A maioria dos amantes do futebol americano se lembra do Draft 2004 da NFL por ter sido um dos melhores de todos os tempos no quesito quarterbacks. Além disso, aquele também foi o recrutamento com mais wide receivers selecionados em primeira rodada, sete. Foi em 2004 que a universidade de Miami teve seis prospectos chamados entre as 32 primeiras escolhas, um recorde da liga também. Todos esses fatores certamente estão marcados na história do futebol americano e fazem o Draft de 2004 ser um dos melhores de todos os tempos; contudo, há algo que torna aquele recrutamento ainda mais ilustre.
O primeiro time a escolher no Draft 2004 foi o San Diego Chargers. E o primeiro jogador escolhido naquele ano foi Eli Manning. É isso mesmo, os Chargers recrutaram Manning – e não o New York Giants como possa parecer. Contudo, com uma transação no estilo NBA, San Diego trocou Eli para New York por Philip Rivers minutos após ter feito a escolha. E sim, Rivers foi draftado pelos Giants, na quarta escolha geral daquele ano.
Por que essa troca aconteceu?
14 anos se passaram e, até hoje, não existe uma resposta concreta e apurada para isso. Nessa situação, a única certeza é que Eli Manning deixou claro ao San Diego Chargers que não queria atuar pela franquia. De acordo com alguns repórteres, os Chargers entraram em contato com Manning e seu agente uma semana antes do Draft e disseram que tinham forte interesse no quarterback. Foram várias ligações e em todas elas a resposta de Eli se resumiu em só um ponto: eu não tenho interesse em atuar pelo San Diego Chargers. A negação de Manning para com a franquia californiana era tão grande que ele ameaçou não disputar a temporada de calouro até encontrar um outro destino.
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Como citado, os motivos para tudo isso nunca foram realmente divulgados. Quando perguntado sobre isso, Eli Manning usa o discurso de jogador, desconversa, bate na tecla do “fiz o que pensava ser o melhor para mim”, e coisas do tipo. Os boatos mais fortes apontam, de fato, para o time e organização dos Chargers em geral. San Diego atravessava talvez a pior fase de sua história e, como instituição, a equipe também fracassava. Além de ser o pior time na liga naquela temporada e ter poucos talentos individuais no elenco, as decisões contratuais, recrutamentos e contratações feitas pelos Chargers estavam acompanhados de polêmicas várias vezes. Manning, juntamente com sua família, tomaram a decisão que não queria vestir as cores azul-amarelo.
Outro fator pertinente que pode ter afatasdo ainda mais Eli Manning do San Diego Chargers era o estilo de jogo de Mart Schottenheimer, head coach da fraquia na época, uma vez que o treinador era mais conservador e com um sistema ofensivo pautado primeiramente nas corridas. Os rumores indicam que isso possa ter desagradado Eli e principalmente Archie, seu pai.
Por que Eli Manning como nº1 geral?
Você pode estar se perguntando, então, porque os Chargers, mesmo sabendo do desinteresse de Manning, recrutaram-no ainda assim. Três fatores explicam bem isso: 1) San Diego precisava de um quarterback; 2) Eli Manning era o melhor QB do Draft; e 3) muitos times estavam em busca de um quarterback em 2004.
O San Diego Chargers – isso também é algo que nem todos os fãs de futebol americano estão cientes – tinha Drew Brees no elenco quando recrutou Manning acabou ficando com Rivers. Brees foi o titular da franquia basicamente por quatro temporadas, entre 2002 e 2005. Contudo, o contrato do camisa #9 estava próximo de terminar e, além de San Diego nunca ter confiado em Brees de fato, o jogador sofreu uma lesão em 2005. Em outras palavras, os Chargers não contavam com Drew Brees para o futuro do time e, por isso, aproveitaram o Draft 2004 para encontrar um QB para a franquia.
Sobre a classe de 2004, todos os times que buscavam um quarterback queriam Eli Manning. Chargers, Giants, Browns, Steelers, Bills, Saints… Uma série de equipes precisavam de um QB e, dependendo dos nomes ainda disponíveis, não pensariam duas vezes antes de recrutar um. Justamente por isso, mesmo sabendo que não daria certo, o San Diego Chargers escolheu Eli Manning. Primeiramente, caso Manning mudasse de ideia e decidisse jogar, os Chargers tinham em mãos o principal quarterback da classe. Ademais, Eli era uma ótima moeda de troca para o cenário enfrentado pelas outras franquias – e foi exatamente isso que prevaleceu.
Por que Manning em NY, Rivers em San Diego e Big Ben em Pittsburgh?
Um dos fatos unânimes em 2004 era que Eli Manning era o preferido das franquias. Todavia, dois outros nomes dividiam opiniões quanto ao nº 2 da classe (ou até menos que isso segundo alguns scouts): Philip Rivers e Ben Roethlisberger. Nenhum deles protagonizara uma carreira “de outro planeta” no college football, porém tiveram um último ano universitário espetacular e chamaram a atenção das equipes. Para os Chargers, Rivers era o nº2, uma vez que o QB brilhou no Senior Bowl sob o comando da comissão técnica do time. Para os Giants, assim como no caso dos Browns, Big Ben vinha após Manning; todavia, Cleveland não considerava nenhum outro quarterback não chamado Eli para o Top 16 da classe.
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Desta maneira, o San Diego Chargers poderia ter seu segundo QB preferido do Draft 2004 e ainda ganhar algumas escolhas com isso. Já o New York Giants, tinha a chance de ter o melhor prospecto da classe. Tenha em mente que, se Chargers e Giants não tivessem entrado em acordo por uma troca, Rivers jamais teria sido chamado por New York; a opção seria Ben Roethlisberger. Mas acabou que San Diego e New York saíram ganhando na troca: os Chargers receberam Rivers e três escolhas de Draft (terceira rodada 2004, e primeira e quinta rodada 2005); os Giants adquiriram Manning. Por pouco, aliás, o Cleveland Browns não se tornou o destino de Eli, já que a franquia esteve próxima de conseguir uma troca pela quarta posição geral. Nesse cenário, com New York em sétimo (escolha de Cleveland), Big Ben também teria sido o recrutado.
Contudo, os Browns não puderam fazer nada para evitar a troca entre Chargers e Giants. O problema para Cleveland foi que, ao invés de apostar em um quarterback na sétima colocação geral, a equipe escolheu o tight end Kellen Winslow II, fato que confirmou a queda de Roethlisberger na primeira rodada. O atual líder dos Steelers foi chamado na 11ª posição geral, quando Pittsburgh decidiu pensar no futuro e selecionou o quarterback de Miami (Ohio) – curioso é que Big Ben precisou de somente duas temporadas de experiência para conquistar um Super Bowl, o primeiro da classe de QBs 2004. Mais curioso ainda é que Eli Manning, em quatro partidas disputadas contra os Chargers na carreira, jamais venceu; o placar combinado desses encontros está 130-79.
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