a ponta dessa lista. E detalhe: Dallas saiu derrotado nas três ocasiões.
Ezekiel Elliott somou 47 jardas em 20 carregadas, saindo de campo sem converter nenhum first down pelas trincheiras.
Prescott com mais uma sólida atuação
Pegando gancho do item acima, há mais de uma década os Cowboys não terminavam uma partida sem converter nenhum first down correndo com a bola. Diante dos Vikings, a equipe de Jason Garrett teve 24 primeiras descidas, com 22 delas vieram em lançamentos de Dak Prescott e as outras duas através de penalidades de Minnesota.
Falando em Prescott, o camisa #4 totalizou 397 jardas e três touchdowns em uma das principais atuações profissionais da carreira. Apesar do revés, o quarterback mostrou que merece receber novo contrato dos Cowboys e o quanto antes isso acontecer, melhor para Jerry Jones.
Escrevi sobre isso na análise desta semana.
A NFL está longe de ser uma ciência exata
Para delírio dos apostadores, a NFL é uma liga que, no fim do dia, não pode ser explicada. E a semana 9 deixou isso claro mais uma vez.
O Atlanta Falcons foi até New Orleans enfrentar os Saints, em um embate com franco favorito definido, já que os visitantes vinham de seis derrotas seguidas, enquanto os mandantes tinham seis triunfos em série.
Nas sidelines, o sólido trabalho de Sean Payton em 2019, que faz jus às menções do head coach nas conversas de Técnico do Ano, certamente se contrasta com a pressão sobre Dan Quinn.
Todavia, o sistema defensivo de Atlanta, que entrou na rodada permitindo quase 30 pontos por partida, limitou Drew Brees e companhia a nove pontos (!), a pior marca deste ataque jogando em casa na era Brees. Matt Ryan e companhia anotaram 26 tentos do outro lado da bola para garantir um quase inexplicável resultado.
Payton não teve respostas para Quinn, e as 143 jardas corridas (para um time com menos de 80 por confronto em média) e os seis sacks (eram sete sacks ao todo antes do jogo) explicam a vitória de Atlanta.
Em outro resultado surpreendente, o Miami Dolphins conseguiu a segunda vitória consecutiva (as únicas) contra os Colts em Indianapolis.
Verdade seja dita, a equipe de Frank Reich não contou com Jacoby Brissett, lesionado. Ainda assim, considerando os Dolphins como grande favorito à primeira escolha geral do Draft 2020, o triunfo por 16-12 no Lucas Oil Stadium não estava no roteiro.
Miami teve média de 3,7 jardas por jogada (!), mas venceu mesmo assim. Brian Hoyer foi interceptado três vezes e Adam Vinatieri errou seu sexto extra point da temporada.
Os méritos dos Browns e deméritos dos Bills
Não foi um brilhante jogo de futebol americano no FirstEnergy Stadium. Afinal, enquanto o Cleveland Browns segue buscando ajustar o talento individual do elenco, o Buffalo Bills continua mostrando limitações ofensivas. Todavia, os mais de 67 mil espectadores presentes no estádio puderam acompanhar um jogo decidido apenas nos segundos finais com os Browns vencendo pela primeira vez desde a semana 4, 19-16.
Podemos dizer que esta talvez tenha sido a melhor atuação de Baker Mayfield em 2019. O segundo-anista totalizou 26/38 nos passes, 238 jardas e dois touchdowns. Foi a primeira vez na temporada que Mayfield lançou mais de um touchdown e não sofreu turnover.
A primeira escolha geral de 2018 também se destacou pela campanha vitoriosa no último período: 10 jogadas e 82 jardas em 3 minutos e 42 segundos, concretizada com passe de sete jardas para touchdown de Rashard Higgins. Além disso, a volta de Kareem Hunt após suspensão acrescentou, além de talento, versatilidade ao backfield de Cleveland. Hunt e Nick Chubb somaram 195 jardas de scrimmage.
Em contrapartida, os Bills, que ainda não derrotaram um adversário com campanha positiva neste ano, têm motivos de preocupação para com seu ataque — e em marcar pontos de um modo geral.
Josh Allen até não permitiu nenhum turnover (sofreu um fumble, mas que foi recuperado por Buffalo) e marcou dois touchdowns corridos, porém completou somente 22/41 dos lançamentos para 266 jardas. O plano de jogo dos Bills tentou apenas 20 corridas na tarde, produzindo 84 jardas contra uma das piores defesas no quesito em 2019. E o kicker Stephen Hauschka desperdiçou dois field goals, incluindo um de 53 jardas que empataria o duelo nos segundos finais.
A linha ofensiva dos Rams está em apuros
Desde que Sean McVay foi contratado, o Los Angels Rams se tornou um dos melhores times da NFL, venceu a vasta maioria de seus jogos, chegou ao Super Bowl e teve possivelmente o ataque mais consistente da liga.
No entanto, com cinco vitórias em nove jogos, as coisas não vêm funcionando da mesma forma para os Rams em 2019. E a apresentação da equipe diante do Pittsburgh Steelers deixou isso claro.
Los Angeles teve uma das piores atuações da era McVay, marcando 12 pontos e convertendo 16 first downs. O time, que terminou 1/16 em situações de terceiras/quartas descidas, sofreu quatro turnovers e saiu derrotado contra um adversário que totalizou quatro jardas por jogada. E mais: os Steelers atuaram sem o quarterback e running back titular.
