Em ordem, você encontrará neste artigo sobre a semana 3 da NFL:
– Mahomes vs. Jackson
– Sean McVay vs. Freddie Kitchens
– Estreia de Daniel Jones
– “Estreia” de Josh Rosen
– Seahawks vs. Saints
– Bills e Patriots na AFC Leste
– O momento da NFC Norte (Packers, Vikings, Bears e Lions)
– Os erros dos Chargers
– O triunfo dos Colts
– Luke Falk, Mason Rudolph e Kyle Allen
Em Mahomes vs. Jackson, vimos a diferença dos times
Por mais que a evolução de um quarterback de primeira rodada em seu segundo ano profissional não seja uma enorme surpresa, não há como negar que o Baltimore Ravens de 2019 surpreendeu a muitos. O ataque aéreo, com vários nomes jovens e/ou recém chegados, melhorou consideravelmente e o sistema defensivo, em especial o pass rush, continuou com atuações pontuais apesar da perda de nomes importantes.
Mas o quão competitivo é este Ravens? Nada melhor do que enfrentar os Chiefs em Kansas City para ter uma noção.
E ficou claro na semana 3 que Baltimore está um degrau abaixo nessa conversa. Pelo menos ainda.
Por três períodos, Jackson jogou seu pior futebol americano da temporada, errando passes, incluindo em profundidades, que nas duas primeiras semanas vimos ser completados. A defesa, liderada por Earl Thomas, não ofereceu o desafio esperado a um quarterback que vem mudando o jogo do futebol americano.
Se não fosse por “jogadas inacreditáveis” no último período, as quais não acontecem frequentemente na NFL, Kansas City teria vencido com um placar que mostrasse mais claramente a diferença dos times, e não 33-28.
De mais positivo para Baltimore fica o plano de jogo de John Harbaugh: ele foi agressivo em um confronto que solicitava tal medida, tentando três conversões de dois pontos (nenhuma convertida) e quatro quartas descidas.
Para os Chiefs, Patrick Mahomes foi normal. O normal do camisa #15? 374 jardas aéreas e três touchdowns.
Jogando como o MVP da NFL, Mahomes fez a ausência de Tyreek Hill não ser sentida mais uma vez. E detalhe: o offensive tackle titular Eric Fisher e o running back Damien Williams também desfalcaram este sistema ofensivo.
No encontro Mahomes-Jackson, venceu o favorito e que, pelo menos até agora, tem o melhor time ao redor. Um novo encontro entre Chiefs e Ravens nesta temporada não é uma má ideia.
Em McVay vs. Kitchens…
Pela primeira vez em mais de uma década pudemos assistir ao Cleveland Browns no Sunday Night Football, enfrentado o sólido Los Angeles Rams.
Convenhamos, o confronto não se desenrolou exatamente como era esperado, e o baixo placar para dois produtivos ataques mostra isso — 20-13 LA.
Nenhum dos dois times foi brilhante correndo com a bola, o que não é novidade para nenhum dos lados, que tem em uma parte Todd Gurley com participação limitada, e Nick Chubb “sozinho” na outra.
Os quarterbacks apresentaram os mesmos erros da semana passada.
Enquanto Jared Goff pecou no timing com a maioria dos seus recebedores, assim como mais consistência nos lançamentos (a interceptação no quarto período quase complicou as coisas para ele), Baker Mayfield foi bastante incomodado no pocket e terminou o confronto com exatos 50% de aproveitamento nos 36 lançamentos que tentou.
Por que os Rams venceram no fim das contas? Além de serem mais completo de um modo geral, pois é melhor treinado, infinitamente.
Freddie Kitchens teve o pior dia da carreira até agora, ao chamar uma corrida um uma quarta descida para nove jardas, e não correr nenhuma vez começando em primeira para goal.
Do outro lado, McVay mostrou a usual preparação de seu ataque, compensando as falhas que podem ser preocupantes com o decorrer do campeonato.
