Esta será a sétima temporada consecutiva que estou falando do Cincinnati Bengals e do que devemos esperar da franquia em cada uma delas. Ano após ano olhamos para Andy Dalton com bons olhos, damos uma força extra para o sistema defensivo do time e colocamos confiança no trabalho de Marvin Lewis. Mas algo não está funcionando – e não é de hoje.
Em todos esses anos, com a exceção de 2016, as campanhas de Cincinnati tiveram algo em comum: o time esteve nos playoffs em todas as temporadas, e acabou eliminada na primeira partida em todas elas. Tudo isso, diga-se de passagem, foi ainda mais agravado por ter acontecido em um ambiente que não sabe o que é vencer na pós-temporada há quase três décadas.
Para 2017, então, as esperanças dos Bengals estão voltadas novamente para os mesmos protagonistas. Dalton será o comandante, Lewis o arquiteto e o restante da tripulação será praticamente o mesmo no papel, porém com um ano a mais de experiência e recuperado das lesões antepassadas. Ainda assim, não me parece o bastante. Não me parece o suficiente para poder colocar o Cincinnati Bengals na real conversa dos melhores times da Conferência Americana neste ano.
O incrível tabu dos Bengals nos playoffs
Ir para os playoffs em todas as temporadas entre 2011 e 2016 e não conquistar nenhuma vitória já seria algo extremamente questionável para qualquer franquia. Contudo, levando em conta que isso acabou acontecendo para uma equipe que não sabe o que é vencer na pós-temporada desde 1990, podemos definir essa situação como tenebrosa. Não à toa, o Cincinnati Bengals é um dos times mais pressionados da NFL atualmente.
Diga-se de passagem, essa sequência dos Bengals sem vitórias nos playoffs é a maior que a liga já viu, e uma das mais longas que os esportes americanos já presenciaram. Para piorar ainda mais, lembre-se que Cincinnati é um dos 13 times que nunca venceu um Super Bowl. Outra curiosidade: na última vitória dos Bengals em playoff, Peyton Manning e Tom Brady estavam entrando no high school!
Desde quando Cincy derrotou o Houston Oilers (atual Tennessee Titans) na rodada de Wild Card dos playoffs de 1990, os torcedores do time já tiveram que suportar contextos extremos. Por exemplo, entre 1991 e 2004, os Bengals não tiveram nenhuma temporada com mais vitórias do que derrotas – sem ter ido ao mata-mata ao menos uma vez sequer. Mais tarde, em 2005 e 2009, a franquia conseguiu triunfar em mais de dez jogos e voltou a vencer a AFC Norte. Depois isso, finalmente, chegamos ao período abordado agora.
Em 2011, Andy Dalton foi draftado (35ª escolha geral) e, após seu primeiro ano na liga, o tão sonhado franchise quarterback estava na mente dos torcedores do Cincinnati Bengals. Afinal, estou falando de um QB que venceu nove partidas como um calouro de segunda rodada. Entretanto, em sua primeira aparição nos playoffs, sofreu uma decepcionante derrota para os Texans, 31-10.
Depois disso, entre 2012 e 2016, Cincinnati conseguiu vencer 43 dos 60 jogos de temporada regular que participou, indo à pós-temporada em todos os anos, incluindo um título de divisão, em 2013. Tudo parece perfeito, certo? O problema – e bato mais uma vez nesta tecla – é que neste mesmo período, o time teve uma campanha 0-5 no mata-mata, tendo combinado para um placar contra de 59-121. Naturalmente, toda a pressão do mundo caiu nos ombros de Andy Dalton, uma vez que ele esboçou sinais de um quarterback realmente competitivo, mas acabou “morrendo na praia” em todas as vezes que os olhares estavam em sua direção.
Tudo passa pelas mãos de Andy Dalton agora – e este é o problema
Está cada vez mais claro que Andy Dalton não conseguiu evoluir como o esperado na National Football League. Ele tem um bom braço e outros atributos necessários para ser um grande quarterback na NFL; porém, assim como estamos acostumados a ver em vários outros casos, ele não teve sucesso em atingir o outro nível no profissional – e parece que não terá, também.