A principal história da noite no Heinz Field foi a linha ofensiva dos Rams, a qual demonstrou mais fragilidades. Desta vez, foram quatro sacks e nove hits cedidos em Jared Goff, que teve um “dia para ser esquecido” com 22/41, 243 jardas e duas interceptações.
Pasmem, 243 jardas pareceram muito para Goff nas estatísticas finais, assim como quatro sacks não ilustram a forma como a linha ofensiva de L.A. foi dominada.
Outrora um dos pontos certos do time, embora nunca brilhante tecnicamente, o grupo de bloqueadores dos Rams tem pelo menos duas posições sem titulares aconselháveis/definidos e sofreu com lesões a menos de dois meses para o fim da temporada regular.
McVay não desaprendeu como orquestrar um ataque, Goff sabe lançar a bola e os recebedores dos Rams estão entre os melhores da liga. A questão é que a peça chave para tudo isso funcionar adequadamente está com defeitos.
Este futebol americano dos Chiefs nós já conhecemos
Depois de três semanas consecutivas apresentando o melhor futebol americano da temporada, a defesa do Kansas City Chiefs voltou a se mostrar vulnerável em múltiplos aspectos e ofuscou o retorno de Patrick Mahomes.
Mahomes, que ficou fora de duas partidas devido à lesão no joelho, completou 36 de 50 passes para 446 jardas e três touchdowns. Ele foi exatamente o quarterback que encantou a NFL, e fez com que cinco recebedores diferentes dos Chiefs tiveram pelo menos quatro recepções, incluindo 11 de Tyreek Hill.
Ao todo, o sistema ofensivo de Andy Reid alcançou 530 jardas na partida.
O problema para Kansas City foi que, enquanto o ataque funcionava, o sistema defensivo não teve respostas frente o ataque do Tennessee Titans. Impulsionados pelas 188 jardas e dois touchdowns corridos de Derrick Henry, os Titans somaram 225 jardas terrestres em 26 carregadas — média de 8,7 jardas por corrida!
Nos três jogos anteriores, os Chiefs permitiram um total de 285 jardas terrestres.
E por mais que o pass rush tenha aparecido (quatro sacks e um fumble forçado), a secundária de Kansas City não conseguiu parar o ataque aéreo dos Titans nos momentos mais importantes, o que explica os dois touchdowns de Ryan Tannehill em apenas 13 passes completados.
Combine isso aos dois erros do time de especialistas dos Chiefs em field goal (snap ruim e chute bloqueado) nas duas últimas campanhas do time no jogo. Não é difícil entender por que Tennessee venceu por 35-32.
Três destaques individuais:
Lamar Jackson
Lamar Jackson foi mais uma vez o quarterback mais impressionante da rodada, e a forma como o camisa #8 vem jogando às vezes passa a impressão que as defesas adversárias não estão preparadas para ele neste ano.
Com 15/17 nos passes, 223 jardas e três touchdowns lançando, e 65 jardas e um (brilhante) touchdown correndo — lance abaixo, Jackson não deu chances ao Cincinnati Bengals. Apesar das limitações do rival, a tranquila vitória fora de casa por 49-13 indica que os Ravens têm o momento a favor e precisam ser colocados entre os melhores times da Conferência Americana após cinco vitórias seguidas.
E mais: Jackson definitivamente está na prateleira mais alta das conversas para MVP, depois de já ter derrotado Tom Brady e Russell Wilson, em complemento às brilhantes estatísticas. Deshaun Watson e o Houston Texans são seu próximo compromisso.
Minkah Fitzpatrick
Comentei acima a respeito do momento ruim dos Rams e sobre a forma como a equipe teve dificuldade diante dos Steelers. Por mais que o ataque de Los Angeles esteja desregulado atualmente, é preciso creditar o sistema defensivo de Pittsburgh após mais um triunfo da equipe. E neste caso, é inevitável citar Minkah Fitzpatrick.
Contra os Rams, o ex-Alabama obteve quatro tackles, dois passes defendidos, uma interceptação e um touchdown.
Adquirido em troca após a semana 2 da temporada, Fitzpatrick já disputou sete jogos com a camisa dos metaleiros, nas quais soma cinco interceptações, um fumble forçado (outro recuperado) e dois touchdowns. Ele tem sido provavelmente o melhor safety em cobertura da NFL e representa uma das defesas mais promissoras da liga, a qual encontrou a quarta vitória consecutiva e tem chances reais de pós-temporada após um começo de campeonato desastroso.
Aaron Jones
A vitória do Green Bay Packers sobre o Carolina Panthers por 24-16 no Lambeau Field teve em Aaron Jones e Christian McCaffrey a grande história do duelo. Afinal, ambos os running backs têm protagonizado brilhantes temporadas, ganhando menções inclusive para o prêmio de Jogador Ofensivo do Ano.
No domingo, então, ambos foram destaques novamente, com Jones levando a melhor: enquanto McCaffrey somou 141 jardas e um touchdown, Jones decidiu para Green Bay ao alcançar 93 jardas e três touchdowns em 13 carregadas. Foi o segundo jogo do camisa #33 com três ou mais touchdowns, e o quarto com múltiplos TDs no ano.
Jones e CMC agora lideram a NFL em touchdowns depois de 10 semanas disputadas, com 14 cada.