Um mês (isso mesmo!) de temporada regular está concluído em 2019 na NFL. Por mais que dezenas de fatos mereçam destaque aqui (e vários desses estejam por vir nas próximas horas), separei cinco que mais me chamaram atenção logo após a quarta rodada da liga neste ano.
A estratégia dos Bucs contra os Rams
O Tampa Bay Buccaneers foi até Los Angeles para enfrentar os Rams com uma estratégia clara: deixar a bola nas mãos de Jared Goff, algo até facilitado considerando o “novo Todd Gurley” em 2019.
Resultado: na semana 4, Gurley correu cinco vezes, a menor marca de sua carreira na NFL.
E por que Tampa Bay fez isso?
Bruce Arians sabe que cada partida da liga passa por derrotar o plano de jogo adversário. Além disso, é importante ressaltar que anular totalmente o sistema ofensivo dos Rams é algo complexo nos dias atuais.
E se o time adversário carrega a bola 11 vezes e lança 68, cometendo quatro turnovers totais, é quase impossível sua equipe não sair vitoriosa. Mesmo que o quarterback rival ultrapasse 500 jardas aéreas. Esta foi a conjuntura do triunfo dos Bucs por 55-40 contra os Rams.
A equipe da Florida dominou as trincheiras, colocando ainda mais incertezas em torno da linha ofensiva de Los Angeles, e também sobressaiu em terceiras descidas (8/13), os dois indicadores determinantes para o placar final.
Não foi uma um plano de jogo dominante e impecável dos Buccaneers contra os Rams. Mas foi um planejamento certeiro de um time que tem três vitórias em quatro semanas depois de totalizar cinco triunfos em todo o campeonato passado.
Como os Eagles marcaram 34 pontos em Green Bay
Parecia improvável para o Philadelphia Eagles sair de Green Bay sem o terceiro revés da temporada diante do até então invicto time dos Packers. Contudo, a equipe de Doug Pederson, além de contar com a volta de jogadores importantes, soube jogar uma partida como visitante em um dos ambientes mais hostis da NFL.
A vitória por 34-27 dos Eagles no Thursday Night Football passa exatamente por três pontos do ataque: linha ofensiva, turnovers e recebedores.
Green Bay chegou à semana 4 com 12 sacks e oito turnovers forçados, ambas as melhores marcas da liga. Depois do embate contra Philadelphia, esses números permanecem os mesmos.
Proteger Carson Wentz talvez seja o ponto mais essencial do atual Eagles. E cuidar bem da bola, em especial em uma noite com 176 jardas corridas, é o “sonho de todo visitante” em uma confronto com semana curta.
Por fim, a volta de Alshon Jeffery e Dallas Goedert deram a Wentz aquilo que limitava o camisa #11 em situações específicas dos confrontos anteriores: playmakers. Jeffery e Goedert, mesmo que com produção limitada em geral, deixaram Wentz mais confortável e foram responsáveis por dois dos três touchdowns aéreos dos Eagles na noite.
A gigante vitória dos Browns
Há muito tempo o Cleveland Browns não vencia um embate tão importante quanto o duelo diante do Baltimore Ravens em Maryland na semana 4 da NFL em 2019.
Primeiramente, a rivalidade Browns e Ravens dispensa comentários. Além disso, este confronto valia o topo a AFC Norte. E Cleveland, depois de todas as contratações feitas nas duas últimas offseasons, poderia presenciar uma pressão ainda maior em caso de um começo de campeonato 1-3.
Por isso, a imponente vitória dos Browns por 40-25 contra os Ravens, que têm um dos melhores jogadores da temporada até agora, vai além do resultado positivo.
Tenha em mente que Cleveland teve sua defesa jogando bem mais uma vez (três turnovers forçados) e viu o jogo corrido com a melhor atuação do ano, com 193 jardas corridas. 165 dessas jardas vieram de Nick Chubb, o qual também marcou três touchdowns pela primeira vez na carreira.
O jogo aéreo não precisou ser brilhante, mas as 167 jardas recebidas (124 delas depois da recepção) de Jarvis Landry certamente serão bem recebidas pela franquia.