O touchdown de 6 jardas de Cooper Kupp, o segundo dos dois que ele teve na noite, mostra o quão diferenciado é um sistema ofensivo que, com grande influência do treinador, entende a formação da defesa e é auxiliado por uma chamada de jogada impecável.
Repare que os Browns mandam blitz com seis defensores. Considerando que cinco bloqueadores, quatro wide receivers e um running back estavam na alinhados no ataque, era de responsabilidade de Gurley executar o bloqueio chave para dar ao seu QB um segundo a mais no pocket.
Perceba que Gurley sabia exatamente o que fazer e em que lado da linha defensiva estava o defensor ainda desbloqueado. Mesmo começando a jogada à esquerda de Goff, Gurley imediatamente vai para o lado direito e executa uma proteção perfeita. Goff precisou apenas escolher o alvo desmarcado em uma das rotas simples, mas muito eficientes, executadas no lance.
A estreia de Jones
A semana 3 da temporada 2019 da NFL ficará marcada, futuramente, como a “rodada em que Daniel Jones começou.” Isso já aconteceria independentemente da atuação do calouro. Depois do que ele fez em campo, então, as coisas ficam ainda maiores.
Não é necessariamente pelo resultado que Jones merece destaque positivo em sua primeira partida oficial. Tenha em mente que o Tampa Bay Buccaneers teve três chutes desperdiçados na partida, incluindo dois field goals.
O diferencial de Jones foi a atitude, de um líder para o sistema ofensivo. O quarterback não se mostrou intimidado e nem influenciado pelo fato de jogar fora de casa, estar atrás 18 pontos no marcador, com uma linha ofensiva abaixo da média, sem o running back titular e under center por um time sem vitórias até então.
Ao todo, o novo camisa #8 do New York Giants totalizou 23/36, 336 jardas e quatro TDs, sendo dois deles corridos, incluindo o da vitória em uma quarta para cinco jardas.
A defesa dos Buccaneers teve a pior atuação da temporada até agora e, muito disso, foi impactado pelos firmes e precisos lançamentos de Jones. A verdade é que os Bucs — e nem ninguém de um modo geral — estavam preparados para a sexta escolha geral do Draft 2019.
A campanha da virada foi a “cereja do bolo” em uma estreia “dos sonhos” para Jones. Estreia que ilustra bem como a memória dos apaixonados pelo esporte costuma ser curta.
A “estreia” de Rosen
Na semana 3, Josh Rosen fez sua primeira partida como titular do Miami Dolphins, após ter começado 13 confrontos pelo Arizona Cardinals como calouro em 2018.
Obviamente a derrota de 31-6 para o Dallas Cowboys tem em Rosen o menor responsável. Agora, depois de três semanas disputadas, os Dolphins têm um saldo negativo de 117 pontos combinados, o pior da história da liga.
Com Rosen, pelo menos, Miami viu uma ou outra campanha funcionar, como, por exemplo, a primeira da partida, na qual o camisa #3 fez um passe de 40 jardas para bela recepção de DeVante Parker. E a competitividade da 10ª escolha geral de 2018, ao não gostar da decisão de Brian Flores de chutar um field goal em uma quarta descida para TD, mostra que a mentalidade do jovem quarterback é de vitória.
O maior problema ofensivo dos Dolphins continua sendo capitalizar touchdowns. Penalidades, drops e turnovers dentro de red zone são os motivos de o time ter marcado somente um touchdown em três confrontos até agora.
Rosen comandou os Dolphins na melhor — ou menos pior — apresentação da franquia em 2019. É difícil julgar tanto Miami quanto Dallas em um confronto como este, porém ficou claro que Rosen merece ser titular, por um time bem melhor.
Por que os Saints derrotaram os Seahawks, em Seattle
Coletivamente, a grande surpresa da semana 3 da NFL talvez tenha sido o triunfo do New Orleans Saints sem Drew Brees por 33-27 contra o Seattle Seahawks no CenturyLink Field.
E como os Saints conseguiram esta grande vitória?
