“Quem vence a batalha nas trincheiras, fica a um passo da vitória”; “Se tal time quiser ter qualquer tipo de chance na partida, será preciso correr bem com a bola”. Frases como essas são usadas corriqueiramente no futebol americano. Quem acompanha o esporte – e você não precisa nem ser um especialista no assunto para saber disso – tem conhecimento do quão importante é para uma equipe conseguir impor seu jogo terrestre.
Primeiramente, correr bem com a bola é uma ameaça direta para a defesa do adversário. Diversos times na história da NFL fizeram boas campanhas tendo o ataque corrido como sua primeira opção. Mais recentemente, o exemplo mais claro disso foi o Minnesota Vikings de Adrian Peterson. Além disso, como relatado, usar seu ataque pelo chão gera consequências e desdobramentos em diversos aspectos do seu time (e do adversário também). Definitivamente, o que está por trás de correr bem com a bola vai muito além de apenas ver seu running back conquistando muitas jardas.
Controlar o relógio, manter a partida sob sua conduta, conter momentos adversos dos jogos, cansar o adversário… Enfim, esses são mais alguns pontos que um jogo terrestre eficiente também tem impacto direto. De um modo geral, esse impacto atua em diversos aspectos, que não necessariamente estão interligados. Todavia, é possível entender o que está por trás de 150 jardas e dois touchdowns terrestres analisando três fatores primordiais.
Mais conforto para o quarterback
Se a posição de quarterback é a mais importante em um time de futebol americano e a performance nela normalmente define quem vence o confronto, é sempre uma boa ideia deixar o pocket confortável para o QB. E como um time faz isso?
Certamente que ter uma linha ofensiva sólida e compacta é o caminho mais fácil para isso. Todavia, não se pode avaliar uma linha de bloqueadores separadamente, até porque, no caso de uma blitz, por exemplo, ela não atua na contenção isoladamente. Combinar sua offensive line com um jogo terrestre de qualidade, sem dúvidas, é o requisito básico para que tudo isso aconteça perfeitamente.
Quando seu ataque corrido funciona, o pass rush adversário passa a não se preocupar única e exclusivamente em chegar ao quarterback e incomodá-lo no pocket, já que existem duas possibilidades ofensivas perigosas, o passe e a corrida. Além disso, os próprios linebackers adversários tendem a evitar blitz “repentinas”, já que esses são os principais responsáveis em dar o primeiro combate aos corredores oponentes.
Mais liberdade para os recebedores
Uma das grandes razões que não vemos diversos passes longos, no fundo do campo, em todo o tempo no futebol americano é a possibilidade da jogada (como um todo) dar errada. Para fazer isso, o quarterback precisa de mais tempo para lançar a bola, os wide receivers devem se desmarcar dos cornerbacks e safeties, e mais alguns detalhes precisam se encaixar para que um lance vertical explosivo aconteça. Com isso em mente, é possível concluir que para uma maior produtividade dos recebedores, especialmente em jogadas verticais, um jogo corrido eficiente é importantíssimo.
A questão de dar mais tempo ao quarterback está diretamente atrelada ao que foi retratado no item anterior. Correr bem com a bola divide o foco da defesa adversária, que deverá mandar menos homens ao quarterback, o qual, teoricamente, terá mais liberdade para executar suas leituras e encontrar o melhor alvo disponível, mesmo que esse seja em profundidade.
Ademais, quando seus corredores estão em um grande dia, nem sempre os linebackers são suficientes para contê-lo. Com isso, é preciso que os safeties (principalmente o strong safety) esteja atento para cobrir a corrida quando necessário. Assim sendo, com um safety dividido entre a linha de scrimmage e a secundária, significa que mais cornerbacks estarão em confrontos mano-a-mano com os wide receivers, fato que é extremamente favorável aos recebedores.
O play action se torna uma opção letal neste caso
Seu time vence o jogo por uma posse no último período e tem a bola nas proximidades da linha de 50 jardas, sendo que o nome da partida até aquele momento é o seu running back, que em 18 tentativas acumula média de 5,3 jardas por tentativa. Na 1ª descida, você opta por correr e seu RB ganha 4 jardas. Na 2ª, a mesma chamada e mais 4. Claramente, o front seven do adversário não tem encontrado sucesso em parar seu corredor. Desta maneira, você se depara com uma 3ª descida para 2 jardas e a defesa já sabe o que vem pela frente… Quer dizer, ela acha que sabe.
Neste caso, correr com a bola é a opção óbvia, já que faltam apenas duas jardas e tudo vai bem pelo chão. E isso está na cabeça da defesa. Assim, essa é uma situação muito propícia para um play action: você finge que entregará a bola para seu running back, os linebackers e safeties oponentes dividem suas atenções e focam na linha de scrimmage num primeiro momento, fazendo com que seus recebedores estejam em marcações individuais e em ótima posição para executarem grandes jogadas.
E mais: para se ter uma noção, analistas de futebol americano indicam que um play action, se bem executado, pode influenciar em até sete dos 11 defensores presentes em campo.
Defesa descansada
Talvez o maior impacto de um jogo terrestre eficiente e sólido por todo o tempo seja controlar o relógio. Se você conseguir estender suas campanhas e, ao fim delas, sair com pontos no placar – e repetir isso umas três vezes –, dificilmente será derrotado (dentro da normalidade, é claro).
Correr com a bola, então, faz seu time “ter o controle da partida”. Se o ataque está há muito tempo em campo, significa que sua defesa está descansando nas laterais e, o que é ainda mais importante, a defesa adversária está se desgastando em campo e o quarterback oponente está sentado, “esfriando” fora do gramado.
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No futebol americano, em um time campeão, é muito complicado separar a parcela de responsabilidade que cada setor do time tem, afinal, estou falando de um esporte que precisa do coletivo acima de tudo. Entretanto, mesmo que muitas pessoas às vezes deixem para segundo plano, juntamente a um quarterback realmente competitivo e uma defesa de alto nível, devemos colocar um jogo corrido de qualidade, que seja sólido e, principalmente eficiente. Como visto, com um ataque terrestre funcionando, você ganha muito mais que jardas e eventualmente pontos. Correr bem com a bola significa dar outro panorama ao seu time – e alterar o adversário também.
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