5.097 jardas aéreas. 50 touchdowns lançados. 134,2 de rating quando dentro do pocket. Um TD aéreo a cada 8,6% das tentativas de passe. 12 vitórias. MVP.
Exuberante.
A temporada 2018 de Patrick Mahomes, sua segunda na NFL (primeira como titular), foi exuberante. O camisa #15 fez algo que pouquíssimas vezes se vê no futebol americano. Não apenas pelos números, mas sim pela habilidade de improviso, passes em movimentos e precisão e potência nos lançamentos.
O estilo de Mahomes pode, de fato, mudar a forma como os scouts avaliam prospectos no draft futuramente. Tanto na posição de quarterback, pois todos os times vão querer um “novo Mahomes”, quanto no pass rush, já que para “parar” alguém com tais características será preciso mais que um pass rusher de apenas força bruta.
Lembre-se: a posição de QB é a mais importante, logo a mais impactante, do futebol americano. Se alguma tendência funciona, todos irão querer.
Mas para que Mahomes se confirme como um dos grandes quarterbacks da atualidade, é preciso que ele prove que temporadas magníficas como a de 2018 não são exceções. O potencial e a habilidade do ex-Texas Tech não está em questão aqui, muito pelo contrário. No entanto, tenha em mente que todos os QBs de elite da liga atingiram tal nível por repetirem sólidas temporadas várias vezes.
Não, Mahomes provavelmente não somará 100 touchdowns depois de duas temporadas como titular. Porém, sim, ele pode — e deve — seguir com poucas interceptações (foram 12 no ano passado), bom aproveitamento (66%) e, claro, manter a liderança/capacidade de vencer jogos dentro de campo.
Todavia, o terceiro, e mais intrigante até agora, ano de Mahomes no futebol americano profissional terá desafios. Desafios maiores do que aqueles enfrentados por ele em 2018.
Um dos maiores desafios está presente justamente no Kansas City Chiefs
O principal running back e wide receiver que Mahomes teve na semana 1 de 2018 não serão os mesmos em 2019. Kareem Hunt agora veste as cores do Cleveland Browns, e ele terá que cumprir oito jogos de suspensão. E Tyreek Hill ainda está sob o processo de investigação da NFL, mas tudo indica que ele não estará em campo para os Chiefs na semana 1. Ou melhor, as chances de ele nem permanecer em Kansas City são enormes.
Perder Hunt e Hill significa que Mahomes perde uma grande parte de seu sistema ofensivo na temporada passada. 957 jardas corridas, 1.857 jardas recebidas e 27 touchdowns totais para ser mais exato. Eles foram justamente os dois líderes dos Chiefs em TDs no campeonato. Sem contar na contribuição de Hill retornando chutes.
No caso de Hunt, verdade seja dita, Kansas City já sabe o que é não ter o corredor. A equipe atuou sem o atleta desde a semana 11 do campeonato passado. Damien Williams, o qual assinou com os Chiefs na offseason de 2018, deverá ser o nº1 do elenco na posição agora. Williams totalizou 256 jardas, 5,1 jardas por corrida e quatro touchdowns nos três confrontos que foi titular na temporada passada. Além disso, o veterano Carlos Hyde foi contratado.
O substituto de Hill, no entanto, é uma incógnita. Hoje, o quarteto de wide receivers titular dos Chiefs seria formado por Sammy Watkins, Mecole Hardman, Demarcus Thompson e Marcus Kemp. Watkins já teve lampejos na NFL mas nunca se firmou como a referência no grupo de WRs por onde passou. Hardman foi o primeiro escolhido do time no Draft 2019 (56ª escolha geral) e sua produção como calouro ainda é incerta. E Thompson e Kemp, juntos, tiveram 23 recepções, 295 jardas e quatro touchdowns em 2018.
Ainda nos Chiefs…
Do outro lado da bola, está outro potencial desafio para Mahomes. A defesa de Kansas City, que foi apenas a 24ª da NFL em pontos cedidos no ano passado, continua repleta de incertezas. Os pass rushers Dee Ford e Justin Houston se foram. Frank Clark e Alex Okafor chegaram. Além deles, na secundária, Tyrann Mathieu foi contratado. E sete trocas de técnicos/coordenadores/assistentes aconteceram neste sistema defensivo, incluindo o coordenador. Steve Spagnuolo substituirá Bob Sutton, e consequentemente mudará o sistema (3-4 – 4-3) em que KC atua.
Estamos falando de um sistema defensivo que permitiu 500/+ jardas em quatro partidas de 2018, incluindo 524 na final de conferência. Mudanças aconteceram, mas o resultado dessas é um mistério.
Os adversários: ajustes e novos confrontos
Evidentemente, Mahomes precisará se preocupar com as defesas adversárias. Cada vez mais os coordenadores/técnicos defensivos têm conseguido ajustar seus setores após estudar detalhadamente cada vídeo do ataque rival. Em uma temporada curta e intensa como a da NFL, ajustes são cruciais. E tenha em mente que a offseason 2019 será marcada por muitos vídeos, análises e preparação por parte dos 16 adversários que Mahomes enfrentará entre setembro e dezembro.
A resposta do quarterback, mediada pela preparação e ajustes do sistema ofensivo como um todo, será determinante neste caso.
Entre os adversários com defesas de destaque que Mahomes inicialmente deve se preocupar, alguns serão inéditos para o QB. Logicamente, enfrentar o Los Angeles Chargers será um desafio, visto que a defesa da franquia parece estar ainda mais ajustada para 2019. Em 2018, contra L. A., Mahomes foi 1-1, com seis touchdowns, nenhuma interceptação e três sacks sofridos.
A secundária do Denver Broncos, combinada com a dupla Von Miller-Bradley Chubb, será um obstáculo que os Chiefs enfrentarão duas vezes também. Entre oponentes conhecidos por Mahomes, a lista ainda tem Jacksonville Jaguars (o talento defensivo da equipe é evidente), Baltimore Ravens (a secundária “mais cara” da liga) e New England Patriots (de Bill Belichick).
Ademais, Mahomes medirá forças pela primeira vez com Minnesota Vikings, Green Bay Packers e Chicago Bears. Os Vikings têm um dos elencos mais equilibrados da NFL e isso fica evidente em todos os setores defensivos do time. Os Packers investiram bastante em sua defesa tanto no Draft quanto na free agency e esperam, enfim, ter o resultado esperado no sistema. Por fim, os Bears, de Khalil Mack, tiveram a melhor defesa da liga em 2018.
Os head coaches e coordenadores defensivos de todas essas equipes certamente assistirão aos snaps profissionais de Mahomes até agora, buscando complicar ao máximo a vida do quarterback nesta temporada.
E vice-versa.