*atualizada em 25/04/2016
Nesta segunda-feira (25), a NFL oficializou que Tom Brady deve cumprir a punição de quatro jogos estabelecida ao fim da temporada 2014, mas que foi “apagada” na offseason de 2015. Contudo, após esse longo processo de “vai ou não vai”, pelo menos até agora, Brady está intimado à exercer a penalidade.
Antes do começo da temporada 2015, quando foi julgado que os Patriots eram responsáveis por murchar as bolas da final da conferência Americana contra os Colts, a liga definiu a punição para a franquia, como citada acima. Na época, fiz esse o texto “Um antigo erro da NFL”, analisando melhor a decisão que a National Football League havia tomado. Com a “volta” dessa punição, veio uma adaptação do texto, pois a ideia central continua a mesma: a NFL não fez a coisa certa (novamente).
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A notícia que Tom Brady seria punido por quatro partidas por estar envolvido no “caso das bolas murchas” na final da AFC do ano passado foi considerada correta por muitas pessoas. Com ela, uma multa e duas escolhas de Draft perdidas foram as consequências para o New England Patriots. Entretanto, analisando melhor a situação é possível afirmar que não, a NFL não acertou em quase nenhuma punição. Mais uma vez.
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Já faz alguns anos que a National Football League vem sendo criticada negativamente em relação ao seu comportamento e decisões em casos de punição de jogadores e/ou franquias. Para acontecimentos “simples”, uma punição muito severa, às vezes. Ou então o contrário, erros graves e castigo leves. A falta de critério na penalização de jogadores pode ser considerada o maior erro da NFL atualmente; e isto se repetiu novamente no “Deflategate”.
Novamente: a punição consiste em quatro jogos de suspensão para Tom Brady, uma multa no valor de US$ 1 milhão ao New England Patriots e a perda de duas escolhas de Draft, a 1ª de 2016 e 4ª de 2017.
O valor a ser pago pelos Pats de um milhão de dólares será o mais alto da história do futebol americano vindo de uma punição. Era para tanto?
Há três anos, Minnesota Vikings e Carolina Panthers foram flagrados usando aquecedores nas sidelines para esquentar as bolas, tornando-as mais fáceis para recepção em um dia frio. Isto é contra as regras, e a punição para isso definiu um valor que nem chega a ser metade do cobrado de New England. Algumas pessoas podem até pensar que murchar as bolas em um jogo é ainda mais grave, mas o objetivo é o mesmo: facilitar as jogadas de passe.
Além disso, em 2012, o San Diego Chargers usou toalhas com substância adesiva nas bolas de jogo. A punição? Vinte mil dólares, nada mais.
A punição de Brady
Vejo que a responsabilidade sobre as bolas murchas não deveria cair sobre Tom Brady individualmente, mas sim em Bill Belichick, Robert Kraft… Certo, Brady se beneficiou, também, mas, se formos pensar bem, quem chamava todas as jogadas e orquestrava para onde a bola deveria ir era Belichick. Ao mesmo tempo, o argumento de que o lendário quarterback dos Patriots sabia de tudo existe.
Pois bem, outro ponto ainda sobre esta questão: não ficou comprovado que Brady sabia do escândalo. Os investigadores estão imaginando, supondo que o camisa #12 sabia, usando o argumento “é mais provável que ele soubesse”. Por mais provável que seja, afastar um jogador de elite por quatro partidas (excluindo seu salário nesses jogos) e deixar certo dano na reputação de um dos maiores jogadores da história sem provas factuais não é tão certo.
As escolhas do Draft
A maneira mais correta de punir o New England Patriots – a organização como um todo – era através de multa e escolhas de Draft. A NFL fez isso, merece méritos por parte da decisão. Agora, por mais que você esteja de acordo com o valor a ser pago, não consigo concordar com a posição das escolhas que foram excluídas: primeira (!!!) escolha do Draft 2016 e quarta de 2017 ainda. Por que não a terceira e quarta escolhas de 2016? Ou talvez quarta e terceira das duas próximas temporadas respectivamente? O primeiro jogador de um Draft é muito exagero.
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Que fique bem claro, sou a favor das punições, em casos que fique realmente provado que tal fato aconteceu (como este) e que elas sejam proporcionais ao acontecido. As bolas foram murchas sim, e a a liga acertou em punir New England. Entretanto, tanto a quantidade de jogos de gancho a Brady quanto o “valor” da escolha de Draft excluída podem ser vistos como consequência de erros antigos da National Football League tentando ser consertados. Erros esses que passaram quase impunes no passado e que agora têm consequências nos interesses da instituição.
Um pouco mais sobre Jimmy Garoppolo, o “substituto” de Brady
James “Jimmy” Garoppolo tem 24 anos e foi a 62ª escolha do Draft 2014. Estudou na universidade de Eastern Illinois e recebeu vários prêmios por lá. Na NFL, já participou de algumas partidas em sua carreira (11, sem ter começado como titular em nenhuma) e totaliza 188 jardas e um TD nelas. Ainda, ele tem certa velocidade, movimenta-se bem no pocket e possui boa precisão nos passes. Pode introduzir um Read Option no ataque de Belichick, quem sabe.
A missão de Jimmy Garoppolo, substituto de Tom Brady, não é das mais fáceis, mas pode ser muito bem aproveitada. New England enfrenta, nos quatro primeiros jogos da próxima temporada, Cardinals, Dolphins, Texans e Bills, nesta ordem, sendo que apenas o primeiro é fora de casa. Considerando que a estreia contra Arizona será complicada e o duelo contra Houston como “pedreira” – os Texans vêm fortes esse ano -, Garoppolo terá dois bons jogos para mostrar que pode chegar a outro nível no futebol americano. Em meio à uma NFL com grande escassez de bons quarterbacks, isso pode ser bastante interessante.
Por Caio Miari
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