Quem diria que o cargo de John Harbaugh estaria na iminência de começar a ser ameaçado. Afinal, quando chegou ao Baltimore Ravens em 2008, Harbaugh emplacou cinco temporadas consecutivas com idas aos playoffs, incluindo três finais de conferência disputadas e um Super Bowl conquistado, em 2012. Todavia, desde então, isso não vem acontecendo em Maryland. Entre 2013 e 2016, os Ravens tiveram apenas uma campanha vitoriosa e ficaram fora da pós-temporada em três desses quatro anos. No geral, a campanha da franquia nesse período foi 31-33.
Assim sendo, após uma campanha decepcionante em 2016, principalmente pelas vitórias “entregadas” nos momentos finais das partidas, o Baltimore Ravens mira 2017 com um grande objetivo: retornar ao mata-mata. Muita coisa precisará ser feita, porém, incluindo encontrar um equilíbrio e maior estabilidade entre os dois lados da bola. Especialmente no ataque, Baltimore carrega diversas fragilidades, as quais não podem se manter caso a equipe queira retornar aos seus melhores dias. Defensivamente, por sua vez, os Ravens devem vir fortes mais uma vez. Isso, é claro, se as pontuais contratações da franquia encaixarem como é esperado.
Ataque
O sistema ofensivo do Baltimore Ravens é repleto de incertezas, e de certa forma foi o que mais atrapalhou a franquia de vencer seus jogos na temporada passada. Como um time que termina o ano forçando mais interceptações do que qualquer outro da liga, cedendo pouco mais de 20 pontos por partida e com bom apoio de sua linha ofensiva, é capaz de vencer apenas oito partidas no ano? Porque o ataque simplesmente não consegue pontuar.
Joe Flacco visivelmente não estava confortável dentro do pocket, e sua lesão nesta offseason ilustra isso. Ele até teve suas 4.317 jardas (primeira vez na carreira acima das 4 mil jardas aéreas, aliás), porém seu rating final de 83,5 mostra que tal estatística não foi tão eficiente. Na temporada passada, 18 turnovers de Baltimore saíram das mãos de Flacco, marca que quase igualou seu total de touchdowns no ano, 22. Está claro que o camisa #5 nunca chegará ao nível mais alto de quarterbacks da NFL, porém, além de encontrar uma maneira de ficar saudável a partir de agora, Flacco precisa se manter longe dos erros.
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A integridade física de Joe Flacco, por mais que seja uma grande preocupação pelo que ele apresentou fisicamente nas duas últimas temporadas, está em boas mãos. A linha ofensiva de Baltimore tem sido uma das mais sólidas do futebol americano e, mesmo com as perdas do center Jeremy Zuttah e right tackle Rick Wagner, deve manter o bom nível. Verdade seja dita, em 2016 ela teve alguns problemas, mas ainda assim terminou o campeonato cedendo 33 sacks ao seu QB. Marshal Yanda e Ronnie Stanley, em seu segundo ano na NFL, devem dar conta do recado.
Olhando atrás da linha ofensiva, entretanto, encontramos talvez o Calcanhar de Aquilles desse sistema ofensivo: o ataque terrestre. Baltimore foi o 3º time que menos correu bom a bola em 2016, e sua marca de 91,4 jardas por partida foi a pior da Conferência Americana. Mas como corrigir isso? Neste momento, a rotação de running backs dos Ravens conta com Terrence West, Danny Woodhead e Javorius Allen (acrescentado ao depth chart após a lesão de Kenneth Dixon). Principalmente no caso dos dois primeiros, eles são ótimos corredores reservas, para compor uma rotação que já conta com um grande RB. O problema é que isso é tudo que o Baltimore Ravens tem para a temporada – um deles (ao que tudo indica, West) será o titular até o fim do ano.
No grupo de recebedores, mais preocupações. Primeiramente, lembre-se que Steve Smith se aposentou. Ainda, os Ravens contam com um dos melhores conjuntos de ameaças verticais da AFC atualmente, com Mike Wallace (o melhor WR do time no ano passado), Breshad Perriman e Chris Moore. Porém, nenhum deles é um exímio wide receiver nº1, extremamente confiável para todos os momentos. Por isso, o veterano Jeremy Maclin foi contratado. Ele vem de temporadas instáveis (536 jardas e 2 TDs em 2016), mas pela experiência pode acrescentar algo interessante a este ataque. Ademais, com o corte de Dennis Pitta (89 recepcções ano passado), Baltimore não tem um tight end principal definido (Nick Boyle e Benjamin Watson são os favoritos para a função).
Defesa
Mais uma temporada está começando e novamente a principal força do Baltimore Ravens está em sua defesa! Ozzie Newsome adora montar defesas explosivas e, tendo em mente os “apagões” desse setor durante alguns jogos no ano passado, fez questão de buscar reforços interessantes para 2017.
O ponto mais forte do sistema defensivo dos Ravens começa sendo a secundária (18 interceptações em 2016. Após sofrer com lesões no ano passado, a franquia investiu na durabilidade (e qualidade, é claro) de seus defensive backs. As chegadas de Tony Jefferson e Brandon Carr (além da escolha de 1ª rodada de 2017, Marlom Humphrey), combinadas com o retorno de Jimmy Smith, devem oferecer à essa secundária tudo que uma de elite precisa – e não se esqueça que o veterano Eric Weddle ainda está por lá.
