Existe alguma maneira da “lei” que implica que running backs acima dos 30 anos entrem em decadência seja destituída? De fato, essa tendência acontece por uma razão natural aos jogados da posição: nenhuma outra função sobre tantas pancadas no futebol americano como os corredores. Desta forma, é natural que após oito ou nove temporadas (o que normalmente coincide com os 30 anos desses jogadores) a confiança dos general managers nesses atletas caia e esses percam seus altos valores nas folhas salariais da franquia e consequentemente dentro de campo.
Mas nem mesmo o melhor running back dos últimos anos é capaz de quebrar essa escrita?
Confesso ter ficado confiante antes do começo desta temporada em relação ao desempenho de Adrian Peterson. O camisa #28 do Minnesota Vikings, além de ser um futuro Hall of Famer, havia totalizado um bom ano aos 30 anos de idade, quando correu para mais de 1.400 jardas e 11 touchdowns. Desta forma, em pouco mais de uma década acompanhando o futebol americano, havia o sentimento de que finalmente um running back de idade “elevada” surpreenderia a todos.
Mas a temporada começou e nada disso aconteceu. Peterson, desde a primeira partida do ano, teve problemas. Em momento algum ele esteve ao menos próximo de ser aquele running back que nos acostumamos a ver desde a temporada de 2007. Nas semanas 1 e 2 deste ano, quando os Vikings enfrentaram Titans e Packers, Adrian Peterson totalizou, respectivamente, 19 corridas para 31 jardas e 12 corridas para 19 jardas. Em ambas as ocasiões, sua média de jardas por carregada foi de 1,6, ele não anotou nenhum touchdown e nem ao menos correu para um first down – sua corrida mais longa foi de nove jardas.
Ver esses números para um jogador que já venceu o prêmio de MVP tendo corrido para mais de 2.000 jardas após sofrer grave lesão no joelho é algo ao menos estranho. Caso você não saiba, o recorde de jardas corridas em uma partida pertence a Adrian Peterson (296). Falar de Peterson é falar de um jogador que em todos os anos que teve pelo menos dez jogos disputados, acumulou mais de dez touchdowns na temporada.
LEIA TAMBÉM: O curioso caso de vencedores do Heisman Trophy na NFL
Mas como eu ia falando, 2016 chegou e Adrian Peterson parece ter ficado em 2015. Inexplicavelmente, seu rendimento despencou e nada passou a dar certo em suas decisões. Não estamos a ponto de dizer que ele foi de herói a vilão nos Vikings, porém como podemos caracterizar sua performance diante dos Colts na semana 15? Tudo bem, ele estava voltando de cirurgia, e isso explica porquê ele teve apenas seis corridas na partida. Todavia, lembre-se que ele sofreu um fumble em um momento crucial do jogo e nem esteve próximo de ser um fator diferencial nas trincheiras.
E isso em um momento que os torcedores de Minnesota esperavam ter em Peterson um grande reforço para uma eventual caminha da equipe aos playoffs. Com o tropeço diante de Indianapolis, as chances dos Vikings irem à pós-temporada despencaram (LINK) e o futuro de Adrian Peterson ganhou um novo ponto de interrogação. Ele voltará a atuar ainda nesta temporada? Será este o último ano dele nos Vikings? Ainda resta gasolina no tanque?
Em todos os esportes, estamos acostumados a ver, por mais lamentável que seja, o declínio dos grandes jogadores ao final de suas carreiras. Foi assim com Peyton Manning no ano passado. Foi assim com Kobe Bryant no Los Angeles Lakers e Derek Jeter no New York Yankees. Será assim com Tom Brady. Será assim com Adrian Peterson… Mas já? Não estaria o running back em um ano muito abaixo da média, porém ainda com “combustível” suficiente para voltar a brilhar?
Ainda existe força para superar os problemas?
Adrian Peterson, por mais espetacular que ele tenha sido em toda sua carreira, teve que lidar com os dois maiores pesadelos de um running back na NFL: as lesões e os fumbles. Em 2011, na reta final daquela temporada, o camisa #28 rompeu os ligamentos cruzados do joelho e ouviu questionamentos do tipo “Você voltará a jogar profissionalmente?”. Como resposta a isso, Peterson fez o que fez em 2012, ano em que foi coroado como o Jogador Mais Valioso do ano.
Nas quatro primeiras temporadas de Adrian Peterson na NFL, ele “preocupou” seus fãs ao totalizar 14 fumbles perdidos (além de 21 totais). Entretanto, entre 2012 e 2016, esse número caiu para nove, mesmo, como lembrado por muitos, dois anos desses sendo acima dos 30 anos de idade. Claramente, assim como as lesões foram superadas, Peterson soube cuidar melhor da bola. Mas teria esse problema dos fumbles retornado à carreira do running back? Vimos ele sofrer um erro crucial diante dos Colts pela semana 15, vimos ele sofrer um fumble inaceitável nos playoffs do ano passado contra os Seahawks…
É possível que Adrian Peterson supere novamente uma grave lesão – e a questão dos fumbles – e retorne aos seus melhores momentos? Ou seria esse realmente o começo do fim da carreira deste grande atleta?
