Desde a semana 1 da temporada regular, deveríamos ter previsto que 2017 não seria um ano “comum” para o futebol americano profissional. Muito pelo contrário. Desde a rodada de abertura, vimos os Chiefs derrotando os Patriots no Gillette Stadium por 15 pontos, Eli Manning indo para o banco de reservas, as (exageradas) lesões como antagonistas do espetáculo, o ataque dos Rams indo de pior a melhor da liga, a invencibilidade de Jimmy Garoppolo como titular, os Bills retornando aos playoffs… Enfim, foram dezenas de fatos inesperados e que fizeram da temporada regular 2017 da NFL ainda mais espetacular. E se engana quem pensa que isso terminou nos playoffs. Pelo menos até as finais de conferência foi assim.
Nesta pós-temporada, já vimos passe de Marcus Mariota para touchdown de… Marcus Mariota. Vimos também o ataque dos Jaguars (comandado por Blake Bortles) marcando 45 pontos no Heinz Field. E que tal o duelo entre Vikings e Saints, um dos melhores jogos da história da National Football League? De uma maneira geral, como visto, esses playoffs estão imprevisíveis – e as Finais de Conferência são mais uma prova disso. Poucas pessoas poderiam prever que, após mais de quatro meses de campeonato, Tom Brady estaria em mais uma final de conferência rodeado por quarterbacks que, juntos, começaram cinco partidas de pós-temporada na carreira (isso é a quantidade de Super Bowls que Brady já venceu).
Certamente que o fato de Tom Brady estar a uma vitória do Grande Jogo não é surpresa para ninguém. Todavia, quando olhamos para os Vikings de Case Keenum, os Jaguars de Blake Bortles e os Eagles de Nick Foles, o mesmo não pode ser dito. Respectivamente, Keenum foi um dos QBs mais precisos da liga e conseguiu vencer a titularidade de dois titulares até então, Sam Bradford e Teddy Bridgewater. Bortles foi apoiado por uma das melhores defesas da liga, protegeu melhor a bola e nem parece ser a mesma pessoa de 2016. Por fim, o forte time dos Eagles se manteve forte mesmo sem Carson Wentz; Foles tem campanha 3-1 como titular em Philly desde então.
Em outras palavras, tudo isso indica que no dia 4 de fevereiro em Minnesota, podemos ter uma decisão disputada por Blake Bortles e Case Keenum, quarterbacks que começaram 2017 como dois dos mais desacreditados da NFL, por exemplo. Mas até que ponto ter um ótimo quarterback fará diferença nessas finais de conferência? Pelo menos até agora, isso não entrou em campo. É com isso em mente que ranqueei os quatro quarterbacks restantes nesses playoffs e falei um pouco mais sobre cada um deles, tendo em vista as finais de conferência.
1) Tom Brady, New England Patriots
De longe, Tom Brady é o melhor quarterback que está disputando as finais de conferência desta temporada. Enquanto o camisa #12 totaliza 26 triunfos em pós-temporada, nenhum dos outros QBs restantes tem mais de 22 triunfos na carreira na National Football League, por exemplo. Brady caminha a passos largos para disputar o oitavo Super Bowl de sua carreira e quem sabe conquistar o sexto título, fatos que o colocariam ainda mais no topo como recordista de ambos os quesitos.
2) Case Keenum, Minnesota Vikings
Por tudo que Keenum fez durante a temporada regular e, em especial, nas duas campanhas mais importantes contra os Saints no último fim de semana, tenho que colocá-lo como o segundo melhor QB neste Power Ranking. O momento está todo a favor do camisa #7. Nos últimos oito jogos, Case Keenum foi interceptado apenas três vezes. Ele não está nem próximo de resolver as partidas como Tom Brady costuma fazer. Entretanto, está consideravelmente acima dos outros quarterbacks em pauta quando assunto é poder de decisão. Pelo menos em 2017 foi assim.
3) Blake Bortles, Jacksonville Jaguars
Desde que chegou à NFL, Blake Bortles nunca cuidou tão bem da bola como tem feito nesta temporada – ele sofreu apenas 16 turnovers ao longo do ano. Além disso, seus 60,2% de aproveitamento nos lançamentos é, de longe, um recorde pessoal para o camisa #5. Os Jaguars perceberam que Bortles nunca conseguiria ser um exímio protagonista under center. O segredo das vitórias de Jacksonville até agora estão no apoio que o jogo corrido e principalmente a defesa dão ao quarterback. Nesta pós-temporada, Blake Bortles tem duas vitórias e nenhuma interceptação sofrida.
4) Nick Foles, Philadelphia Eagles
Quem diria que a relação Nick Foles-Philadelphia Eagles teria um novo capítulo desta forma. Aquele quarterback que teve 27 TDs e 2 INTs em 2013 acabou deixando Philly, passou por outras duas franquias e jamais teve o sucesso visto anteriormente. Tudo isso fez com que Foles retornasse ao Philadelphia em 2017 como um mero backup de Carson Wentz. Pouco mais de quatro meses após esse retorno, todos os fãs dos Eagles torcem para Nick Foles, como jamais fizeram antes. Ainda não vimos muito do camisa #9 na temporada nas quatro partidas em que ele foi titular. De qualquer forma, mesmo não encantando como no passado, ele tem feito o necessário para sair de campo com triunfos.
Até que ponto ter um ótimo quarterback fará a diferença nas finais de conferência?
Pelo que vimos em toda a temporada até agora, existe uma enorme diferença entre como o New England Patriots chegou às finais de conferência quando comparado a Minnesota Vikings, Philadelphia Eagles e Jacksonville Jaguars. Enquanto os Patriots viram a defesa com oscilações (e fragilidades) ao longo do ano, mas foram liderados pelo melhor quarterback da temporada, Vikings, Eagles e Jaguars, no fim das contas, tiveram em seus sistemas defensivos as principais armas. Não à toa, essas três estão entre as cinco melhores da temporada, incluindo as duas primeiras. Nesses casos, portanto, a posição mais importante do jogo ficou “em segundo plano”, digamos assim.
Acontece que cada franquia precisou ter algo para se apoiar além da defesa. Minnesota, por exemplo, viu Case Keenum atuar como um exímio titular (ele sofreu apenas sete interceptações em 14 partidas começadas) e se auxiliado por um jogo corrido sólido (fato que também pode ser considerado surpreendente pela saída de Adrian Peterson e lesão de Dalvin Cook). Philadelphia, por sua vez, também tem visto ótimas atuações do ataque terrestre e, principalmente, parece ter um plano de jogo que prevalece sobre qualquer oponente (totais méritos ao trabalho feito por Doug Pederson). Finalmente, Jacksonville contou com a evolução de Bortles e temporadas inesperadas de alguns calouros. O principal deles foi Leonard Fournette.
De uma maneira geral, foi assim que essas três equipes fizeram ótimas campanhas, triunfaram nos playoffs até agora e sonham com o Super Bowl. Direta e/ou indiretamente, elas sabem que precisam encontrar uma maneira de derrotar New England, um time que depende essencialmente do quarterback que tem. Sabemos que ataques vencem jogos e defesas ganham campeonatos. Contudo, o que ganha mais títulos, quarterback ou defesas? A resposta certa seria “os dois”? Se sim, pelo que vimos até agora, os playoffs seguem impossíveis de serem previstos. Contudo, felizmente, não irá demorar até descobrirmos isso.
Qual serão os fatores mais importantes nas finais de conferência da NFL em 2017/18? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
–
Siga-nos no Twitter @ShotgunFA
Curta no facebook.com/shotgunfootball