Em temporada regular, Dalton começou 93 partidas, tendo vencido 56, perdido 35 e empatado outras duas. Nesses quase 100 confrontos, o camisa #14 teve média por partida de 62,7% de aproveitamento nos passes, 238,8 jardas, 1,52 touchdown e 0,87 interceptação. Todavia, quando assunto é pós-temporada, a conjuntura se torna diferente: ele começou quatro partidas, tendo perdido todas elas – em duas aparições dos Bengals ele perdeu os playoffs por lesão, o que desconfigura um franchise quarterback da mesma maneira. Ao todo, teve média por jogo de 55,7% de aproveitamento nos lançamentos, 218,2 jardas (não passou das 200 em dois jogos), 0,25 TD e 1,5 interceptação. Sim, os números falam por si só.
Andy Dalton é um bom quarterback e, como falado, é acima da média. Entretanto, nada do que ele atingiu em temporada regular (que foi muito bom) tem total valor se ele não for capaz de vencer nos momentos mais importantes. Esta é a “lei” da NFL, e ele aparenta ser mais uma vítima neste sistema.
De uma maneira geral, gosto de comparar Dalton a Joe Flacco. Basicamente desde 2008, quando Flacco chegou à NFL, discutimos se ele é um quarterback de elite, afinal, seus números não são tão convincentes e ele já pecou em chegar aos playoffs diversas vezes. Diga-se de passagem, Dalton tem campanhas e estatísticas em temporada regular muito mais convincentes do que Flacco. Esta será a décima temporada do camisa #5 dos Ravens na liga; neste período, Flacco acumula duas campanhas 8-8 e uma 3-7 (Dalton nunca esteve próximo disso). Ademais, ele só conseguiu ultrapassar as 4.000 jardas aéreas uma vez – que foi no ano passado (algo que Andy já fez em duas ocasiões), e não passou para mais de 27 touchdowns (Dalton já igualou essa marca em uma ocasião, e a ultrapassou em 2013, quando lançou para 33 TDs).
Entretanto, boatos que ameaçam a titularidade (a curto e longo prazo) de Joe Flacco não rodeiam Baltimore – e o mesmo não pode ser dito para Andy Dalton em Cincinnati. E por que isso aconteceu? Porque Flacco já teve vitórias convincentes. Seu aproveitamento nos playoffs é de dez vitórias em 15 jogos; sua relação TD-INT é de 25-10 em mata-mata; sem falar que ele tem um Super Bowl espetacular no currículo. Os torcedores dos Ravens podem não achar Joe o melhor quarterback do planeta, mas sabem que podem confiar nele quando mais precisarem. E você confia em Andy Dalton?
O time dos Bengals não passou de mediano na temporada passada – tendo jogado muito pior que os anos anteriores, inclusive –, e os torcedores da equipe praticamente não tiveram uma resposta de Dalton para a situação. Essa pode vir à tona agora. 2017 aparenta ser a principal (e possivelmente a última) oportunidade para o camisa #14 de Cincy provar que conseguirá ser competitivo na NFL.
Ir para a pós-temporada já seria uma boa campanha para Cincinnati
O time do Cincinnati Bengals não é ótimo. Andy Dalton não é ótimo; a linha ofensiva também não. Arrisco a dizer que isso pode ser cravado para todo o restante do elenco a franquia. Verdade seja dita, Cincinnati tem bons e talentosos jogadores, contudo, pelo menos para mim, o grupo como um todo não parece estar pronto para realmente competirem em sua conferência.
A impressão que fica é que ainda falta algo – talvez não muito – para os Bengals chegarem lá. Peças pontuais seria a melhor definição para as maiores necessidades de um Bengals competitivo. Peças pontuais que, aliás, não parecem ter sido recrutadas no último Draft – e sim, John Ross está longe de ser uma delas.
Se a defesa manter a cabeça no lugar e for capaz de forçar turnovers novamente, Cincinnati tem uma chance de incomodar os principais times da Conferência Americana. Se Giovani Bernard e Jeremy Hill permanecerem saudáveis, a equipe terá um dos melhores backfields da liga, sem dúvidas. Se a linha ofensiva, se a secundária… Se Andy Dalton conseguir se superar e ter uma temporada espetacular, os Bengals finalmente estarão em posição de vencer no mata-mata.
Mas veja bem: são muitos “se” para um time só; são muitas incertezas para uma franquia que estamos discutindo se é ou não uma real candidata em sua conferência – e neste momento tudo parece conspirar contra. Até que a temporada esteja em andamento, não, o Cincinnati Bengals não é um real candidato na AFC!
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