Frequentemente, falamos dos melhores times da Liga, que demonstram grande equilíbrio em todos os lados da bola, com os sistemas de ataque e defesa sólidos e time de especialistas preciso. Nessa conversa, geralmente incluimos, em 2015, o Arizona Cardinals, Cincinnati Bengals, New England Patriots, Carolina Panthers. Entretanto, pelo que pudemos ver no último mês, devemos incluir o Kansas City Chiefs também.
A campanha de 1-5 nos primeiros seis jogos da temporada e a perda de Jamaal Charles – melhor jogador do time -, fez os torcedores do Chiefs acreditarem novamente que 2015 seria mais um daqueles anos que o time não conseguiria engrenar e acabaria eliminado precocemente mais uma vez. Todavia, após algumas partidas conturbadas, parece que a franquia está superando as adversidades e se mostrando cada vez mais preparada para fazer frente aos melhores times da NFL no momento.
Quem imaginaria que o Chiefs seria uma das equipes com maiores chances de classificação após 11 semanas da temporada? Mas sim, é isso mesmo! O time está engrenando, apesar de não atrair tanta atenção como outros candidatos. Neste momento, são quatro vitórias seguidas, todas marcadas por uma defesa consistente e um ataque pontuador.
No parágrafo anterior, foi falado brevemente sobre a lesão de Jamaal Charles; mas esse jogador merece ser mais destacado. Charles vinha sendo um dos melhores Running Backs da Liga nas últimas temporadas, tendo somado mais de 1.000 jardas corridas em cinco de suas oito temporadas como profissional, sendo que em duas ele esteve fora por lesão. O RB não apenas corria, mas também era muito usado em recepções, sempre produzindo bem. Todo o sistema ofensivo do ataque de Andy Reid girava em torno do camisa #25. Porém, mesmo sem sua “alma” o Kansas City Chiefs parece ter encontrado outro protagonista. Ou melhor, outros protagonistas.
Na sequência vitoriosa que estamos vendo do Chiefs, o jogo corrido e a consistência defensiva vêm sendo os pontos chaves. Nos quatro triunfos recentes do time, em nenhum sofreu mais de 13 pontos, incluindo uma atuação de apenas três tentos concedidos ao bom ataque aéreo do San Diego Chargers. Esse sistema defensivo, que viu seus oponentes com média de 372,8 jardas totais por partida nas seis primeiras rodadas de 2015, tem segurado os adversários com 259,3 yds. por confronto nas últimas quatro aparições.
Pudemos ver também consistência no sistema ofensivo comandado pelo QB Alex Smith. Nos quatro últimos jogos, Kansas derrotou seus rivais com média de 22,8 pontos de diferença (contra a média negativa de 5,3 ao longo dos reveses) e totalizou 351,3 yardas totais (diante de 341 nas derrotas). Smith, apesar de não produzir tantas jardas e passes para TD por jogo, vem protegendo muito bem bola – ele não lança interceptação e sofre fumble desde a semana 3 contra o Packers. Junto com o Quarterback, os Running Backs do Chiefs estão sendo fundamentais. Contra Steelers, Lions, Broncos e Chargers – as quatro vitórias seguidas da franquia – o jogo corrido teve mais de 100 jardas em todos e somou nove touchdowns, além de ter sido responsável por 34 First Downs.
Ainda, o time de especialistas de Kansas City vem em um bom ano. A equipe é a que mais marcou Field Goals na temporada (23) – graças a uma ótima temporada do brasileiro Cairo Santos – e tem aproveitamento de 82,1% em FGs neste momento. Além disso, o Punter Dustin Colquitt está com média de 46,2 jardas por punt (10ª melhor da NFL) e é o jogador que mais teve punts dentro da linha de 20 jardas do adversário entre todos da Liga, com 25.
Atualmente, o site da ESPN Americana coloca Kansas com 73% de chances de ir aos playoffs – a quarta maior marca entre os times da AFC. Possibilidade entendível, tendo em vista que a franquia terá pela frente o calendário da mais fácil de toda a Liga até janeiro. Creio que não só uma ida aos playoffs passe na cabeça dos torcedores do Chiefs neste momento, mas sim uma possível partida de mata-mata jogada no hostil Arrowhead Stadium.
As altas expectativas acerca do Kansas City Chiefs, as quais estiveram presentes em temporadas anteriores, estão reaparecendo, mas de uma maneira diferente das passadas. O time agora não tem seu melhor jogador, e nem um ataque jogando a seu favor; mas possui equilíbrio em todos os lados da bola, fruto de um bom trabalho feito por Andy Reid recentemente, mesclando experiência, juventude e o brilho de vários jogadores. Em um ano ruim da linha ofensiva, estamos vendo algum Running Back novo se destacar a cada confronto, aliviando, assim, a pressão sobre Alex Smith. Quando esse está mal, é a defesa que aparece evitando pontos e o time especialista convertendo as oportunidades. E assim por diante. O elenco está se mostrando unido, dentro e fora de campo.
Ainda não sei o quão forte este time será em uma (agora) provável pós-temporada. Alex Smith precisa mostrar mais como escolha de primeira rodada, os bloqueadores não estão em grande sintonia e o corpo de recebedores deixa a desejar em alguns momentos. Contudo, quando tratamos de um time de talento e tão determinado quanto o Chiefs está neste momento, fica complicado para os adversários. Devemos aguardar agora e tentar analisar qual o limite desse time. Tentar, pois esse Kansas City Chiefs já mostrou que pode nos surpreender a qualquer instante.
Texto escrito para o site Liga dos 32
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