*Este é mais uma análise da série especial de textos do Shotgun para o Super Bowl LII. Se quiser ler mais artigos sobre a decisão entre Philadelphia Eagles e New England Patriots, CLIQUE AQUI.
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“Ataque vencem jogos, e defesas ganham campeonatos!” Se você acompanha o futebol americano há um período de tempo razoável, muito provavelmente já deve ter ouvido esse “ditado”, que os fãs da bola oval costumam dizer. E em geral, sabemos que ele acaba sendo verdade.
Quantas vezes já vimos ótimos ataques contra ótimas defesas em Super Bowls e, na grande maioria das vezes, o lado que detém o sistema defensivo como superior levou a melhor. Foi assim em Steelers vs. Cardinals no Super Bowl XLIII, por exemplo. E também no SB XLVIII, entre Broncos e Seahawks, que tinham um dos melhores ataques e uma das melhores defesas de todos os tempos, respectivamente. Até mesmo quando dois sistemas ofensivos de elite se enfrentam, quem tem mais solidez no outro lado da bola costuma vencer. Pelo menos foi assim em Colts vs. Saints no Super Bowl XLIV. E saiba que esses são apenas alguns exemplos.
Portanto, seguindo essa linha de pensamento, é preciso avaliar o confronto ataque contra defesa no Super Bowl LII, entre Philadelphia Eagles e New England Patriots. Como cada sistema defensivo chega para a decisão? Como cada ataque pode ter sucesso? Teremos novamente a melhor defesa levantando o Troféu Vince Lombardi?
Com isso em mente, decidi analisar como funciona a defesa dos Patriots; os pontos fortes e fracos, basicamente. E mais: relembrei como os Eagles foram quando enfrentaram sistemas defensivos como aquele que terão pela frente no próximo domingo durante a temporada 2017 da NFL, em tese, é claro.
A defesa do New England Patriots: vulnerável, porém eficiente e ajustável
De uma maneira geral, a atual defesa do New England Patriots se parece com aquela que a franquia teve quando derrotou o Seattle Seahawks na decisão da temporada de 2014. Isso porque esse é um setor que permite muitas jardas aos adversários, não é brilhante em nenhum dos outros quesitos mais importantes (pressão no QB e turnovers forçados), porém cede poucos pontos. É eficiente quando o campo está mais curto para o rival. Fato que, combinado à capacidade que o ataque comandado por Tom Brady tem, consegue deixar o time em posição de vencer seus jogo.
Como adiantado, o sistema defensivo dos Patriots costuma permitir muitas jardas aos oponentes. Durante o ano de 2017, New England terminou como a 4ª pior da NFL em jardas totais cedidas por partida, sofrendo em média 366 por confronto. Desse total, 251,2 jardas foram aéreas (3ª pior marca da liga) e 114,8 jardas foram terrestres (apenas o 20º melhor time no quesito, em 32 equipes). Consequentemente, o total de jardas por jogada permitidas pelos Pats ao longo das partidas também é alto: 5,7, a 2ª pior marca da temporada.
Além disso, em outro dois tópicos importantes, esse sistema defensivo deixa a desejar. São eles: porcentagem de conversão de terceiras descidas dos adversários (que conseguiram isso em 39% das vezes quando enfrentaram os Pats) e turnovers forçados (foram só 18 no ano).
Entretanto, duas ressalvas importantes precisam ser feitas. A primeira delas é que o sistema defensivo dos Patriots melhorou consideravelmente na segunda metade da temporada, e isso inclui os playoffs. Tanto que enquanto nas primeiras oito semanas do calendário os adversários totalizaram 400/+ jardas por jogo seis vezes contra a defesa de Bill Belichick, os oponentes que enfrentaram os Pats entre a rodada 10 e final de conferência conseguiram isso apenas uma vez.
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O segundo destaque de relevância aqui é que a vulnerabilidade do setor defensivo de New England ao longo dos jogos não é visto no placar final dos confrontos. Isso explica porquê os atuais campeões tiveram a 5ª melhor defesa da liga em 2017 no quesito pontos sofridos por partida, com somente 18,5 tentos. No mais, o New England Patriots se destaca defensivamente pelos sacks já que terminou a temporada regular empatado como 7º time com mais sacks durante o campeonato, 42.
Resumindo: a defesa do New England Patriots, pelos jogadores que tem (principalmente na secundária), deveria ter apresentado números melhores. Afinal, são poucos turnovers forçados (nesta pós-temporada, isso ainda não aconteceu, aliás), muitas jardas cedidas e números que poderiam ser melhores em conversões de terceiras descidas. Entretanto, ao mesmo, tempo, esse é um sistema defensivo eficiente no fim do dia, já que permite poucos pontos, e que sabe executar o plano de jogo ideal para uma situação e/ou adversário que tem pela frente. Algo que só Belichick sabe fazer na atualidade.
