Superficialmente falando, dizer que o Cincinnati Bengals vive um momento de muita pressão pode parecer algo displicente, visto que a franquia, nas últimas seis temporadas, esteve nos playoffs em cinco oportunidades, tendo vencido a NFC Norte duas vezes e conquistado pelo menos 10 vitórias em quatro anos. Entretanto, apesar de em tese o cenário estar favorável aos Bengals, na prática, não é isso que acontece. Nessas cinco idas à pós-temporada, Cincinnati não conseguiu nenhuma vitória. Juntando isso à campanha 6-9 do time em 2016, é possível dizer que o ambiente não é dos mais favoráveis a Andy Dalton e Marvin Lewis.
Em todos esses anos, evidentemente, os Bengals tinham um bom elenco, com sólidos titulares em cena. Todavia, nos momentos mais importantes, nada parecia encaixar, e vários questionamentos vieram à tona para a franquia. Andy Dalton é mesmo um franchise quarterback de elite? Quando Cincy encontrará um recebedor à altura de A. J. Green? Como uma defesa que conta com ótimos nomes simplesmente não consegue pressionar os quarterbacks adversários constantemente? Marvin Lewis deve continuar na equipe?
Dalton, desde que saiu da universidade de TCU e se juntou ao Cincinnati Bengals como uma escolha de 2ª rodada, levanta altas expectativas. Ele nunca foi considerado o principal QB de sua classe, porém, pela inteligência e força do braço apresentados em seus primeiros anos profissionais, era esperado que ele chegasse agora, em sua sétima temporada na NFL, sendo um dos principais jogadores da liga – e isso não tem acontecido. A impressão que fica é que o camisa #14 “parou no tempo” e talvez já tenha evoluído tudo que era possível no nível profissional. No ano passado, suas oito interceptações e 4.206 jardas aéreas foram números bastantes sólidos. Entretanto, ele lançou apenas 18 touchdowns, sua menor marca pessoal.
Uma tentativa de voltar aos seus melhores dias e mostrar que ainda pode ser um quarterback realmente competitivo, em 2017, chega para Dalton apoiada no talento de A. J. Green. O camisa #18 tem sido um dos melhores atletas da NFL e na temporada passada, mesmo tendo disputado só dez jogos, recebeu 66 passes para 964 jardas. A questão do ataque aéreo dos Bengals, então, é quem será o outro wide receiver produtivo do time. Desde a saída de Marvin Jones e Mohamed Sanu, Cincy não encontrou um segundo WR realmente sólido. Isso explica porquê a franquia recrutou John Ross na primeira rodada do último Draft. Contudo, Ross deve ter suas participações reduzidas como calouro, visto que Cincinnati parece estar determinado a apostar nos dinâmicos Brandon LaFell, Tyler Boyd e Cody Core.
Não se esqueça ainda que Tyler Eifert está por lá. O tight end tem sido um dos mais eficientes da NFL nas últimas temporadas (5 TDs em 29 passes recebidos em 2016), porém simplesmente não consegue se manter saudável. Os Bengals esperam (e precisam) que isso aconteça em 2017!
Outro fator que pode auxiliar o sistema ofensivo comandado por Andy Dalton é o jogo corrido do Cincinnati Bengals. Possivelmente, os Bengals têm o melhor trio de running backs da NFL, com Giovani Bernard, Jeremy Hill e agora Joe Mixon. Entretanto, eles precisam render mais. No ano passado, juntos, Bernard e Hill tiveram apenas 1.176 e 11 touchdowns. A chegada de Mixon também acrescenta muito talento a este grupo, apesar dos problemas extra campo. Se Marvin Lewis conseguir encaixar bem esse trio, pode estar aqui a principal arma ofensiva de Cincinnati. Lembre-se ainda que tal sucesso dependerá também da linha ofensiva da equipe, a qual estará repleta de alterações para 2017, já que os veteranos Andrew Whitworth e Kevin Zeitler não estão mais por lá.
No outro lado da bola, a defesa do Cincinnati Bengals, ao mesmo tempo que tenha sido o principal setor do time nas últimas temporadas, talvez seja o ponto que separe a franquia de chegar ao outro nível. Por exemplo, os Bengals tiveram a 8ª melhor defesa da liga em pontos cedidos por partida (sendo a 3ª melhor na segunda metade da temporada). Entretanto, o ano passado foi o quarto seguido em que a equipe terminou na parte debaixo da NFL no quesito sacks, com 33 (19ª). Sabemos que para derrotar grandes quarterbacks, é preciso pressioná-los, e Cincy não tem feito isso.
Assim sendo, as esperanças do time se voltam novamente para Carlos Dunlap (8 sacks em 2016) – e ele terá companhias interessantes neste ano. Para reforçar o pass rush do time, a diretoria dos Bengals dedicou duas escolhas de Draft a interessantes pass rushers, Jordan Willis e Carl Lawson. Além deles, Michael Johnson, Geno Atkins e Vontaze Burfict ainda estão por lá como protagonistas dessa defesa, e tentarão encontrar alguma maneira de deixar, não apenas o pass rush, mas sim o front seven de Cincinnati mais compacto.
