Na National Football League, as coisas costumam funcionar à base de tendências. Aquele jogo de futebol americano de antigamente, no qual predominava a força bruta dos defensive linemen, por exemplo, vem dando lugar a defensores cada vez mais versáteis, sejam eles linebackers que podem se alinhar na linha defensiva ou até mesmo safeties com caráter de linebackers. O jogo que vemos na NFL nos dias de hoje é um resultado de grandes mudanças com o passar das décadas.
Lembre-se também que a ideologia para com os ataques aéreos mudou, tendo seu ápice especialmente nos anos 2000 e, ao que tudo indica, o futuro da posição de quarterback deverá ser ainda mais distinta na liga. E algo similar pode ser dito no que tange o papel das defesas quando comparadas à década de 1970, por exemplo. Aliás, aproveitando o assunto novos padrões e sistemas defensivos, é preciso ressaltar que uma nova vertente vem surgindo no futebol americano profissional: as linhas defensivas estão ganhando cada vez mais relevância para as franquias.
Mas não é que as linhas defensivas não eram importantes antigamente. Saiba que as linha de defesa sempre foram – e continuarão sendo – peças cruciais para qualquer sistema defensivo. Uma equipe que tem uma DL sólida costuma ter sucesso parando (ou contendo, se preferir) grandes quarterbacks, direta (através das pressões) ou indiretamente (barrando o jogo corrido nas primeiras descidas). Esses fatos não são padrões, mas sim “regras” na NFL: um time competitivo precisa de uma linha defensiva minimamente competitiva. O que este “Falando sobre…” foca, então, não é dizer que os DLs são importantes (isso é muito óbvio), mas sim mostrar que a forma como as franquias têm tratado suas linhas de defesa no Draft e free agency é fruto de uma estratégia interessante e que coloca em dúvida, já em 2018, qual será o melhor setor neste ano.
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Existe uma razão para o Phiadelphia Eagles ter mantido o veterano Chris Long, e se reforçado com Haloti Ngata e Michael Bennett mesmo com o sucesso que a DL da franquia teve na temporada passada. Não pense também que o Minnesota Vikings foi atrás de Sheldon Richardson nesta free agency por acaso. Você viu o que o Cintinnati Bengals fez nesta offseason de um modo geral? E que tal o Tampa Bay Buccaneers? Existe uma razão – essa, diga-se, aparentemente a longo prazo – para o Washington Redskins ter investido suas duas escolhas de primeira rodada de 2017 e 2018 em dois defensive tackles.
De um modo geral, o que as franquias estão buscando com essa ideologia é ter nomes sólidos para a linha ofensiva em todos os snaps, contra qualquer sistema ofensivo e a qualquer momento dos confrontos. Em outras palavras, é a ideia de “quanto mais, melhor”, que não necessariamente coloca em campo os melhores nomes, mas sim os jogadores mais adequados para determinada situação de jogo. Como consequência de tudo isso, a NFL deve estar preparada para um ano especial em termos de linhas defensivas, uma vez que vários desses setores aparentam estar ainda melhores e mais promissores em 2018. Nesse sentido, é inevitável a pergunta: qual será a melhor linha defensiva nesta temporada?
Philadelphia Eagles: um grupo experiente e que já mostrou resultado
Michael Bennett, ex-Seahawks, atuou em 931 snaps na temporada passada. No elenco dos Eagles, atual time de Bennett, nenhum jogador atuou em mais de 662 snaps em 2017; na verdade, somente dois jogadores estiveram em campo mais de 600 vezes: Brandon Graham e Fletcher Cox (607). Ainda sobre Philly no ano passado, oito atletas participaram de pelo menos 200 snaps, sendo que seis deles ainda estão no elenco. As perdas de Vinny Curry e Beau Allen foram substituídas pelas chegadas de Bennett e Haloti Ngata. Em outras palavras, a forma como Philadelphia consegue combinar experiência (Bennett, Ngata, Fox) e juventude (Barnett, Jernigan), tendo em ambas as partes muito talento, é impressionante. Pelo que foi visto já em 2017, talvez seja justo dizer que a linha defensiva dos Eagles é a mais sólida da NFL na atualidade.
