Preparado para um pouco de “confusão”? O que você vai ler abaixo provavelmente é algo que não entrará em sua mente na primeira leitura. Além disso, também é provável que você discorde do que será dito – debates sobre quarterbacks na NFL geralmente fazem isso. Contudo, esteja paciente e disposto a entender essencialmente o que está no texto. Você não irá se arrepender e verá que de algum modo faz sentido.
–
Um dos debates mais comuns na NFL é sobre quem é o melhor jogador de todos os tempos. Trazendo para o cotidiano, quem é o “Pelé do futebol americano”. Johnny Unitas, Jerry Rice, Deion Sanders, Emmitt Smith, Terry Bradshaw, Joe Montana, John Elway, Dan Marino, Brett Favre, Peyton Manning, Ray Lewis, Tom Brady… São inúmeros nomes que fazem parte desta conversa. Entretanto, não confunda o melhor jogador de todos os tempos, com o maior da história. Essas definições são distintas e podem ter respostas diferentes também. Ainda mais em tempos que temos visto lendas aposentando e conquistando títulos, essa ressalva deve realmente ser feita.
Há algum tempo, comecei a reparar quem eram os bons e os grandes esportistas atuais – e aqui deixo claro que os grandes jogadores são também muito bons, essa definição geral é apenas para facilitar as coisas. Sempre que via algum pensava comigo: qual dessas definições era mais propícia a eles. Títulos, viradas histórias, recordes, sequências, triunfos… Esses são alguns dos requisitos que definem qual atleta é o mais soberano e “superior” dos esportes praticados.
Por isso, é importante saber diferenciar o melhor (excelente, soberano) e o maior (absoluto, máximo). Muitas vezes o melhor pode não ser o maior, ou vice-versa. Vale ressaltar que o processo para você ser “grande” requer mais do que simples vitórias ou boas temporadas. Isso demanda uma construção de dinastia, superações, decisões nos momentos mais importantes e títulos. Para ser excelente, o atleta precisa ser habilidoso e genial no que faz, acima de tudo.
Não existe uma fórmula ou caminho definido para decidir este status de um jogador. Por exemplo, um jogador pode ter alguns títulos a mais que outro e ser considerado pior. Ou então um deles pode ter estatísticas fantásticas e mesmo assim ser “menor” que seu concorrente. Simplesmente, é algo difícil de conceituar e concretizar. Esse processo é algo que deve ser visto e sentido pelo fã de esporte; ele é pessoal na maioria dos casos. Indo além destas definições, alguns jogadores podem se enquadrar nestas duas categorias citadas ou até mesmo em nenhuma delas, afinal não só de ótimos quarterbacks se faz uma liga.
LEIA TAMBÉM: Dan Marino: um herói jamais visto antes
Na NBA, por exemplo, Allen Iverson sempre foi muito bom mas nunca atingiu um enorme “status de grandeza” no jogo, se levarmos em conta o que fora dito até aqui. Se você é fã de basquete, dificilmente recordará deste fantástico armador por seus títulos ou por legados em que ele foi protagonista no maior campeonato de basquete do mundo. Muito provavelmente, você se recordará de Iverson pelos seus crossovers incríveis, pelo controle de bola, dribles e cestas maravilhosas. É difícil imaginar Iverson fazendo outra coisa que não fosse jogar basquete.
Colocando esses conceitos abordados nos parágrafos anteriores na NFL, temos exemplos mais claros. Eli Manning, por mais que esta sentença soe errada, é mais “maior do que melhor”, sem dúvidas, ao contrário de Iverson. Já teve seus fracassos em temporadas regulares, mas cresce em jogos importantes; já venceu dois Super Bowls sendo um deles contra o invicto Patriots de 2007… Situação similar a de Brett Favre. Sua vontade de jogar, seus recordes históricos e suas reviravoltas o fizeram um dos maiores (não melhores) da história do jogo. Vale ressaltar que não estou dizendo que Manning e Favre não são bons, pelo contrário, são/eram muito (!) bons, um dos melhores que o mundo já viu. Só estou afirmando que, partindo do pressuposto do título deste texto, vejo os dois como predominantemente grandes – ou até mesmo gigantes – quarterbacks, não excelentes. De fato, você precisa ser muito bom para se tornar grande no jogo, mas as definições se diferem essencialmente.
Um novo exemplo: Joe Montana é bom? Exageradamente, a ponto de entrar na discussão dos melhores da história, mas seu legado na NFL fez dele muito grande no jogo, um dos maiores, se não o maior. Não é fácil estar inserido nessas duas conversas, talvez por isso Montana, para muitos, seja “o cara” da liga.
Usando tais argumentos, podemos elaborar melhor o debate entre Peyton Manning e Tom Brady, na minha opinião. Debate esse que tanto esteve em pauta e que deverá estar até quando a National Football League existir. Quem é melhor? Peyton Manning. O maior? Tom Brady. Pode ser confuso novamente…
Fico com Manning como o melhor pois penso que ele nasceu para jogar futebol americano (não que Brady também não tenha nascido). Veja Peyton durante os jogos, a dedicação, a maneira que ele joga, desenha as jogadas (como se fossem virtuais) e as executa com tanto sucesso é algo fantástico. Várias vezes ele faz passes quase impossíveis parecerem fáceis. É como uma máquina laçando bolas. Em uma comparação direta com Brady e Montana, penso que Manning tem mais habilidade, técnica para o jogo. Por outro lado, apesar de fazer mágicas em algumas passagens, Peyton Manning teve certos problemas em playoffs, os quais o tornaram melhor (ao invés de maior) nesta discussão.
Por outro lado, são as atitudes de Tom Brady dentro de campo que o fazem ser considerado um dos maiores quarterbacks de todos os tempos. Brady é muito bom e tem sim estatísticas fantásticas e temporadas incríveis. Entretanto, ele é especial pela intensidade durante os jogos. Ele é um dos esportistas mais competitivos do mundo; da NFL, o mais. O camisa#12 dos Patriots quer vencer sempre toda semana – e consegue isso, diga-se de passagem. Na maior parte dos casos, lembramos Tom Brady pelos títulos, postura em momentos decisivos e legados construídos. Sua grandeza na NFL é invejável.
Por fim, quem é o maior e melhor quarterback não importa muito. Não sei também até que ponto existe uma enorme diferença entre as duas características, mas vale frisar melhor cada uma delas. Para os principais jogadores da liga, então, é ainda mais complicado caracterizar quanto ao melhor e maior, uma vez que os dois conceitos podem estar tão atrelados. Pertinente ou não, certa ou não, esse texto é mais um reflexo da falta que a temporada regular já está fazendo e uma pequena dose de ansiedade para o Super Bowl LI.
Pra você, quem é o maior e o melhor quarterback da história da NFL? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
–
Siga-nos no Twitter @ShotgunFA
Curta no facebook.com/shotgunfootball