Todos nós tivemos um sonho quando criança. Pelo menos um. E a medida que esse sonho começava a ser alcançado (ou, em outros casos, víamos que ele não iria acontecer), surgiam novos sonhos ou em muitos casos até adaptações daquela imaginação inicial. Não importa. A verdade é que como indivíduos sonhamos, e traçamos objetivos para nós sob a mediação desses atos. Por que estou “filosofando” desta maneira? Porque na NFL isso também acontece – e o Draft é o grande percursor disso.
Assim como seu sonho de infância era ser jogador de futebol, advogado respeitado, jornalista esportivo, professor (ou qualquer outro que tenha sido), os sonhos das franquias da National Football League foram, são e sempre serão encontrar um quarterback. Não é à toa que quarterbacks mediados (ou em anos medianos) não vencem o Super Bowl. Eu sei que o que está ao redor dele conta, especialmente nos casos de ótimos sistema defensivos, mas no fim das contas só o QB realmente competitivo é quem vence. No futebol americano, então, assim como “na vida real”, os sonhos também são complicados e muitas vezes parecem distantes. Justamente por isso, 2018 promete ser um ano determinante para muitos times da NFL.
Isso acontece porque, caso você ainda não saiba, a classe de quarterbacks do Draft 2018 é uma das mais talentosas de todos os tempos. É difícil imaginar que ela consiga fazer frente a de 1983, porém, pela real possibilidade de produzir vários sólidos titulares under center no futuro, o recrutamento desse ano promete. No mínimo três nomes são apontados pelos especialistas como certos titulares num futuro próximo. Além disso, outros dois, na pior das hipóteses, parecem ter lugar garantido na 1ª rodada. A procura das equipes por um QB sólido – e a demanda pelos prospectos da posição que acabaram de deixar o college football – é tão grande, que cogita-se três quarterbacks saindo nas três primeiras escolhas. Três QBs num Top 5 de Draft é algo que não acontece desde 1999, aliás.
A classe de quarterbacks de 2018 é especial não necessariamente pelo talento absurdo de um ou dois jogadores, como visto em 1998 com Peyton Manning e 2012 com Andrew Luck, por exemplo. Certamente que um nome pode surgir nas conversas, mas o grupo de QBs deste ano chama a atenção pelo nível mas também pela profundidade da posição. Além de ver quatro nomes no Top 10 do próximo Draft, eu não ficaria surpreso se seis nomes fossem recrutados na 1ª rodada, por ora. Ou talvez sete QBs nas duas primeiras rodadas. Algo do tipo. Só por garantia: a menos que algo catastrófico aconteça, a 1ª escolha geral será um quarterback.
Três primeiras escolhas, quatro no Top 10, seis na 1ª rodada, nove até a 3ª… Você agora deve estar se perguntando quais serão os nomes chamados – e isso é o mais importante de fato. Adianto que, ao contrário do que muitos analistas têm debatido, não vejo mistério quanto aos seis melhores quarterbacks deste ano e a ordem que eles se encontram. Meu ranking é o seguinte (em ordem): Sam Darnold, USC; Josh Rosen, UCLA; Josh Allen, Wyoming; Baker Mayfield, Oklahoma; Lamar Jackson, Louisville; e Mason Rudolph, Oklahoma State.
Entre as opções, claramente dois estão mais preparados em geral: Sam Darnold e Josh Rosen. Darnold vem de uma temporada abaixo das expectativas no college football, principalmente pela quantidade de interceptações lançadas e algumas leituras feitas. Contudo, vendo aos jogos dos Trojans, ficou claro que Darnold sabe melhorar o que está ao seu redor, gosta dos momentos mais importantes das partidas e, em tese, tem tudo para ser um vencedor nato na NFL. Rosen, por sua vez, é o exímio pocket passer da atualidade. Força no braço, bom toque na bola e ótima mecânica, a melhor da classe provavelmente. Todavia, sua liderança é algo que pode ser preocupante.
No caso de Josh Allen, estou falando de um quarterback que é tão competitivo quanto os dois primeiros, e que tem um dos braços mais fortes que o futebol americano já viu, com boa mobilidade e estatura. Quando ele está confortável no pocket, acredite, não existe lançamento impossível para ele. Em contrapartida, Allen peca em consistência, trabalho dos pés e falta de precisão em algumas jogadas. Muitos scouts também ressalvam o fato de Allen ter atuado na Conferência Mountain West, que não está entre as principais da NCAA – mas lembre-se que Carson Wentz defendeu a universidade de North Dakota State, por exemplo.
Baker Mayfield talvez seja o maior competidor entre os QBs deste ano. Em estilo de jogo, ele se parece muito com Johnny Manziel, porém mais forte, determinado e preciso. Ainda tenho minhas dúvidas quanto a Mayfield dentro do pocket sob pressão, porém a capacidade de improviso e a forma como o ex-Sooner lidera seu ataque impressionam. Por fim, Lamar Jackson e Mason Rudolph, que são de longe os dois menos preparados dessa lista até agora.
Jackson, ao contrário do que muitos pensam, não sabe apenas correr. De fato, ele será um dos jogadores (e não só quarterbacks) mais rápidos da NFL, mas a verdade é que ele também pode fazer estragos com o braço. Isso, é claro, se for bem ensinado quando no profissional. Rudolph ainda fica muito afoito no pocket, porém sabe como poucos fazer lançamentos em profundidade.
Digamos que as coisas não saiam exatamente como esperado no Draft 2018 e as duas primeiras rodadas vejam esses seis nomes selecionados apenas. Neste caso, teríamos mais cinco rodadas – e não pense que o leque de opções na posição de quarterback acabou. Merecem destaque, nesta ordem: Luke Falk (ótima visão de jogo), Kyle Lauletta (precisão acima da média), Mike White (inteligente e com força no braço), Kurt Benkert (força no braço), Chase Litton, Tanner Lee (muito competitivo), Logan Woodside (rápida tomada de decisão), entre outros.
Tem sido cada vez mais raro para as equipes da NFL encontrarem quarterbacks da franquia no Draft, especialmente nas primeiras rodadas. Todavia, a importância da posição mostra que não há como evitar a chamada de um novo líder no recrutamento, em especial quando a classe é tão talentosa como neste ano.
No fim das contas, a verdade é que todos os scouts da NFL estão desesperados. Desesperados porque não têm a certeza de nada – nem de quem deve ser o nº1 e nem quais QBs deste ano merecem, de fato, estar na 1ª rodada, por exemplo. Assim como em todos os Draft, as franquias da liga tentarão imaginar respostas para as dezenas de dúvidas que têm em mente e tomar a decisão mais correta possível a partir disso para, quem sabe, encontrar a “mercadoria” mais rara do futebol americano profissional: um franchise quarterback.
O que você está esperando da classe de quarterbacks no Draft 2018? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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