Na história da NFL, nenhum running back com 32 anos ou mais correu para mais de 1.400 jardas. Além disso, com essa idade, corredores ultrapassaram as 1.200 jardas terrestres apenas duas vezes.
Como visto, não é fácil para que running backs deixem para trás lesões no joelho e voltem a correr como já fizeram um dia. E isso se torna ainda mais complicado quando esse jogador completará 32 anos em março de 2017. Todavia, sem sombra de dúvidas, se algum corredor fosse quebrar essa marca, tenho plena certeza que esse seria Adrian Peterson. Ainda pode ser, melhor dizendo.
Infelizmente, precisamos falar de seu futuro longe de Minnesota
Eu realmente não vejo Adrian Peterson se aposentando ao término da temporada 2016, mesmo sabendo que isso pode de fato acontecer. Um jogador que já passou por tantas adversidades não desistiria “tão fácil” diante de um novo obstáculo. Na verdade, na maioria dos casos em que grandes atletas precisam definir se estendem ou não sua gloriosa carreira, o fator emocional pesa bastante. E é justamente isso que pode gerar consequências neste caso.
Você já imaginou ver Peterson atuando por outro time que não seja o Minnesota Vikings? Sim, não é fácil. Ele se tornou a cara da franquia na última década e com certeza será lembrado por lá para sempre. Contudo, sabemos que acima de tudo, as equipes da NFL são uma empresa, e que de modo geral visam o lucro acima de tudo. Em 2017, levando em conta seu salário e eventuais bônus contratuais, Adrian Peterson custará US$ 18 milhões aos cofres dos Vikings.
LEIA TAMBÉM: Dez considerações sobre os indicados ao Pro Bowl 2017
Minnesota está em busca de reforços pontuais, e sabe o que quase 20 milhões de dólares em uma temporada poderia pagar. Não existem grandes dúvidas em relação ao fato de que a franquia buscará uma reformulação contratual com Peterson ao final desta temporada, e ela não está totalmente errada nesta situação: em sua carreira, Adrian Peterson, além dos 32 anos, acumula 2.676 toques na bola – imagine quantos tackles ele já sofreu repetidamente. Realmente, é muito arriscado para o time pagar tanto a um jogador que pelo menos na teoria não durará por muito tempo. Dependerá principalmente do jogador definir seu futuro.
Além de tudo isso, tenha em mente que o esquema ofensivo do Minnesota Vikings também não é o mais apropriado para Adrian Peterson. A linha de bloqueadores dos Vikings tem muito a melhorar e o técnico Mike Zimmer é um dos treinadores mais “das antigas” que a NFL tem; o coletivo vale mais que o individual, em qualquer circunstância.
O atual momento de Minnesota, a idade, o preço e a atual conjuntura da carreira de Peterson, tudo isso conspira a favor de uma saída do running back do lugar por onde esteve brilhando por praticamente uma década. Nada foi devidamente oficializado ainda, contudo, parece ser uma questão de tempo até Vikings e Peterson baterem de frente. Tomara que o jogador quebre mais este tackle.
Veremos aquele AP novamente?
Bem, esta é a pergunta que todos os verdadeiros fãs de futebol americano querem saber. A temporada 2016 ainda tem dois jogos restantes e, por mais improvável que seja, o Minnesota Vikings ainda tem chances de ir aos playoffs. Muitos vão dizer que o correto será colocar Peterson como titular até o momento em que a equipe estiver com chances. Contudo, tendo em mente tudo que fora dito anteriormente, a melhor opção parece ser mesmo deixar o jogador no banco de reservas.
Como levantado, e se essa péssima temporada de Adrian Peterson for apenas um ano ruim? O risco é grande, mas de fato pode estar acontecendo. Não, não quero ver o camisa #28 defendendo outras cores que não sejam o roxo-amarelo dos Vikings. Todavia, se isso for preciso para vê-lo brilhando novamente, não existem grandes discussões. A ida de Peyton Manning para o Denver Broncos auto-explica essa situação.
Por dez temporadas Peterson nos acostumo a ver o melhor da posição de running back. Aos 31 anos (quase 32) e com várias incertezas – dentro e fora de campo – tem sido cada vez mais difícil imaginar o futuro do camisa #28. Resta-nos torcer. Torcer para que a temporada 2016 sirva apenas de impulso para que Adrian Peterson volte aos seus melhores momentos. Ele faz falta à NFL!
Adrian Peterson ainda tem gasolina no tanque? Compartilhe-o e deixe sua opinião nos comentários ou pelas redes sociais.
–
Siga-nos no Twitter @ShotgunFA
Curta no facebook.com/shotgunfootball