O Cincinnati Bengals começou a temporada de maneira avassaladora, vencendo os primeiros oito jogos disputados. Contudo, após pequena queda de rendimento e convivência com alguns reveses, a franquia está vendo um novo obstáculo a esta altura da temporada, e que não deve ser menosprezado: as lesões.
Sobre esse assunto, a notícia mais recente – e preocupante também – fica por conta de Andy Dalton, que teve uma lesão em um dedo da mão no começo da última partida, contra o Steelers, e perderá alguns jogos, os quais têm considerável importância nesta reta final de temporada regular. Ainda não se sabe quando o QB estará de volta. Ele pode perder toda a temporada regular e retornar para os playoffs; ou então perder apenas um ou dois jogos. Ainda, boatos afirmam que talvez o ano de Dalton – e consequentemente do Bengals – esteja encerrado. Por isso, fica a pergunta: tendo em vista esse e outros desfalques da franquia agora, como devemos analisar o Cincinnati Bengals, time que tem talento e boas peças para competir, para o restante da temporada? O time terá força nos playoffs ou repetirá o fato dos últimos anos?
É difícil prever como um time se sairá sem seu jogador mais importante, o impacto (negativo) é esperado, porém nada concreto. Dalton vinha em um ano excelente, somando 3.191 jardas, 25 TDs e apenas seis interceptações, com um rating acima dos 100. Esses números não só o conferem o status de melhor atleta da franquia, como chegaram a por seu nome na conversa de MVP da temporada 2015, afinal de contas, Cincinnati vinha prosperando (no geral, ainda está) e tinha seu ataque aéreo em ótima fase e como força principal da equipe (9º melhor da Liga).
Mas não pense que o problema das contusões fica limitado ao fato Andy Dalton; outros nomes importantes também entram nesta lista: Tyler Eifert – líder de TDs do time em 2015 -, Andrew Whitworth – um excelente OL -, George Iloka, Dre Kirkpatrick – quem mais defletiu passes no elenco neste ano -, Adam Jones, Leon Hall, Vontaze Burfict. Nenhum deles ainda está 100%. Alguns até longe disso.
Sem todos esses nomes, o time teria chegada para vencer dois ou três jogos até o fim de dezembro para garantir uma importante folga na primeira rodada dos playoffs? Ou esses atletas deveriam se arriscar assim mesmo, para então evitarem os desastres de anos passados?
Relevando momentaneamente as baixas, é hora de lembrarmos como está sendo a temporada do Bengals e o que fez para, nesta etapa, estar com dez triunfos em 13 jogos e com a segunda melhor campanha da AFC. A equipe, após os oito jogos inciais, acumulava 8-0, sempre demonstrando equilíbrio nos dois lados da bola, com um ataque potente (6º) e defesa eficiente (9ª). Até então, Dalton havia lançado 200/+ jardas em todos os jogos e contava com boas ajudas de seus companheiros: por exemplo, na semana 2, Giovani Bernard correu para 123 jardas; já na terceira rodada, foi a vez de A. J. Green, que acumulou 227 jardas recebidas.
Entretanto, nos últimos cinco jogos, foram três reveses, sendo que o jogo corrido não teve nenhuma marca além das 100 jardas e o ataque aéreo oscilou em determinados confrontos: um para o Texans – quando o time não anotou nenhum TD -, outro para o bom Cardinals e, recentemente, para o rival Steelers. Nesse período citado, as duas vitórias foram diante de Rams e Browns; adversários relativamente tranquilos. Ou seja, se analisarmos de uma outra perspectiva, até mesmo no começo espetacular de temporada, veremos que o Bengals vem tendo dificuldade contra os melhores times da NFL, e isso será um enorme problema nos playoffs, ainda mais com os possíveis desfalques.
“Então, quem deve ser o protagonista agora?” Difícil falar em protagonista aqui, prefiro dizer mediador, para que os melhores momentos voltem a aparecer. Tratando-se disso, o nome a ser usado é Marvin Lewis, o head coach da franquia. Em meio a importantes lesões, incertezas e problemas (principalmente psicológicos) dentro de campo, quem deve “mostrar as cartas” é o treinador, tentando superar as baixas, dar continuidade ao trabalho planejado e recuperar a moral perdida. Sim, é claro A. J. Green tem que continuar recebendo muito bem, a defesa pressionando os QBs adversários (já foram 34 sacks em 2015) e o jogo corrido marcando touchdowns (14 em 2015), mas o principal fica por conta de Lewis. E esse tem chances de conseguir isso.
Capacidade ele tem, elenco também. Mas a pressão está por lá da mesma forma. Não devemos nos esquecer que o Bengals acumulou, entre 2011 e 2014 – as quatro primeiras temporadas de Dalton na Liga -, 40 triunfos e quatro idas à pós temporada. Todavia, nesses anos, não totalizou nenhuma vitória em playoffs. Quatro partidas e quatro derrotas. Tal retrospecto, mesmo que apenas números, pode ser (e indiretamente já é) levado a campo pelos torcedores e deixa a atmosfera ainda mais hostil em Cincinnati, dificultando consideravelmente o trabalho de Lewis. Um fracasso em 2015 poderia ser decisivo na permanência do treinador em Ohio, a imprensa andou criticando muito seu trabalho e o de A. Dalton.
Pelo menos até a semana 17, o calendário da equipe parece tranquilo. Mas existe jogo tranquilo sem seu melhor jogador? Bem… Prefiro dizer que o Bengals precisa vencer apenas mais uma para confirmar o título de divisão, e ainda enfrenta 49ers e Broncos, ambos fora de casa, e posteriormente o Ravens, no Paul Brown Stadium. Como dito, a ideia inicial é chegar aos playoffs, isso é claro. Depois, mas com enorme importância também, é ter a folga na primeira rodada. Com um elenco tão baleado, garantir alguns dias a mais de folga pode ser diferencial em uma vitória do Bengals nos playoffs, algo que não acontece desde 1990.
O time conseguirá tudo isso? A expectativa ainda é alta; mas a pressão também. Devemos esperar um Bengals fazendo de tudo para chegar lá, mas que realmente possa sentir a falta do – pressionado – Andy Dalton. Enquanto a franquia torce para que seus bons jogadores se recuperem rapidamente, os torcedores temem que isso não aconteça e nova eliminação precoce venha a tona. Sim, seria diferente das temporadas anteriores, mas seria uma eliminação da mesma maneira. Enfim. Para o bom futebol americano e temporada 2015 da NFL, ter o Cincinnati Bengals de volta seria importante. Então, torçam para que Andy Dalton e companhia estejam por lá; sem eles, isso dificilmente será possível.
Texto escrito para o site Liga dos 32
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