Antes de comeiçar a leitura, responda para si mesmo: Alex Smith é capaz de vencer um Super Bowl?
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Apenas um time da NFL atualmente acumula campanha 19-3 nas últimas 22 partidas de temporada regular que disputou. Neste período, foram 48 turnovers forçados, uma média de mais de dois por partida. Ainda, foram 559 pontos marcados e 350 sofridos.
Muitas pessoas podem pensar que a equipe em questão é o New England Patriots, ou o Denver Broncos, talvez até o Green Bay Packers. Mas não. Estou falando do Kansas City Chiefs, um grupo que venceu seus últimos dez jogos do ano passado e que nesta temporada tem chamado a atenção por algumas atuações.
O que tem sido mostrado dentro de campo pelos Chiefs desde 2015, muito mais que deixar a o time em posição de se classificar aos playoffs e brigar diretamente pelo título de sua divisão, chega a conferir o status de uma das melhores franquias da Conferência Americana. Acredito que seja quase unanimidade que o New England Patriots é o time a ser batido na AFC neste momento e quando falamos nos reais candidatos a isso, sem dúvidas temos Kansas na conversa.
Mas é um exagero acreditar que o Kansas City Chiefs tem cacife para disputar um Super Bowl com este elenco que tem em mãos? Olhando posição por posição, isso pode mesmo ser afirmado?
Os confrontos e estatísticas recentes nos dizem não e sim, respectivamente, para as duas perguntas referidas acima. Todavia, algo precisa ser dito: não é demais acreditar neste elenco de Kansas City em termos de Super Bowl, porém, vale destacar que da forma como ele está jogando, seria ao menos precoce sonhar com isso. Em outras palavras, podemos dizer que os Chiefs têm talento para competir diante de qualquer equipe da NFL nos playoffs, mas precisam, de um modo geral, mostrar mais do que vêm demonstrando, especialmente na posição mais importante de um time de futebol americano.
Um elenco competitivo, da defesa até a comissão técnica
O ponto mais eficiente do atual Kansas City Chiefs é a defesa. Recheado de jogadores jovens e experientes, o qual dá uma invejável combinação para o setor. Neste momento, o sistema defensivo dos Chiefs é o 9º geral da NFL, permitindo 20,2 pontos por jogo.
Além disso, vale destacar que Kansas é a equipe que mais roubou bolas dos adversários em 2016, com 25 turnovers, o que, combinado com o conservadorismo ofensivo de seu sistema ofensivo (algo falado adiante), ainda deixa a time com um saldo positivo de 15 turnovers neste temporada, o melhor da liga. (Dica: Se você ainda não viu Eric Berry e Marcus Peters em ação, não perca tempo!)
Ademais, em meio ao retorno de Justin Houston aos gramados, temos visto o pass rush dos Chiefs subir de produção consideravelmente. Dee Ford tem feito um trabalho de Pro Bowler nesta temporada, com dez sacks até agora (uma das cinco melhores marcas da NFL), e o conjunto como um todo totaliza 26 no ano, dez a menor que o líder Denver Broncos. Não se esqueça que nomes como Tamba Hali e Derrick Johnson também estão por lá.
Tudo isso, realmente, é fruto da habilidade e técnica dos defensores da franquia. Entretanto, a eficiência deste grupo não seria possível se não fosse por Andy Reid. O ex-técnico do Philadelphia Eagles, muito pressionado em alguns momentos de sua carreira, parece ter se reencontrado e faz um trabalho brilhante nesta temporada, digno até de competir pelo prêmio de Técnico do Ano – o que seria seu segundo prêmio (2002). É preciso lembrar que Reid viu nomes muito importantes, como por exemplo Jamaal Charles e Justin Houston se lesionarem no começo do ano, mas ainda assim foi capaz de manter seu time competitivo dos dois lados da bola.
Algo indica que as chances de Kansas City estão nas mãos de Alex Smith
Falar do Kansas City Chiefs é falar de uma equipe que não conquista o Super Bowl desde a temporada de 1969. Isso mesmo, são quase 50 anos desde a última vez que os Chiefs foram campeões. Além disso, para piorar, neste período a equipe chegou em apenas uma final de conferência, em 1993, quando acabou derrotado para o Buffalo Bills. Desde então, Kansas oscila entre classificações aos playoffs culminadas em eliminações precoces e temporadas decepcionantes. Desde 2013, por exemplo, o time de Andy Reid esteve na pós-temporada duas vez, tendo vencido apenas uma partida.
