Finalmente, o “Fatos que merecem destaque” da temporada regular está de volta! Saiba algumas conclusões (das dezenas) que tirei após a primeira semana da NFL em 2019:
O “novo” Gurley
Nos últimos dois anos, Todd Gurley teve temporadas que o colocaram em um patamar raramente visto na NFL. Ele soma 40 touchdowns desde 2017 e é um de sete jogadores na história a totalizarem 19/+ TDs em duas temporadas seguidas.
Mas as questões quanto ao joelho de Gurley, que o deixaram fora de atividade/limitado nas últimas semanas de 2018, colocaram a participação do running back em pauta neste ano. E na semana 1 vimos o “novo” Gurley em campo.
Claro, ele foi sólido, como sempre: foram 101 jardas de scrimmage contra o Carolina Panthers. O que mudou foi que, ao invés de 25 toques na bola, Gurley totalizou 15 (14 corridas).
Além disso, nas situações de red zone, o RB nº 2 Malcolm Brown ganhou mais oportunidades, o que explica os dois touchdowns anotados por ele, e que deve impedir que Gurley atinja três anos consecutivos com 19 touchdowns, algo jamais alcançado na história da liga até hoje.
As coisas não são tão fáceis na NFL
Antes da temporada, escrevi em um dos artigos para o QB List (site americano que escrevo semanalmente sobre Fantasy Football), o porquê eu considerava Baker Mayfield o quarterback titular do meu All-Risky Team.
As razões foram: 1) Mayfield teve algo percentual de interceptações por passes tentados como calouro (2,9%), 2) a linha ofensiva do Cleveland Browns, em especial os offensive tackles, nunca atuaram em altíssimo nível, e 3) falta consistência ao jogo corrido.
Contra o Tennessee Titans na semana 1, então, os Browns foram “surpreendentemente” derrotados por 43-13 em casa. Mayfield foi interceptado três vezes, nenhum corredor além de Nick Chubb teve mais que uma corrida e a linha ofensiva permitiu cinco sacks e outros sete hits em seu QB.
Na NFL, é preciso fazer ajustes. Em um primeiro momento, Cleveland falhou nisso na transição de 2018 para 2019. Como serão as coisas a segunda rodada?
Os Colts deram o apoio quase perfeito a Brissett
Sem Andrew Luck, sabíamos que, para o Indianapolis Colts ter chances reais na temporada, o elenco em torno de Jacoby Brissett precisaria fazer um excelente trabalho. Por isso, o embate de estreia contra o Los Angeles Chargers era um teste interessante.
Ficou claro que os Colts podem, de fato, ser competitivos em 2019, apesar a perda do melhor jogador do time na temporada passada. Marlon Mack com 174 jardas e um TD corrido, linha ofensiva permitindo aceitáveis dois sacks, sistema defensivo sackando Philip Rivers quatro vezes (além de outros nove hits)… Foi uma boa apresentação de Indianapolis.
E a vitória fora de casa só não veio porque um setor do time, protagonizado por um dos maiores de todos os tempos, não contribuiu como de costume.
Adam Vinatieri errou dois field goals e um extra point pela primeira vez na carreira e, no fim do dia, viu seu time derrotado na prorrogação por 30-24.
É assustador o potencial dos Patriots
O Pittsburgh Steelers certamente se mostrou pior do que deve ser para o restante da temporada, porém o New England Patriots mais uma vez merece créditos por ter feito um jogo complicado parecer fácil.
A cada dia que passa, Bill Belichick deixa novos indícios de que, para derrotá-lo após uma semana longa de preparação, será preciso jogar muito (!) futebol americano.
Talvez nem isso seja suficiente daqui pra frente.
Afinal, os Patriots que dominaram os Steelers com 465-308 jardas totais, 24-15 first downs e venceram por 33-3, apresentando respostas nos dois lados da bola, já esperam pela estreia de Antonio Brown.
Inevitavelmente, a personalidade de Brown pode ser um problema para qualquer vestiário. Porém, sob as circunstâncias atuais depois de tudo que aconteceu desde março, não havia um time melhor do que um comandado por Belichick para adquirir o wide receiver.
E dentro de campo, Brown parece ser bom recebendo a bola: ele tem média de 103 recepções, 1.379 jardas e nove touchdowns a cada 16 jogos disputados.
O potencial de um ataque alinhado com Brown e Josh Gordon abertos, e Julian Edelman por dentro, com três running backs versáteis, e Tom Brady under center é assustador.
