No último domingo, durante o Super Bowl 50, Marshawn Lynch anunciou que após nove temporadas na NFL, estava se aposentando. Deveríamos esperar que o Running Back faria isso. Ele não encontraria uma situação mais apropriada para (ele em si) dar uma notícia dessas. Mas a questão aqui é outra: Lynch é um Hall of Famer? Essa é uma pergunta bem intrigante e que já começa gerando um bom debate para quebrar a “ressaca” da temporada 2015/16.
É fato que poucos jogadores tiveram tanta influência dentro de campo quanto Lynch teve desde 2010, ano em que chegou em Seattle. Mesmo sem participar tanto de alguns jogos, ele era motivo de preocupações para as defesas adversárias e ainda assim continuava impactando a favor do Seahawks. Esta foi a fórmula daquele sistema ofensivo que marcou 43 pontos no Super Bowl 50. Esta foi a fórmula do “novo” Seattle Seahawks.
Vale lembrar que o RB entrou na Liga em 2007 (12ª escolha do Draft) – cinco posições atrás de Adrian Peterson – após ter sido escolhido pelo Buffalo Bills. Em seus dois primeiros anos na NFL, mesmo sem jogar os 16 jogos em nenhum desses anos, foram 1.000/+ jardas e 7/+ TDs em cada, o que fez dele um de 21 RBs que correram para mais de mil jardas e sete touchdows nas primeiras duas temporadas da carreira.
Após problemas extracampo, seu vínculo com o Bills ficou desgastado. A ascensão de Fred Jackson, combinada com a escolha de C. J. Spiller, fizeram com que Marshawn Lynch se tornasse opção de troca da franquia em 2010. Então o time de Seattle não titubeou. Uma escolha de quarta rodada e outra condicional de quinta fizeram com que o #24 se tornasse um atleta do Seahawks.
Muitos que vêm as três últimas temporadas de Lynch não imaginam que sua chegada à franquia não fora nada fácil. Em seus doze primeiros jogos, apenas 3,5 jardas de média e nenhum com mais de 90 jardas terrestres. Ano ruim do RB, ano ruim do Seahawks, o qual mesmo com campanha 7-9 conseguiu vencer a NFC Oeste e garantir uma partida de playoff em casa contra o Saints, que defendia o título naquela temporada. Todos sabem o que aconteceu depois disso. Você já sabe de qual jogada estou falando. Quem esteve ao redor de qualquer fato sobre futebol americano ouviu falar (ou viu) o “terremoto Beast Mode”. Essa jogada não apenas “incendiou” o CenturyLink Field naquela noite; ela acordou Lynch.
Entre 2011 e 2014, juntamente com as entrevistas curtas e falas polêmicas, Lynch teve 29 jogos (incluindo playoffs) de pelo menos 100 jardas corridas: melhor marca da NFL, três a mais que Arian Foster (segunda melhor marca) e nove a mais que LeSean McCoy (terceira melhor). Marshawn Lynch também teve 17 jogos com 100/+ jardas e 1/+ TD, o melhor da NFL nesse período.
O que pesa negativamente para o jogador são suas estatísticas totais da carreira. Ele totalizou 9.112 jardas terrestres, o que coloca ele apenas como 36º de todos os tempos. Grandes nomes, como Tiki Barber, Eddie George, Ottis Anderson, por exemplo, têm mais jardas terrestres que Lynch e não estão no Hall da Fama.
Ainda, vale a comparação dessa estatística com a de Terrell Davis, ex-RB do Broncos, que brilhou por um curto período na Liga e ainda aspira ser imortalizado (foi finalista em 2015 e 2016). “Mas por que citei Davis?”
Veja bem: Marshawn Lynch teve quatro anos excelente com o Seahawks, esteve em dois Super Bowls e venceu um. Terrell Davis brilhou em Denver por quatro temporadas, foi campeão duas vezes (em dois SBs), além de ter sido jogador ofensivo em 1996, MVP do Super Bowl em 1997 e MVP em 1998. Mesmo assim, as lesões encerraram antecipadamente a carreira profissional de Davis (que autuou por sete temporadas), e definiu o “calcanhar de Aquiles” dele quanto ao assunto Hall da Fama: “Quatro temporadas não são suficientes!” Não mesmo? Davis conhece a resposta. E Lynch, como será respondido quanto a isso?
Pelo que conhecemos da NFL, não é difícil imaginarmos que Marshawn Lynch não será introduzido ao Hall da Fama. Contudo, ele merece estar na discussão, pelo menos. Mesmo com todas as polêmicas envolvidas, é inegável que Lynch tenha marcado uma (curta) época na NFL e que suas grandes jogadas estarão para sempre na história do esporte.
A questão da ida ou não do camisa #24 ao Hall da Fama pode depender também do ponto de vista. Se um torcedor do Seahawks for opinar aqui, logicamente ele votará a favor. Se for alguém interno da NFL, é de se esperar que o voto seja não. Devemos aguardar qual será o desfecho dessa história e torcer para que Lynch consiga chegar à cerimônia de introdução do HOF, em Ohio, daqui a alguns anos. Caso isso realmente aconteça, só não espere um discurso dos mais longos caso ele esteja lá.
Texto escrito para o site Liga dos 32
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