2013, aliás, foi o ano em que Alex Smith assinou com o Kansas City Chiefs após ter jogado oito anos no San Francisco 49ers. Desta forma, podemos dizer que há quatro temporadas os Chiefs esperam ver um grande quarterback under center, o qual seja capaz de tornar o time competitivo na NFL novamente. Isso porquê Smith, se você não se lembra, foi uma escolha de 1ª rodada em 2005, vindo da universidade de Utah.
Caracterizado como um dos prospectos mais inteligentes dos últimos tempos, Alex Smith esteve na briga pelo Heisman Trophy em 2004 e, ao ter sido escolhido pelos Niners, era visto como o futuro quarterback da franquia por lá. Contudo, o tempo se passou e o desenrolar da carreira profissional de Smith não saiu como esperado. Aqueles 32 touchdowns em seu último ano no college football não se repetiram, e até hoje sua melhor marca de touchdown em uma temporada na NFL é 23.
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Smith não conseguiu se converter em “uma máquina de lançar bolas” como normalmente se espera de quarterbacks selecionados entre as primeiras escolhas de um Draft. Pelo contrário, ele ganhou a fama (merecidamente) de um jogador conservador e inteligente, o qual é capaz de administrar vantagens nas partidas muito bem (game manager, como os americanos definem), porém não passa confiança em seu braço. Nos últimos quatro anos, nenhum quarterback tentou proporcionalmente tão poucos passes longos (15/+ jardas) do que Smith (contando quarterbacks com pelo menos 200 tentativas por temporada).
Desta forma, mais uma vez os fanáticos torcedores do Kansas City Chiefs apostam suas fichas em Alex Smith – eles sabem o quão especial este time é e até onde pode chegar. Mas para isso, ele precisará ser mais que um “administrador” dentro de campo, que em raros momentos busca criar uma grande jogada, mas sim se contenta com passes curtos campanha após campanha. No caso dos Chiefs em específico, arrisco dizer que Alex Smith precisará jogar como um MVP. Sabemos que o sistema ofensivo de Kansas conta com nomes talentosos, mas nenhum deles será alguém que colocará a bola debaixo do braço e resolverá as partidas. Normalmente, isso é coisa que se espera de um quarterback. E Smith sabe disso.
Como falado, os Chiefs não têm um ótimo grupo de recebedores, longe disso; nem um running back que garantirá 100 jardas terrestres e um touchdown por confronto. Eles têm sim capacidade de fazerem boas jogadas (e aqui faço referência a Spencer Ware, Travis Kelce, Tyreek Hill, Jeremy Maclin), mas precisam de um bom orquestrante. Os bons quarterbacks são aqueles capazes, entre outras coisas, de elevarem o nível dos jogadores que estão à sua volta.
Por que acreditar, torcedores dos Chiefs?
Ao que tudo indica, falar de um Kansas City Chiefs competitivo em termos de chegar à pós-temporada exige que a defesa do time continue em alta e o grupo de recebedores aparecendo nos momentos mais importante. Agora, em termos de disputa nos playoffs, é possível dizer que os Chiefs irão até onde Alex Smith for capaz de liderá-los. Essa é uma tendência conferida aos quarterbacks.
De fato, não será Alex Smith sozinho que determinará o destino do Kansas City Chiefs. É preciso lembrar que a defesa do time, por mais competitiva que seja, ainda é uma que cede muitas jardas; outrora, já vimos running backs deste time sofrendo turnovers “imperdoáveis”; a linha ofensiva não é nada espetacular… Contudo, é inegável que um quarterback em um grande dia seja capaz de suprir alguma dessas baixas.
Assim sendo, Alex Smith se prepara para um dos anos mais importantes de sua carreira. Talvez o mais, visto que ele não terá mais muitas chances para provar que é um vencedor na NFL (se é que elas já não se esgotaram). Os torcedores em Kansas aguardam ansiosamente por um título e, como vimos acima, este elenco de modo geral pode chegar lá. Mas e o quarterback deste grupo, ele é capaz? Ninguém deve duvidar da inteligência de Smith, contudo, jogar contra um New England Patriots no Gillette Stadium ou um Oakland Raiders de Derek Carr “com sangue nos olhos”, exige mais que isso. O camisa #11 precisará “ser alguém que nunca foi” e isso deve definir como olharemos para ele ao fim de sua carreira.
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