*Este é mais uma análise da série especial de textos do Shotgun para o Super Bowl LII. Se quiser ler mais artigos sobre a decisão entre Philadelphia Eagles e New England Patriots, CLIQUE AQUI.
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“Ataque vencem jogos, e defesas ganham campeonatos!” Se você acompanha o futebol americano há um período de tempo razoável, muito provavelmente já deve ter ouvido esse “ditado”, que os fãs da bola oval costumam dizer. E em geral, sabemos que ele acaba sendo verdade.
Quantas vezes já vimos ótimos ataques contra ótimas defesas em Super Bowls e, na grande maioria das vezes, o lado que detém o sistema defensivo como superior levou a melhor. Foi assim em Steelers vs. Cardinals no Super Bowl XLIII, por exemplo. E também no SB XLVIII, entre Broncos e Seahawks, que tinham um dos melhores ataques e uma das melhores defesas de todos os tempos, respectivamente. Até mesmo quando dois sistemas ofensivos de elite se enfrentam, quem tem mais solidez no outro lado da bola costuma vencer. Pelo menos foi assim em Colts vs. Saints no Super Bowl XLIV. E saiba que esses são apenas alguns exemplos.
Portanto, seguindo essa linha de pensamento, é preciso avaliar o confronto ataque contra defesa no Super Bowl LII, entre Philadelphia Eagles e New England Patriots. Como cada sistema defensivo chega para a decisão? Como cada ataque pode ter sucesso? Teremos novamente a melhor defesa levantando o Troféu Vince Lombardi?
Com isso em mente, decidi analisar como funciona a defesa dos Eagles; os pontos fortes e fracos, basicamente. E mais: relembrei como os Patriots foram quando enfrentaram sistemas defensivos como aquele que terão pela frente no próximo domingo durante a temporada 2017 da NFL, em tese, é claro.
A defesa do Philadelphia Eagles: sólida em basicamente todos os quesitos
Entre setembro e novembro, o Philadelphia Eagles teve o melhor futebol americano do planeta e chegou a ser considerado favorito para o Super Bowl LII pelas casas de apostas. Isso aconteceu porque enquanto Carson Wentz tinha um ano de MVP no ataque, a defesa da franquia despontava como uma das mais precisas e equilibradas da NFL. Mas já estamos praticamente em fevereiro e, enquanto algumas coisas mudaram consideravelmente, como o sistema ofensivo de Philly após a lesão de Wentz, outras continuaram as mesmas, no caso do setor defensivo da equipe.
Nas estatísticas básicas da liga, a defesa dos Eagles foi Top 5 nos dois quesitos mais importantes. Esse setor terminou em 4º da NFL durante a temporada tanto em pontos cedidos (18,4) quanto em jardas totais permitidas por partida (306,5). Essa marca de jardas totais dos oponentes só não foi ainda melhor porque, apesar deste sistema defensivo ter aceitado somente 79,2 jardas terrestres por jogo, ele sofreu 227,3 jardas aéreas a cada confronto (17ª marca da NFL).
Ademais, Philly se destacou defensivamente ao longo de 2017 pelos turnovers forçados, já que teve 31 durante a temporada regular (a equipe conseguiu no mínimo um em 15 das 18 partidas do ano). E os oponentes só converteram 32,9% das terceiras descidas que tiveram contra os Eagles. Novamente, duas marcas que estão entre as cinco melhores da NFL. Quer mais? É impressionante o fato dos Eagles terem permitido mais de 24 first downs em um jogo apenas uma vez, que foi contra os Giants na semana 15. Em todo o ano, os adversários totalizaram 20/+ primeiras descidas contra Philly somente quatro vezes (incluindo playoffs).
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Como se não bastasse tudo isso, tenha em mente que a defesa do Philadelphia Eagles talvez esteja vivendo sua melhor fase desde setembro. Pelo menos em termos de pontos e jardas sofridas, a franquia nunca esteve tão bem no ano: os rivais não conquistaram mais de 305 jardas totais contra Philly em oito dos últimos 11 jogos, contando pós-temporada. Além disso, os Eagles sofreram 33 pontos nas últimas quatro (!!!) partidas que fizeram (média de 8,25 por jogo).
Em contrapartida, se existe algo que a defesa de Philadelphia não tenha sido ótima foi em sacks conquistados (mesmo tendo pressionado os QBs com certa eficiência), já que terminou 2017 com 38, 15ª melhor marca da National Football League.