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Ainda nessa defesa, como temos visto em todos os anos recentes, mesmo com algumas perdas para 2017, o Baltimore Ravens deve ter sucesso contra o jogo terrestre. C. J. Mosley (342 tackles em três temporada profissionais) segue no grupo, assim como o ótimo Terrell Suggs. Se ambos tiverem bom apoio de pelo menos mais um nome – e isso deve vir por parte de Kamalei Correa, Matt Judon ou até mesmo Tyus Bowser – este setor defensivo deve manter o ótimo nível de anos anteriores (os Ravens cederam apenas 89,4 jardas por jogo no ano passado).
Por fim, o pass rush/linha defensiva de Baltimore (31 sacks em 2016) talvez seja o ponto mais preocupante do sistema. Isso pois as perdas de Timmy Jernigan, Lawrence Guy e Zach Orr podem não encontrar impacto substitutivo imediato – o Baltimore Ravens draftaram “pesado” neste sentido. A franquia direcionou três de suas quatro primeiras escolhas no Draft para pass rush: Tyus Bowser, Tim Williams e Chris Wormley. Todos eles são bons e muito promissores. Contudo, por ainda serem calouros, podem não surtir resultados imediatos.
Conclusão
Está claro que o Baltimore Ravens não pode entregar seu ataque a Joe Flacco de qualquer maneira; não é o estilo do quarterback vencer seus jogos assim, com um ataque corrido inexistente ou uma linha ofensiva vulnerável, por exemplo. Consequentemente, John Harbaugh precisa encontrar alguma maneira de produzir mais pontos. Para competir com New England e Pittsburgh, no caso as potências da AFC atualmente, será preciso pontuar. A defesa de Baltimore deve vir forte para 2017, fato que alivia relativamente a pressão sobre o ataque do time neste sentido. De qualquer maneira, será necessário que essa equipe encontre o equilíbrio ideal ao longo do ano, dos dois lados da bola. Se Harbaugh conseguir fazer isso, os Ravens deverão ter forças para surgir como uma interessante surpresa na Conferência Americana – e já vimos esse time fazer isso em outras ocasiões.
Principais chegadas (posição, antigo time)
– Danny Woodhead (RB, Chargers);
– Jeremy Maclin (WR, Chiefs);
– Tony Jefferson (S, Cardinals);
– Brandon Carr (CB, Cowboys).
Principais saídas (posição, time de destino)
– Elvis Dummervil (DE, 49ers);
– Steve Smith Sr. (WR, aposentou);
– Jeremy Zuttah (C, 49ers);
– Rick Wagner (RT, Lions);
– Dennis Pitta (TE, free agent);
– Timmy Jernigan (DT, Eagles);
– Zach Orr (LB, aposentou);
– Lawrence Guy (DE, Patriots).
Notas do time
– Ataque: B-
- Quarterback: B
- Running backs: C
- Wide receivers: C+
- Linha ofensiva: B+
– Defesa: A-
- Linha defensiva: B
- Linebackers: B+
- Secundária: A
– Calendário 2017: B (46,1%)
Estatística determinante
Terrence West foi o líder de jardas terrestres do Baltimore Ravens na temporada 2016 – apesar de ele ter totalizado apenas 48,4 jardas corridas por partida.
Nomes para ficar de olho
Joe Flacco – O Joe Flacco que vimos na pós-temporada de 2012 (11 touchdowns e nenhuma interceptação em quatro partidas), simplesmente continua apenas na memória dos torcedores do Baltimore Ravens. Desde aquela conquista, salvo relativamente a temporada de 2014, Flacco vem colecionando anos ruins, seja com muitos turnovers, seja com poucos touchdowns. Entretanto, ele ainda é o jogador mais importante da franquia. Ele é o quarterback e, portanto, o responsável por liderar todos que estão em sua volta. A força do braço do camisa #5 é sempre um atrativo nos jogos dos Ravens, todavia, ainda continuamos na espera de uma temporada realmente convincente de Joe Flacco.
C. J. Mosley – Como citado anteriormente, desde que chegou à NFL em 2014, C. J. Mosley totaliza 342 tackles – e, acredite, isso é só uma amostra do que ele representa para a defesa dos Ravens. Além disso, suas seis interceptações e sete sacks nesse período mostra mais de seu impacto dentro de campo. Onipresente, Mosley tende a ser o “sucessor” de Terrell Suggs, fazendo jus aos ótimos linebackers que Baltimore apresentou desde os anos 2000. O camisa #57 é a base da sua defesa, e o principal responsável por ela ser uma das mais badaladas da National Football League na atualidade.
Justin Tucker – Justin Tucker, definitivamente, é o melhor kicker do futebol americano. O que Tucker tem feito nos últimos anos faz com que o Baltimore Ravens trate seu chutador como uma real ameaça ofensiva (e não alguém que irá chutar apenas quanto o ataque não conseguir avançar) – e a franquia tem razão nisso. Na temporada passada, o camisa #9 completou 38 dos 39 field goals que tentou (sendo seu único erro por um bloqueio adversário), incluindo 10/10 em chutes de pelo menos 50 jardas. Além disso, em sua carreira, ele ainda não sabe o que é errar um extra point, apesar de já ter chutado 166 desses!
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Este é mais um texto da série Perguntas Para a Temporada (PPT), que analisa como será o ano de cada franquia da NFL, de acordo com a ordem do Draft. Para ter acesso aos outros artigos desta série, CLIQUE AQUI – em algum momento, seu time estará por lá!
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