Os problemas dos Texans
A primeira partida da temporada talvez resuma bem o que é o atual time do Houston Texans: um elenco competitivo por ter talentos individuais absurdos. Todavia, como um time, a franquia ainda deixa a desejar.
De fato, a chegada de Kenny Stills parece ter sido aquilo que faltava para os Texans terem um dos mais completos grupos de wide receivers da NFL. E a combinação de Carlos Hyde e Duke Johnson (140 jardas terrestres), mesmo que com apenas 19 carregadas totais, deve ser o necessário para um quarterback diferenciado como Deshaun Watson.
Todavia, contra o New Orleans Saints, a linha ofensiva novamente se mostrou instável. Pior ainda, o sistema defensivo cedeu 510 jardas totais, cometendo um erro determinante para derrota após um erro da comissão técnica.
Houve sim bons momentos da defesa, como a interceptação na red zone. Porém, em mais uma ocasião, Houston brilhou quando jogadores específicos sobressaíram. Foi uma grande noite para Whitney Mercilus, o qual ainda foi responsável pelo único sack dos Texans na noite.
Mas fora ele e Benardrick McKinney em alguns momentos, e com J. J. Watt apagado, faltou playmakers à defesa dos Texans, que não têm mais Jadeveon Clowney — e nem ninguém à altura para substituí-lo.
Como vencer os Saints em New Orleans encostando em Drew Brees quatro vezes em todo o confronto e o jogo corrido rival com média de sete jardas por tentativa?
Mudanças necessárias em Jacksonville
Há meses, falei o quanto o Jacksonville Jaguars precisava melhorar para oferecer a Nick Foles aquilo que o Philadelphia Eagles fez quando o quarterback viveu sua melhor fase em 2017 e 2018.
Infelizmente, Foles sofreu uma lesão no ombro e só esteve em campo por pouco mais de 14 minutos em sua estreia pela equipe da Florida. Ele agora está fora por tempo indeterminado e Gardner Minshew, calouro selecionado na sexta rodada, será o titular, o que significa que o restante do elenco precisará aparecer ainda mais.
Logo após o Draft 2019, fiz um breve comentário sobre Minshew:
“Minshew, o qual atuou por Washington State, entende o futebol americano e sabe ler as defesas apropriadamente. Sua precisão também merece destaque. O problema para ele é que tanto o trabalho dos pés quanto o toque na bola, principalmente em profundidade, deixam a desejar. Esses devem ser os focos de evolução no jogo do calouro em 2019.”
Os números iniciais do novato no tempo que atuou contra o Kansas City Chiefs foram sólidos: 22/25, 275 jardas, dois TDs e uma INT. No entanto, um novo plano ofensivo deverá ser instaurado em Jacksonville para o restante do ano (ou até quando Foles voltar).
O ataque terrestre não pode ter mais somente 16 corridas (e 81 jardas) em um confronto inteiro. Recebedores precisam repetir com frequência o que D. J. Chark (4-146-1) e Chris Conley (6-97-1) fizeram diante dos Chiefs. E a defesa, além de forçar turnovers, não pode nunca mais sair de campo sem totalizar um sack como na estreia da temporada.
Qual o tamanho da empolgação com os Ravens?
Lamar Jackson foi brilhante lançando a bola, e se tornou o QB mais jovem da história a totalizar um rating perfeito. Marquise Brown se mostrou exatamente a arma vertical que o Baltimore Ravens esperava. Mark Ingram indiciou que a franquia fez ótimo negócio ao contratá-lo por três anos, US$ 15 milhões. E Mark Andrews, com um ano a mais de experiência, demonstrou evolução.
Isso para não falar na defesa, a qual teve uma atuação permitindo apenas 4,3 jardas por tentativa.
Sem dúvidas, foi uma estreia empolgante para Baltimore. Contudo, qual o limite de créditos que a equipe merece, tendo em vista que enfrentou o Miami Dolphins, uma franquia que neste momento visivelmente não tem um time de futebol americano completo?
Linha ofensiva pífia, jogo corrido que sem uma OL decente e um QB sólido desaparece, grupo de recebedores refém de um sistema ofensivo errado dentro e fora de campo, defesa com pouquíssimos playmakers…
Após a semana 1, conclui-se que os Ravens brigarão pelos playoffs. E que os Dolphins têm chances reais de terminarem a temporada 0-16.