Mais um sinal de defesa sólida, o brilho de um jovem running back de talento indiscutível, um recorde pessoal para o segundo wide receiver mais acionado do elenco…
É assunto para outra ocasião se o triunfo recente dos Browns acaba com as incertezas em torno da comissão técnica e ataque aéreo da equipe. Mas pelo o que se viu em campo, Cleveland não poderia pedir muito mais para a semana 4.
O duelo defensivo entre Bills e Patriots
O New England Patriots permanece invicto em 2019 após o triunfo por 16-10 sobre o Buffalo Bills na semana 4, embate de rara importância e que trouxe pontos positivos e negativos claros para ambos os lados.
Os Bills não cederam nenhum touchdown ofensivo aos Patriots, além de limitar a equipe de Bill Belichick a 3,8 jardas por tentativa (sim, com Tom Brady under center) e 3,2 jardas por corrida. Buffalo ainda interceptou Brady pela primeira vez na temporada e agora as duas últimas INTs lançadas pelo camisa #12 foram contra o time comandado por Sean McDermott.
De um modo geral, é difícil exigir algo melhor de um sistema defensivo com base em como os Bills jogaram na semana 4.
O problema para Buffalo é que a defesa dos Patriots também atravessa grande fase: o setor lidera a liga em pontos cedidos por partida, assim como turnovers forçados. Aliás, foram quatro bolas roubadas contra os Bills — E este foi o fator determinante no duelo.
Tanto Brady quanto Josh Allen foram pressionados constantemente. A diferença foi que, enquanto de um lado o mais experiente deles não hesitou em jogar a fora, o segundo-anista, mais uma vez, tentou encontrar lançamentos improváveis. O resultado final disso foi uma diferença considerável na batalha dos turnovers.
Isso para não falar no time de especialistas, que foi responsável pelo único touchdown dos Patriots na partida. Por outro lado, Stephen Hauschka errou um field goal de 49 jardas, algo que não pode acontecer contra New England.
De pontos positivos para as equipes, fica que os Bills viram a defesa subir de patamar contra um dos melhores times da NFL, enquanto os Patriots seguem encontrando caminhos para vencer impulsionados por um elenco com destaques pontuais.
Negativamente, Buffalo segue sofrendo com turnovers, não viu o melhor futebol americano de Allen de novo e ainda pode ficar sem o quarterback por algum tempo (concussão). Já New England, teve talvez a pior atuação ofensiva da era Belichick-Brady, marcada por uma linha ofensiva insegura.
A AFC Sul
A AFC Sul é a divisão mais equilibrada da NFL neste momento no que diz respeito à campanha das equipes. Afinal, os quatro times do grupo acumulam campanha 2-2 após quatro jogos disputados. Chama atenção o momento — e altos e baixos em somente um mês de temporada — de Indianapolis Colts, Jacksonville Jaguars, Tennessee Titans e Houston Texans em 2019.
Os Texans têm os melhores jogadores, individualmente falando, já derrotou Jacksonville, mas simplesmente não consegue engrenar sólidas atuações, vindo de derrota em casa para o Carolina Panthers com apenas 10 pontos anotados.
Os Jaguars não têm Nick Foles, mas podem ter encontrado seu novo quarterback em Gardner Minshew, que já venceu duas partidas como titular, incluindo um duelo direto contra Tennessee.
Os Titans golearam os Browns em Cleveland na estreia, porém perderam para Indianapolis e Jacksonville consecutivamente cedendo 13 sacks totais. O time estava “morto”, certo? Na semana 4, Mike Vrabel e companhia voltaram a apresentar bons sinais na vitória contra o Atlanta Falcons.
Por fim, os Colts, que perderam Andrew Luck antes da temporada, triunfaram no único duelo divisional que fez, mas o revés em casa frente ao Oakland Raiders na última rodada é um daqueles que relembra o torcedor de como as coisas devem ser quando Jacoby Brissett não tiver um grupo de apoio inspirado ao seu redor.
Muita coisa deve acontecer na AFC Sul em mais três meses de temporada regular.