Quer um resumo do que é esta defesa dos Eagles? Assista à final da NFC contra os Vikings novamente. O sistema defensivo de Philly é aquilo: refinado quando pressiona o quarterback adversário, capaz de roubar muitas bolas (marcando TDs depois disso e mudando o momento das partidas) e com um front seven que dispensa comentários – o mais versátil da NFL provavelmente. Quando o plano de jogo escolhido por Doug Pederson encaixa para a defesa de Philly, é difícil atacar contra o setor.
O New England Patriots já enfrentou isso nesta temporada?
Antes de qualquer coisa, é preciso ressaltar que existe uma grande diferença entre analisar o ataque do New England Patriots das primeiras partidas do calendário com aquele que terminou a temporada, contra qualquer defesa da NFL. De fato, a defesa do time foi o setor que mais mudou desde a semana 1. Contudo, o ataque também teve suas melhoras.
Mas agora a resposta para a pergunta: “Os Patriots já enfrentaram uma defesa como a dos Eagles em 2017? Como foi?”. Sim, os Pats já passaram por isso. Verdade seja dita, o sistema ofensivos de New England já teve vários desafios nesta temporada, enfrentando alguns dos principais setores da NFL em diversos quesitos.
Essencialmente, a defesa do Carolina Panthers é a que mais se assemelha à dos Eagles (apesar dos 50 sacks totais que teve). Veja bem: como citado no tópico acima, em pontos, jardas totais, jardas aéreas e jardas terrestres cedidas por partida, Philly permitiu 18,4; 306,5; 227,3 e 79,2, respectivamente. Nesta ordem, Carolina fechou a temporada com 20,4; 317,1; 229,1 e 88,1. Números inferiores, porém são os mais parecidos em geral e que seguem a mesma “lógica”. Os Falcons, mesmo não sendo tão bons contra o jogo corrido (104,1 por confronto), apresentaram estatísticas sólidas nos respectivos quesitos anteriores: 19,7; 318,4 e 214,3. Por fim, saiba que os Steelers também tiveram uma defesa que beira esses padrões.
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Contra essas duas franquias da NFC Sul, o New England Patriots teve uma boa prévia daquilo que o sistema defensivo dos Eagles fez durante o campeonato. Em ambos os jogos, Tom Brady foi muito bem. Somando as duas aparições, o camisa #12 teve 53/74 nos passes, 556 jardas, 5 TDs e nenhuma interceptação. O ataque como um todo também funcionou bem nas ocasiões, já que não sofreu turnover, e teve média de 26,5 pontos marcados e 388 jardas totais. O problema para os Pats, no caso do revés contra os Panthers, foi que sua defesa ainda estava numa fase instável, e pouco conseguiu fazer para evitar os 33 tentos de Carolina.
Entretanto, contra Carolina e Atlanta, New England não esteve diante de sistemas defensivos com tanta precisão em terceiras descidas e capacidade de forçar turnovers quanto o de Philadelphia. De uma maneira geral, os Patriots viram isso na decisão da AFC contra os Jaguars (outra equipe que também teve muito mais sacks que os Eagles). Jacksonville forçou 33 turnovers em 2017, apenas dois a mais que Philly, e foi a 4ª da NFL em conversões de terceiras descidas (PHI foi 3ª). Na final de conferência, então, o New England Patriots mais uma vez viu seu ataque funcionar nos aspectos básicos (24 pontos e 344 jardas totais) e de certa forma até tomou conta da bola, tendo sofrido apenas um fumble na tarde. Porém, Brady e companhia tiveram muita (!) dificuldade em terceiras descidas: apenas 25% de aproveitamento (3/12).
Podemos concluir que…
O New England Patriots já teve praticamente todos os desafios possíveis durante esta temporada se considerarmos as defesas que já enfrentou. Jacksonville Jaguars, Carolina Panthers, Atlanta Falcons, e até mesmo Pittsburgh Steelers e Los Angeles Chargers, todas essas franquias têm especialidades em seus sistemas defensivos (a maioria delas tem até mais que uma) e os Patriots se saíram bem nos confrontos, sofrendo apenas uma derrota. Ainda assim, esse revés foi há quase cinco meses.
A verdade é que Bill Belichick tem uma capacidade de ajeitar seu time – tanto antes quanto durante as partidas – raramente vista na história da NFL. E ele também está acompanhado do QB certo para isso. O sistema defensivo dos Eagles será um dos três mais completos que os Pats enfrentarão na temporada 2017, não tenho dúvidas disso. De qualquer forma, pelo que foi visto, o New England Patriots tem plenas condições de pontuar, proteger a bola e evoluir nas terceiras descidas. E é preciso muito mais que isso para o bicampeonato?
O que o New England Patriots precisa para desbancar a defesa dos Eagles no Super Bowl LII? Deixe sua opinião nos comentários ou nas redes sociais!
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