Mais uma semana da NFL terminou. Nos jogos que vimos no domingo e na segunda-feira, pudemos acompanhar grandes destaques, individuais ou coletivos, bons ou ruins. Tais destaques, viraram notícia e agora nos mostram algumas lições que devemos ter para o restante da temporada.
Seattle Seahawks 23 x 27 Carolina Panthers
– O Carolina Panthers vai mesmo incomodar!
Muitas pessoas tinham o “pé atrás” com os Panthers mesmo estando invicto nas primeiras cinco semanas da NFL em 2015, por terem afrentados apenas oponentes considerados fracos. Contudo, na semana seis, o time foi até Seattle e derrotou os Seahawks! Talvez agora esteja provado que CAR é um dos bons candidatos a representar a NFC no Super Bowl, mas já deveria estar. Cam Newton vem jogando como forte pretendente ao MVP, Ron Rivera talvez seja o técnico do ano até aqui e a defesa conta com Josh Norman, o melhor defensor da Liga nos primeiros cinco jogos.
Ah, isto para não falar em Greg Olsen – que está provando ser realmente um bom tight end -, Luke Kuechly – meu LB predileto da NFL – e o jogo corrido – terceiro melhor em média de jardas corridas por partida.
Não, não queira pegar os Panthers em um possível confronto de pós-temporada, mesmo que fora de casa!
Buffalo Bills 21 x 34 Cincinnati Bengals
– O Cincinnati Bengals é, com certeza, o segundo melhor time da AFC neste momento; talvez até o melhor.
Este time dos Bengals é realmente especial. Não apenas por estarem 6-0 em 2015 – empatado como o melhor começo da história da franquia – mas também pelo alto nível em que vem jogando. Em todos os lados da bola.
Cincinnati, nessa sexta semana, foi até Buffalo e venceu com certa tranquilidade a boa defesa dos Bills, de Rex Ryan. Falei no primeiro jogo deste texto sobre Cam Newton, e que tal Andy Dalton? É também um dos candidatos mais fortes ao prêmio de MVP, sem dúvidas. Ele vem sendo chave para a campanha invicta de CIN até agora. Até mesmo quando não teve uma atuação brilhante, mostrou seu valor quando mais precisava, como naquele TD corrido e na campanha para empatar o jogo, na semana 5 contra os Seahawks. Ele também foi o grande responsável por colocar os outros (bons) recebedores dos Bengals no jogo, tendo em vista que A. J. Green seria anulado pelos defensive backs de Buffalo. Marvin Jones, Tyler Eifert e Giovani Bernard agradecem.
Contra os Bills, a linha ofensiva do time “zerou” a linha defensiva de BUF. Na temporada, Dalton sofreu apenas seis sacks, a segunda melhor marca da Liga. Defensivamente, o pass rush de CIN evoluiu muito em relação ao ano passado. Em 2014, foram apenas 22 sacks totalizados. Este ano, antes mesmo da sétima rodada, já são 17.
Realmente, após quatro reveses consecutivos em playoffs, este tem que ser o ano dos Bengals!
Cleveland Browns 23 x 26 Denver Broncos
– A defesa dos Broncos é realmente muito boa, mas o time não chegará ao Super Bowl jogando da maneira como está!
Por mais uma semana vimos um grande teste para o sistema defensivo do Denver Broncos. Novamente, uma excelente atuação. “Ataques vencem jogos; defesas vencem campeonatos.” Esta é uma das frases mais ouvidas na NFL, e ela realmente faz sentido. De todo modo, ela “defende” as defesas que tenham um ataque pelo menos mediano em números, ou relativamente eficiente em termos de pontuação. E os Broncos não têm isso neste momento. Como eu disse no podcast que gravei pelo Liga dos 32 ontem, a questão aqui não é nem quanto aos números que o líder deste ataque – Peyton Manning – possui; mas sim a maneira como vem devolvendo a bola rapidamente aos adversários, seja com tunrovers ou “three and out”. Defesas também precisam de tempo.