Jacksonville Jaguars: pelo menos dois nomes talentosos em cada função
Os Jaguars talvez não tenham tantos nomes espalhados por sua linha defensiva como os Eagles, porém, é justo dizer que o time também tem a capacidade de ter pelo menos quatro pass rushers sólidos em campo a qualquer momento das partidas. O que Jacksonville tem a seu favor é que no ano passado este setor simplesmente brilhou no quesito mais importante: foram 55 sacks durante a temporada regular. Calais Campbell esteve nas conversas para o prêmio de Defensor do Ano; Yannick Ngakoue tem melhorado a cada ano; Malik Jackson parece ter se firmado como um dos melhores defensive tackles da atualidade, assim como uma dupla formada por ele e Marcell Dareus; e que tal dizer que Dante Fowler Jr. não é considerado titular neste grupo? Lembre-se ainda que essa rotação conta com o veterano Abry Jones e o calouro de primeira rodada Taven Bryan.
Los Angeles Rams: o que esperar da força bruta da dupla Donald-Suh?
Falar da linha defensiva do Los Angeles Rams é falar de, em tese, uma das melhores linhas defensivas contra o jogo corrido dos últimos tempos. Comece analisando Aaron Donald, um dos melhores defensive linemen jogadores da NFL, passe por Ndamukong Suh, um exímio defensive tackle, até chegar em Michael Brockers, DT de origem que vem aparecendo bem como DE. De fato, os Rams não têm tanta profundidade no setor e apostar em Samson Ebukam e Matt Longacre como os principais edge rushers pode ser arriscado, entretanto, sabendo do impacto de Donald e Suh dentro de campo (que vai além da função de defensive tackle), é preciso dar créditos à essa linha defensiva, especialmente por ter Wade Phillips como coordenador.
Minnesota Vikings: é errado afirmar que todos os jogadores estão no auge?
O Minnesota Vikings não tem dois defensive tackles tão excepcionais como os Rams em Donald e Suh, apesar do ótimo futebol americano apresentado por Linval Joseph e talento de Sheldon Richardson. Em contrapartida, os Vikings apresentam três defensive ends especiais em Everson Griffen, Danielle Hunter e Brian Robison. A linha defensiva de Minnesota não impressiona em termos de profundidade nas funções, no entanto, quando o quarteto Joseph-Richardson-Griffen-Hunter está em campo, é difícil imaginar algo melhor para uma DL – e olha que nem vimos Richardson com a camisa roxa ainda. Pelos titulares e por estar inserida em uma ótima defesa como um todo, essa linha defensiva dos Vikings precisa ser colocada entre as melhores da NFL.
Outras que merecem atenção
Gosto bastante da linha defensiva do Denver Broncos para 2018, assim como a do Houston Texans. Os Broncos têm Von Miller, o qual dispensa comentários, e ainda contam com Shane Ray, que é um bom jogador quando saudável, e Bradley Chubb, um dos melhores prospectos do último draft. Domata Peku e Derek Wolfe complementam bem a rotação. No caso dos Texans, um trio formado por J. J. Watt, Jadeveon Clowney e Whitney Mercilus precisa ser levado em consideração.
Chamo a atenção também para a linha defensiva do Tampa Bay Buccaneers, a qual deve evoluir nesta temporada também. Estou me referindo a um setor que contava com nomes como Gerald McCoy, Noah Spence e William Gholston, e acabou se reforçando ainda com Jason Pierre-Paul, Vinny Curry, Beau Allen, Mitch Unrein e Vita Vea. São muitos pontos que precisam se encaixar, mas isso pode funcionar muito bem no fim das contas.
Por fim, chamo a atenção para Tennessee Titans, Cincinnati Bengals, Los Angeles Chargers e, pelo que vimos em 2017, Pittsburgh Steelers; todos esses times, seja pelo ano passado, talento individual ou pelo que foi feito nesta offseason, merecem relevância quando o assunto é principais linhas de defesa da NFL. Deixo claro também que provavelmente fui injusto com alguma equipe ao não citar mais linhas defensivas neste parágrafo.
É quase inviável falar da temporada 2018 da liga e não se esbarrar nas ótimas linhas defensivas…
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