Não sei exatamente qual dos dois fatos pode ser um maior “exagero de estreia de campeonato.” Talvez nenhum deles e por isso vimos um placar de 59-10 no Hard Rock Stadium?
O jogo corrido dos Vikings
O confronto disputado no U. S. Bank Stadium teve respaldo contrastantes para dois dois times envolvidos.
Enquanto o Minnesota Vikings terminou a tarde vendo o jogo corrido, que foi um dos piores da NFL em 2018, brilhando, o Atlanta Falcons teve um dia “para ser esquecido” depois de anotar seus primeiros pontos apenas no último período da partida.
Matt Ryan cometeu erros que não vinha cometendo, Devonta Freeman decepcionou após perder 2018 por lesão, a linha ofensiva não evidenciou considerável melhora (pelo contrário), e o sistema defensivo segue sem conseguir pressionar os quarterbacks adversários efetivamente.
Tudo isso se tornou presa fácil para o ataque corrido dos Vikings.
Liderados por Dalvin Cook, os running backs de Minnesota somaram 178 jardas e três touchdowns em 38 tentativas na semana 1. É exatamente esse tipo de produção que se espera de um backfield com Cook e comandado por Mike Zimmer.
Por incrível que pareça, Kirk Cousins saiu de campo com uma tranquila vitória por 28-12 com estatísticas “de primeiro período”: 8/10, 98 jardas e um touchdown.
As evoluções dos Raiders
Eu sei que a defesa do Denver Broncos foi uma grande decepção na primeira rodada, especialmente por estar comandada por Vic Fangio agora. Entretanto, enquanto a secundária e o grupo de linebackers de um modo geral nunca conseguiram repetir as brilhantes atuações de 2015 constantemente, se tinha algo que independentemente do adversário brilhava no setor, era o pass rush.
Contra o Oakland Raiders, todavia, isso não aconteceu, e mostra uma das evoluções imediatas da equipe californiana.
Não permitir nenhum sack à uma dupla como Von Miller-Bradley Chubb merece elogios. Mais ainda vindo de uma OL que concedeu 51 sacks ano passado.
Josh Jacobs mostrou funcionalidade correndo e recebendo a bola, principalmente nas proximidades da endzone.
E Derek Carr foi cirúrgico apresentando sintonia com um wide receiver contratado nesta offseason que era encarregado de melhorar o grupo de recebedores do time… Tyrell Williams.
Do outro lado da bola, Jon Gruden e sua comissão técnica fizeram ótimos ajustes na secundária, bem como na linha defensiva, com enfoque no interior dessa. A dupla de DTs titular Maurice Hurst-Johnathan Hankins foi muito bem.
Sim, ainda existem pontos a serem corrigidos e o adversário também vêm em uma reformulação. Mas a primeira partida oficial da NFL em 2019 trouxe boas notícias aos Raiders.
Não seja enganado pelo 17-16 de Bills vs. Jets
O Buffalo Bills foi marcar o primeiro TD da temporada somente o quarto período e, por muito pouco, não foi derrotado pelo New York Jets no MetLife Stadium.
Todavia, o resultado final deste embate não mostra de fato as conclusões que podem ser tiradas desses dois times.
Os quatro turnovers sofridos pelos Bills (contra um dos Jets) certamente é algo a ser corrigido, ainda mais para um time de Buffalo que foi o segundo pior da NFL em bolas perdidas em 2018.
Mas de resto, o domínio da equipe visitante ficou evidente ao assistir ao confronto, mesmo com todas as contratações de peso feitas por New York na offseason.
Jardas totais: 370-223 BUF; first downs: 23-17 BUF; jardas por jogada: 5.9-3.4 BUF.
Se corrigidos os turnovers, os Bills parecem ter um grupo competitivo, com uma defesa muito sólida e um ataque encaixado, que talvez sinta a falta de um playmaker especial contra alguns adversários.
Já nos Jets, Sam Darnold precisa ser mais envolvente no ataque, e muito disso se dá pois a linha ofensiva também tem espaço para melhora. Algumas chamadas de jogadas de Adam Gase, não surpreendentemente, não foram sensatas em momentos específicos do embate.
Em uma temporada como da NFL, tudo depende dos ajustes feitos semana após semana. Com a primeira rodada concluída, os Jets têm (muito) mais coisas a serem corrigidas do que os Bills, mesmo que o placar final do confronto direto não mostre isso necessariamente.