As vezes pode ser difícil entender totalmente o que quero dizer no parágrafo anterior, por isso vou colocar um simples exemplo recente do que eu estou falando. O Seattle Seahawks de 2013 e até mesmo de 2014. Primeiramente, quero deixar claro que aquele defesa dos Hawks era superior à atual dos Broncos, assim como Manning leva superioridade sobre Russell Wilson. Enfim. Nas temporadas passadas, víamos uma defesa brilhante por parte de Seattle, mas também um ataque que aproveitava várias situações, executava “big plays”. Tudo bem, Emmanuel Sanders teve um TD de 75 jardas em belo passe recebido, mas veja o restante do jogo (e de todo 2015 até aqui também). Peyton Manning precisou de pelo menos três campanhas para ter bom avanço contra a defesa dos Browns e, mesmo assim, alcançou apenas um FG.
Em janeiro, novamente, estaremos ansiosos para ver como Manning estará nos playoffs. Desta vez, não é uma questão de dar show, mas apenas de fazer o básico!
Detroit Lions 37 x 34 Chicago Bears
– Nem os Lions e nem os Bears são os piores times da NFL!
No primeiro quarto da temporada, muitas pessoas – eu estou nessa lista – que o Detroit Lions ou o Chicago Bears era o pior time da Liga em 2015. Mas não, não mesmo. Os Lions realmente não vinham fazendo nada, e nem devem conseguir muito neste restante de temporada, pois dependem que muita coisa aconteça no mesmo dia para triunfarem. Um exemplo: se Calvin Johnson não tivesse inspirado e em sintonia com Matthew Stafford na partida do último domingo, Detroit perderia o jogo não tem dúvidas. Ainda nisso, Stafford foi visivelmente melhor em relação às semanas anteriores pois sua linha ofensiva foi muito bem nesta sexta rodada. O Detroit Lions depende disso tudo e um pouco mais ainda, já que a defesa é… cedeu 34 pontos para o Chicago Bears.
Bears que, por incrível que pareça, evoluíram muito nos últimos três jogos, com a volta do então lesionado Jay Cutler. Nas últimas três ocasiões, Chicago derrotou os Raiders – que estão com Derek Carr mostrando serviço -, os Chiefs em Kansas e agora fizeram boa aparição contra os Lions no Ford Field. Matt Forte segue em ano brilhante, como de praxe. Cutler, apesar de cometer erros crucias em alguns momentos (como aquele INT na endzone contra DET), está se mostrando um pouco mais confortável.
É óbvio que os Bears não vão aos playoffs e muito provavelmente os Lions também não. Em contrapartida, é provável que ambos os times não tenham a primeira escolha do draft em 2016!
Jacksonville Jaguars 20 x 31 Houston Texans
– Blake Bortles é, definitivamente, o quarterback dos Jaguars para os próximos anos!
Como eu havia dito em várias das prévias que eu fiz ao longo da offseason, nos podcasts L32 ou aqui mesmo no Shotgun, 2015 teria grande valor aos Jaguars se eles conseguissem encontrar seu verdadeiro QB. O time vem com muitas preocupações nas temporadas recentes da Liga, especialmente porque suas escolhas de primeira rodada não dão em nada. Por isso, seria de grande importância para o time de Jacksonville ter uma preocupação – a maior delas no caso – a menos, que é justamente quanto ao seu quarterback. Obviamente que não estou colocando Bortles em um altíssimo nível, apenas estou dizendo que ele pode vencer jogos com este time.
Blake Bortles é uma das boas surpresas da temporada, apesar de não ser dos mais badalados. Com a média que ele está agora, se mantive-la, terminará a temporada com 4.350 jardas, 39 touchdowns e 19 interceptações. São números MUITO interessantes, muito acima da média. São números que os Jaguars não viam de um QB há algum tempo.
Bortles ainda lança algumas pick six e erra alvos fáceis, mas a questão para Jacksonville agora é organizar o que está ao redor de seu QB, e não ele por si só.
New York Jets 34 x 20 Washington Redskins
– Este time dos Jets pode, com certeza, ser uma das potências da AFC em 2015!