O Philadelphia Eagles já enfrentou isso nesta temporada?
Se já é difícil analisar o rendimento da defesa dos Patriots pela singularidade que essa tem e pelo fato de ser comandada por um dos melhores head coaches de todos os tempos, imagine o ataque do Philadelphia Eagles, que teve o provável MVP da temporada até a semana 14, e desde então teve que alterar drasticamente seu plano de jogo. Além disso, o próprio jogo terrestre dos Eagles dificulta qualquer análise quando olhamos para o começo e fim do campeonato, já que Jay Ajayi foi contratado a partir do mês de novembro.
Quando olhamos para os 18 adversários que Philadelphia teve nesta temporada como um todo, nenhum é muito similar aos Patriots, defensivamente falando neste caso. De fato, Philly teve pela frente oponentes que permitiam muitas jardas, como Raiders, Redskins, Giants, por exemplo. Contudo, nenhum deles era eficiente nas proximidades da end zone como New England. De um modo geral, só dois oponentes apresentaram defesas relativamente semelhantes a de New England.
O primeiro deles (e o mais parecido) foi o Kansas City Chiefs, que enfrentou o Philadelphia Eagles na semana 2 da temporada regular. Como falado, não é algo justo avaliar o rendimento do ataque dos Eagles diante dos Chiefs na segunda partida do calendário, quando Kansas City era o melhor time da liga, Ajayi ainda estava em Miami, LeGarrette Blount esteve fora por lesão e Wentz estava apenas começando sua ótima temporada. De qualquer forma, o sistema defensivo dos Chiefs foi o 28º NFL em jardas totais permitidas por partida, o 29º em jardas aéreas e 25º em jardas terrestres cedidas em 2017. Ademais, assim como os Pats, Kansas teve uma melhora quando o assunto foi pontos sofridos por confronto: a equipe foi a 15ª melhor da NFL, com 21,2.
A maior diferença entre a defesa de Andy Reid para a de Bill Belichick, todavia, está nos turnovers e sacks. Os Chiefs tiveram 26 TOs forçados, porém somente 31 sacks conquistados.
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O Los Angeles Rams foi outra defesa que em termos de jardas permitidas (apenas isso!) teve rendimento parecido ao do New England Patriots. Philly enfrentou L. A. na semana 14, justamente o último jogo de Carson Wentz em 2017. Os Rams terminaram esta temporada apenas como o 19º time da NFL em jardas totais sofridas por jogo, com 339,5 de média, e especificamente em jardas terrestres foram ainda piores, como o 28º da liga, permitindo mais de 122 por confronto (New England ficou na casa de 114).
Contra os Chiefs, Philadelphia dominou em termos de jardas totais, tempo de posse e first downs. Entretanto, o saldo positivo de dois turnovers e o aproveitamento na red zone (2/5 contra 2/3) pró-Kansas City foram fatores determinantes naquela tarde para a vitória do time vermelho (27-20). Saiba que Philly teve apenas 107 jardas corridas nesta partida, sendo 55 delas de seu quarterback.
Diante dos Rams, o jogo foi bastante parecido, com a produtividade ofensiva do Philadelphia Eagles se mantendo basicamente mesmo. A maior diferença foi que os Eagles marcaram muitos pontos (43), sofreram menos turnovers e correram melhor com a bola (Jay Ajayi teve 5,2 jardas por tentativas na ocasião). O resultado disso não poderia ter sido diferente de uma vitória.
Podemos concluir ir que…
Apesar das comparações não serem das mais precisas, pois, como adiantado, nenhuma defesa da NFL atualmente é realmente parecida com essa dos Patriots e, principamente, porque Carson Wentz ainda estava em ação nas duas partidas em questão, não é coincidência que o Philadelphia Eagles conseguiu ter sucesso em termos de pontuação justamente na partida em que totalizou 139 jardas terrestres. No revés, foram 107 jardas totais – sendo mais da metade delas graças à habilidade atlética de Wentz.
Portanto, não fique surpreso e, se você é torcedor do Phildelphia Eagles, nem animado se Nick Foles e companhia começarem a ganhar muitas jardas contra os Patriots. Foi assim para a grande maioria dos adversários de New England até agora. A questão para os Eagles será a capacidade do time de pontuar contra uma das defesas mais eficientes nesse quesito durante todo o ano. Além disso, por tudo que vimos nos últimos 15 anos, ficou claro que é não se ganha de Tom Brady com uma partida ofensivamente medíocre. Pode parecer óbvio, mas, acredite, não é (quem acompanha a NFL sabe do que estou falando): Philly precisará de pontos no próximo domingo – e não existe segredo para isso.
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