Na semana passada escrevi o que era preciso acontecer para que New Orleans fosse realmente competitivo com Teddy Bridgewater under center: Alvin Kamara ser o principal jogador do ataque, a linha ofensiva “dar um segundo a mais ao QB” e a defesa ser um fator, ao invés de “apenas fazer sua parte.”
Contra os Seahawks, Kamara pegou na bola 25 vezes (16 corridas), totalizando 161 jardas e dois touchdowns. Bridgewater não foi sackado nenhuma vez e atingido somente em duas ocasiões. E a defesa, mesmo sem estar impecável nas coberturas e não pressionar Russell Wilson com a frequência adequada, foi decisiva ao retornar um fumble para touchdown, e ainda viu o time de especialistas pontuando em retorno de punt.
New Orleans executou grandes jogadas em todos os lados da bola, fazendo tudo mais confortável para Bridgewater.
De fato, Wilson errou lançamentos importantes e até mesmo raros pelo momento que o camisa #3 atravessa. E o terceiro fumble em três partidas seguidas de Chris Carson aumentam as incertezas para com o running back. Tudo isso certamente atrapalhou os Seahawks.
Mas os Saints merecem muito crédito por terem saído de um dos estádios mais hostis da NFL com um enorme triunfo.
A situação da AFC Leste
A AFC Leste é uma de duas divisões da NFL que tem dois times com três vitórias em três jogos, a única da Conferência Americana. E nem mesmo o fato de os Dolphins, assim como o New York Jets sem Sam Darnold, jogarem um futebol americano horrível em 2019, mantém a AFC Leste com o status de uma divisão sem competitividade.
New England Patriots e Buffalo Bills tiveram sinais de autoridade nas partidas que cada um disputou até agora.
Claro, os Patriots dominaram todos seus oponentes impiedosamente. Já os Bills, mesmo que não com a mesma facilidade dos rivais de New England, foram indiscutivelmente melhores em campo em todos os jogos que disputaram até agora.
Além disso, tenha em mente que possivelmente as duas melhores defesas da liga neste momento vêm de New England e Buffalo. E será interessante observar como Tom Brady enfrentará o melhor sistema defensivo contra o passe da NFL nos últimos dois anos. Bem como o que Josh Allen fará diante de uma defesa que ainda não sabe o que é sofrer touchdown em 2019.
O fator mando de campo estar ao lado dos Bills no duelo da semana 4 faz as coisas ainda mais intrigantes no embate que definirá momentaneamente o líder da AFC Leste após um mês de futebol americano.
E mais: os Patriots vão realmente flertar com uma nova campanha 16-0? E os Bills podem mesmo competir na AFC?
Há anos o encontro entre esses dois grandes rivais não era tão interessante.
O momento da NFC Norte
Falando em divisão interessante, saiba que a NFC Norte é a única da NFL em 2019 até agora em que todas as equipes têm campanhas positivas.
O Green Bay Packers segue vendo meros lampejos de seu sistema ofensivo, mas a forma como a defesa da franquia joga explica exatamente o porquê de o time estar 3-0 neste momento.
O Minnesota Vikings tem visto um começo de temporada incrível de Dalvin Cook, que auxilia Kirk Cousins no ataque e faz o elenco de Mike Zimmer ter ainda maior competitividade pelo sistema defensivo que tem.
Já o Chicago Bears, tem uma defesa de altíssimo nível que, por mais que nem sempre seja acompanhada por um rendimento à altura do sistema ofensivo, por estar ao lado de Matt Nagy e ter especificamente Khalil Mack pode competir contra qualquer adversário.
Por fim, o Detroit Lions, que é um dos oito times invictos em 2019, segue aproveitando vários erros dos adversários para vencer seus jogos, e terá no teste contra os Chiefs na semana 4 uma grande oportunidade de apresentar algo mais convincente diante de seu torcedor.
Juntos, essas equipes estão 9-2-1 até agora, com as duas derrotas acontecendo entre duelos da divisão. Detalhe: Bears e Vikings, que já foram derrotados pelos Packers neste ano, enfrentam-se na próxima rodada.