Chegou a hora também dos talentos da secundária do Cincinnati Bengals aparecerem. Desde 2012, a franquia teve seis escolhas de primeira rodada em Draft, e destinou três dessas a defensive backs. Dre Kirkpatrick, Darqueze Dennard e William Jackson III foram os escolhidos nessas ocasiões, e eles farão companhia ao veterano Adam Jones, protagonizando uma interessante disputa pela titularidade na posição de cornerback. Resta saber se, de fato, os Bengals encontrarão nisso os nomes realmente sólidos para a função.
Como um ataque com Dalton, Green, Eifert, Bernard e Hill termina uma temporada com média de pouco mais de 20 pontos por jogo? Como uma defesa com Dunlap, Atkins, Burfict, não consegue chegar ao outro nível? É quase inacreditável o fato dos Bengals não terem vencido uma partida de mata-mata em décadas…
Para ser mais exato, a última vitória do Cincinnati Bengals em playoffs aconteceu no dia 6 de janeiro de 1991, há mais de 26 anos. Desde então, a franquia já esteve na pós-temporada sete vezes, e nunca conseguiu nada. Consequentemente, a pressão sobre o time está enorme neste momento – e com razão. Garantir que este time dos Bengals tem plenas condições de superar tais adversidades e por fim à essa seca seria um pouco exagero. Todavia, subestimar esse elenco também não é uma boa ideia. O grupo conta com alguns nomes de muito talento e, se as jovens promessas encaixarem como a diretoria espera, a AFC Norte ganha um candidato interessante na sua disputa. Não olhe para esse Cincinnati Bengals com “os melhores olhos do mundo”; e nem com os piores.
Principais chegadas (posição, antigo time)
– Andre Smith (OT, Vikings).
Principais saídas (posição, time de destino)
– Andrew Whitworth (LT, Rams);
– Kevin Zeitler (LT, Browns);
– Karlos Dansby (LB, Cardinals);
– Domata Peko (NT, Broncos);
– Rey Maualuga (LB; free agent).
Notas do time
– Ataque: B
- Quarterback: B-
- Running backs: A-
- Wide receivers: B
- Linha ofensiva: B-
– Defesa: B
- Linha defensiva: C+
- Linebackers: B
- Secundária: B-
– Calendário: A (44,9%)
Estatística determinante
O Cincinnati Bengals não vence uma partida de pós-temporada desde 1990 – esta é a maior seca da NFL na atualidade e a 6ª mais longa da história de todos os tempos.
Nomes para ficar de olho
A. J. Green – Esta será a sétima temporada de A. J. Green na NFL, e em cinco delas ele ultrapassou as 1.000 jardas recebidas. Além disso, ele ainda não sabe o que é ficar fora de uma lista para o Pro Bowl. A cada ano que passa, a impressão que fica é que o camisa #18 do Cincinnati Bengals tem melhorado e o domínio sobre seus oponentes dentro de campo fica evidente. Assim sendo, Green chega para 2017 como o melhor jogador dos Bengals, e o time sabe que, com um elenco que ainda procura por outros sólidos wide receivers, será melhor que seu principal recebedor permaneça saudável – as chances de Cincinnati em playoffs, de certa forma, dependem disso também.
Carlos Dunlap – De fato, Cincinnati Bengals não tem conseguido pressionar os quarterbacks adversários com tanta frequência nas últimas temporadas, porém, a culpa disso não pode ser colocada em Carlos Dunlap. O defensive end, além de ter disputado as últimas três temporadas completas, totalizou 29,5 sacks nesse período. Além disso, em 2016, foram três fumbles forçados para ele e 15 passes defletidos, a maior marca de sua carreira. Está claro que os Bengals precisam de mais sacks ao longo dos anos e isso explica diretamente a importância que Dunlap tem para o sistema defensivo de Cincinnati.
Tyler Eifert – Tyler Eifert tem sido simplesmente brilhante na NFL… Quando está saudável. Para se ter uma noção, Eifert recebeu 29 passes na temporada passada, e cinco desses foram para touchdown. Em 2015, das 52 duas recepções computadas por ele, 13 resultaram em TD! O problema é que nas duas últimas temporadas, ele perdeu quatro e 14 aparições como titular, respectivamente. Portanto, a temporada 2017 da NFL começa com a expectativa de vermos, finalmente, o camisa #87 saudável por todo o ano. Se isso acontecer, os Bengals garantem uma das principais armas dentro da end zone de toda a liga por todo o campeonato – e os números falam por si só.
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Este é mais um texto da série Perguntas Para a Temporada (PPT), que analisa como será o ano de cada franquia da NFL, de acordo com a ordem do Draft. Para ter acesso aos outros artigos desta série, CLIQUE AQUI – em algum momento, seu time estará por lá!
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