O New York Jets, drasticamente, subiu de nível. O time não está mais no patamar de vencer apertadamente (ou até mesmo perder) para adversários mais fracos. Mas em qual nível o NYJ está agora? Não sei. Ainda. Muito provavelmente teremos uma grande noção após a rodada do próximo domingo, quando o time enfrenta seu maior rival e concorrente direto na divisão New England Patriots.
Em 2015, os Jets poderiam facilmente estar invictos ainda, se não fosse um dia ruim da defesa que cedeu muitas jardas corridas ao Philadelphia Eagles. Tudo bem, eu sei que Nove Iorque não enfrentou times tão fortes, mas é justamente por isso que afirmo que o time subiu de nível. Enfrentou fracos adversários? Sim. Mas triunfou com certa facilidade diante desses. Chris Ivory e Brandon Marshall vêm jogando como All Pros, Fitzpatrick cuidando da bola e tendo certa eficiência, a OL cedeu apenas dois sacks em toda a temporada até aqui e a defesa é a melhor da Liga em números. Ah, e o calendário ainda ajuda até o fim de dezembro.
As chances reais de vitória na AFC Leste estarão em jogo contra os Patriots na sétima semana. Mesmo assim, se vier uma derrota – o que é esperado – o time deve ser levado muito a sério.
Pittsburgh Steelers 25 x 13 Arizona Cardinals
– A defesa dos Steelers vem fazendo aquilo que fazem as defesas campeãs!
E que tal este Pittsburgh Steelers? Nos três jogos sem Ben Roethlisberger – contra Ravens, Chargers e Cardinals -, foram duas vitórias e uma derrota muito sofrida para Baltimore. Certo, Josh Scobee? O ataque dos metaleiros vem produzindo relativamente bem, mas o que vem deixando o time no caminha das vitórias é a defesa. Sim, é uma defesa que cede muitas jardas (principalmente pelas fragilidades da secundária), mas não permite tantos pontos. E vem forçando turnovers em momentos importantes das partidas. Na temporada inteira, a pontuação mais alta permitida pelo Pittsburgh Steelers fora 28, na estreia, para o forte New England Patriots.
Tal conjuntura me lembra justamente os sistemas defensivos que o Patriots teve recentemente. Nas boas campanhas dos Pats, que inclui múltiplas idas ao Super Bowl e várias finais de conferência, o time tinha uma defesa que cedia muitas jardas, dava campo ao seus oponentes, mas evitava touchdowns e, acima de tudo, era fatal nos outros quesitos. Pittsburgh aparentemente encontrou seu kicker. O time de especialistas é decente e oferece perigo sempre que Antonio Brown está com a bola.
Com tantos jogadores explosivos, não devemos tirar os Steelers da briga na AFC, ainda mais com a volta de Big Ben!
Green Bay Packers 27 x 20 San Diego Chargers
– Com este ataque terrestre, os Chargers não vão a lugar algum!
Philip Rivers vem muito bem na temporada. Ele é o líder de jardas aéreas até aqui e acabou de lançar além das 500 jardas contra o Green Bay Packers no Lambeau Field. Na semana passada, ele havia beirado a casa das 400 jardas. Boas atuações. Mas é curioso que nesses dois últimos jogos, o San Diego Chargers anotou 40 pontos no total, 20 em cada um. Muito pouco. É fato que a enorme quantidade de jardas de Rivers está diretamente ligada com a ausência do jogo terrestre que o time possui. Mas as baixas pontuações que a equipe vem produzindo também. Falta equilíbrio por lá.
SD tem média de 86,7 jardas corridas por jogo, a terceira pior marca da NFL. Tal impacto fica ainda maior para um time que tem uma linha ofensiva frágil e uma defesa com múltiplas incertezas. Melvin Gordon, um dos prospectos mais badalados do último draft, vem correndo mal, sofrendo com fumbles e decepciona em seu ano de calouro na Liga.
O San Diego Chargers não tinha tantas expectativas para a temporada, continua assim. Porém, Philp Rivers mostrou que dava para incomodar mais, principalmente dentro da divisão. Para isso, Rivers deveria contar com um jogo corrido pelo menos decente. Não tem, mas merecia.
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