Para os Chargers, os erros continuam
Contra os Lions na semana 2, Austin Ekeler sofreu fumble na linha de uma jardas, duas penalidades anularam TDs da equipe e dois field goals foram desperdiçados, culminando em uma inevitável derrota do Los Angeles Chargers.
Diante do Houston Texans na semana 3, novos erros deram aos Chargers a segunda derrota da temporada.
Novamente uma penalidade anulou uma uma recepção chave de Mike Williams, a qual seria para first down em ótima posição de campo na campanha derradeira do confronto. Os drops, especialmente o de Travis Benjamin na end zone, não podem acontecer em elenco sofrendo com lesões em um dia em que o ataque corrido não encaixou como esperado no plano de jogo. E até mesmo Philip Rivers sofreu um fumble incomum para alguém com tanta experiência no futebol americano profissional.
Os erros dos Chargers, combinados aos ajustes pontuais feitos do primeiro para o segundo tempo e talento individual dos Texans, determinaram o placar final de 27-20 para Houston na California.
Ambas as equipes, contudo, têm muito o que evoluir se quiserem corresponder às expectativas em um futuro próximo.
O segundo triunfo dos Colts
A estreia do Indianapolis Colts em casa contra o Atlanta Falcons, que resultou no segundo triunfo do time em 2019, teve dois personagens principais.
Jacoby Brissett merece a “bola do jogo” depois de protagonizar possivelmente sua melhor atuação profissional da carreira. Os 28/37, 310 jardas e dois touchdowns mostraram que Brissett consegue fazer mais do que passes simples de curta e média distância.
O dia inspirado do quarterback superou uma tarde em que tanto o jogo corrido de Indianapolis (3,3 jardas por tentativa em 24 carregadas) quanto o pass rush da equipe (nenhum sack e quatro hits no QB) não brilharam.
O outro protagonista do confronto foi Adam Vinatieri, provavelmente o melhor kicker da história da NFL. Vinatieri não fez nada brilhante, porém lembre-se que o chutador cogitou aposentadoria depois de errar cinco chutes nas duas primeiras semanas do campeonato.
Cedo no primeiro quarto de Colts vs. Falcons, o jogador de 46 anos foi acionado para uma tentativa de 49 jardas que bateu na trave antes de ser convertida. Foi o começo de uma atuação com cinco chutes tentados e convertido por Vinatieri. É bom saber que o futuro hall of famer permanecerá na liga.
Indy alcançou mais uma vitória com autoridade diante de um Falcons que, salvo um erro grotesco de Matt Ryan em interceptação, foi capaz de implantar seu plano de jogo como visitante.
Falk, Rudolph e Allen: como os reservas se saíram
Luke Falk, Mason Rudolph e Kyle Allen, todos eles reservas substituindo lesionados titulares neste momento, foram titulares na semana 3.
Allen foi o melhor deles, somando 19/26 nos passes, 261 jardas e quatro touchdowns, além do triunfo, contra o Arizona Cardinals. Também apoiado por uma tarde inspirada de Christian McCaffrey, ficou claro que o Carolina Panthers pode se concentrar em recuperar Cam Newton e confiar em Allen por mais alguns jogos.
O “meio termo” deste trio foi Rudolph, que saiu de San Francisco derrotado pelos 49ers, apesar de o Pittsburgh Steelers ter vencido a batalha dos turnovers, 5-2. O ataque dos Steelers tem muitos problemas e Rudolph não conseguiu corrigi-los em um primeiro momento — É impressionante o que acontece com o jogo corrido de Pittsburgh. Quando Rudolph encontrou jogadas com seus recebedores e deixou seu time à frente no marcador, a defesa não foi capaz de segurar a vantagem. Três jogos e três derrotas para os Steelers.
Por fim, a atuação de Falk (12/22, 98 jardas e 1 INT), terceiro quarterback do New York Jets, escancarou ainda mais os problemas da equipe novaiorquina, de certa forma aumentou a pressão sobre Adam Gase e indicou que sem Sam Darnold este time nem sequer almeja alguma coisa. New York foi massacrado pelos Patriots no Gillette Stadium.