Oito franquias da NFL trocaram de treinadores nesta offseason. A menos de três meses da temporada 2019, e com o Draft e free agency concluídos, é hora de explorar o contexto de cada um desses head coaches em seus novos times. Portanto, este é mais um texto (de oito) desta série.
Pela primeira vez desde 1971-72, o Denver Broncos terminou duas temporadas seguidas com mais derrotas do que vitórias. A campanha 6-10 da franquia ficou marcada por limitações na posição de quarterback, assim como problemas tanto em outros setores ofensivos quanto defensivos.
Tudo isso culminou na demissão de Vance Joseph após duas temporadas no Colorado. Como substituto de Joseph, John Elway e companhia foram atrás de um head coach defensivo. E o buscaram direto da melhor defesa da NFL.
Por que os Broncos contrataram Vic Fangio?
O trabalho de Fangio em 2018 foi excelente. Ele foi o coordenador defensivo do Chicago Bears, time que teve possivelmente a melhor defesa da NFL na temporada passada. O trabalho de Fangio em Chicago talvez tenha sido o melhor de uma carreira que já dura três décadas.
Apesar de nunca ter trabalhado como head coach até hoje, ele acumula várias passagens de sucesso. O período como assistente e técnico de linebackers do Baltimore Ravens entre 2006 e 2009, como coord. def. do San Francisco 49ers entre 2011 e 2014, e também como coordenador desde 2015 dos Bears, são exemplos disso.
Defesas comandadas por Fangio terminaram como uma das cinco melhores da liga em jardas e pontos permitidos por campeonato em sete das últimas 12 temporadas. Isso certamente resume o que os Broncos mais gostaram em Fangio para fazer dele o nome principal para comandar o time em 2019.
Desafios
A posição de quarterback continua incerta em Denver
Por mais uma temporada, a offseason dos Broncos ficou marcada pelas incertezas sobre quem será o quarterback do time. O plano com Case Keenum, contratado antes da temporada 2018, não funcionou e a lesão de Alex Smith em Washington possibilitou com que Denver se livrasse de parte do contrato de Keenum. Além disso, fez com que Elway fosse até Baltimore buscar Joe Flacco, o qual deve ser uma opção “temporária” até que Drew Lock, recrutado na segunda rodada do Draft 2019, esteja pronto.
De um modo geral, isso resume a conjuntura na posição de QB enfrentada pelos Broncos desde que Peyton Manning se aposentou. Ao mesmo tempo, pressiona Fangio e sua comissão técnica para que esses encontrem uma solução ao problema.
No ano passado, os Broncos marcaram em média 20,6 pontos por jogo, a nona pior marca da NFL. Nas 16 partidas que disputou, marcou mais de 30 tentos em uma. E passou sem cometer turnover somente em três ocasiões.
O novo coordenador ofensivo Rich Scangarello, ao lado de Fangio, precisarão corrigir tudo isso. E a “raiz do problema” está na posição mais importante do futebol americano.
Noah Fant não foi recrutado por acaso
Ainda no ataque, junto à posição de quarterback, o grupo de tight ends do time foi abaixo da média. Jeff Heuerman liderou o elenco na função com 31 recepções, 281 jardas e dois touchdowns. Repare na baixa média de jardas por recepção: 9,1. Ademais, nenhum dos quatro TEs que foram acionados ao longo do campeonato teve porcentagem de recepção acima de 65%.
Principalmente por se tratar de um plantel que com limitações com QB e pela presenção de Phillip Lindsay, encontrar uma maneira de inserir os TEs, especialmente um como principal, é de suma importância.
A era Fangio, então, teve como primeiro escolhido no Draft 2019 o tight end Noah Fant. Fant foi o primeiro TE recrutado na primeira rodada por Denver desde Riley Odoms em 1972. A sólida carreira de Fant em Iowa, especialmente como recebedor, faz com que ele chegue ao Colorado como uma das principais opções ofensivas do arsenal dos Broncos.
Arsenal esse que estará sob o comando de Scangarello, o qual foi o técnico de quarterbacks dos 49ers na temporada passada, justamente na campanha do time que teve George Kittle quebrando o recorde de jardas recebidas por um TE na história da NFL.
Lembrando, claro, que o jogo corrido de Denver deverá ser a arma nº1 da equipe. Melhorar os bloqueios será chave através da posição de tight end também. Em especial por se tratar de uma equipe que estará em campo sob o 22 Personel, ou seja, dois running backs e dois tight ends, com grande frequência.
A defesa do time precisa ser melhor organizada
O talento individual da defesa dos Broncos não é mais o mesmo de outrora. Claro, referências técnicas como Chris Harris Jr. e principalmente Von Miller fazem parte do elenco. Porém, Joseph não conseguiu encaixar o sistema defensivo nos dois anos comandando o time. Os lampejos defensivos de Denver foram muito mais pela habilidade de nomes específicos do que pelo conjunto da obra. Aliás, espere mais desses lampejos, já que Bradley Chubb (12 sacks como calouro) deve melhorar em seu segundo ano profissional.
Mas tenha em mente que Fangio terá trabalho pela frente se quiser configurar uma defesa completa e balanceada. Uma defesa que pressiona o quarterback adversário, mas é agressiva e versátil no grupo de linebackers, e refinada na secundária.
Os LBs de meio de campo dos Broncos, liderados por Todd Davis, carregam incertezas. Denver cedeu em média 119,6 jardas terrestres por partida em 2018. Em Chicago, a defesa de Fangio foi a melhor da NFL no quesito, permitindo 80. Em jardas por tentativa, estamos falando de 4,5 e 3,8, respectivamente. O apoio dos ILB/MLB, bem como do interior da linha defensiva, precisa ser corrigido.
A secundária, tampouco, esbanja confiança. Afinal, recebedores que enfrentaram os Broncos totalizaram 64,3% de aproveitamento nas recepções, 4.240 e 26 touchdowns, além de 56 big plays (jogadas acima de 25 jardas). Ademais, os defensive backs ainda permitiram uma média de 127,9 jardas depois da recepção por partida e um total de 197 first downs oponentes através do passe.
Em contrapartida, as 17 interceptações forçadas, protagonizadas por 12 jogadores diferentes, foram um bom sinal.
Visando ajustes, para este segundo caso, a diretoria foi atrás de veteranos para solucionar o problema em Kareem Jackson e Bryce Callahan, o qual defendeu os Bears no campeonato passado.
Ainda, impulsionar jovens jogadores em todos os três níveis defensivos, por exemplo, como Adam Gotsis e Dre’Mont Jones na DL, Justin Hollins, Keishawn Bierria e Chubb entre os LBs, e Isaac Yiadom e Will Parks na secundária, certamente é um dos desafios de Fangio.