Pela primeira vez desde 2003 (Tampa Bay Buccaneers e Oakland Raiders), a NFL não teve nenhum dos times que disputaram o Super Bowl indo aos playoffs. Sim, por incrível que pareça, nem Carolina Panthers, nem Denver Broncos – finalistas em 2015 – se classificaram à pós-temporada no ano passado. Mas por que isso aconteceu?
Analisar o fiasco da temporada 2016 dos Panthers tange uma série de fatores, que passam pelas lesões, linha ofensiva, grupo de recebedores, Cam Newton… Enfim. Vários aspectos não funcionaram para Carolina no ano passado e a equipe, que havia conquistado a Conferência Nacional, não esteve nem próxima de vencer a NFC Sul novamente.
No caso dos Broncos, em contrapartida, esse grupo de fatos não se repete da mesma maneira. Certamente que a campanha de Denver em 2016 viu alguns desfalques consideráveis em relação a 2015, todavia, acima de tudo, o motivo pelo qual o time do Colorado não conseguiu engrenar foi a inconstância na posição de quarterback.
Com a aposentadoria de Peyton Manning no ano passado (por favor não inclua a ida de Brock Osweiler a Houston aqui também), Denver se viu com dois nomes principais em mãos: Trevor Siemian e Paxton Lynch, selecionado no último Draft. Entre várias oscilações, lesões e “falsas vitórias” na temporada 2016, ficou claro que nenhum dos dois está no mesmo nível do restante do elenco dos Broncos. Diga-se de passagem, acredito que seja possível dizer que Denver tem um time de alto nível em mãos, capaz retornar ao Super Bowl pelo menos mais uma vez. Mas…
Quer ter um time de elite na NFL? Então vá atrás de um quarterback de elite. Ou será uma mera coincidência que Tom Brady, Matt Ryan, Ben Roethlisberger e Aaron Rodgers tenham sido os quatro quarterbacks que disputaram as finais de conferência na temporada passada?
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A história do Denver Broncos também deixa isso claro. Na década de 1990, sob o comando do ótimo John Elway, a franquia venceu dois Super Bowls e teve a época mais dominante desde a sua fundação. Contudo, após a saída de Elway, o torcedor em Denver passou a ter a real dimensão da importância de um quarterback para uma equipe de futebol americano. Brian Griese, Jay Cutler, Kyle Orton, Tim Tebow, Chris Simms, Brock Osweiler… Não estamos falando de QBs de elite aqui.
Quando tudo isso mudou? Quando Elway foi atrás de Manning. O ex-jogador dos Colts, em quatro anos no Colorado, entre vários recordes quebrados, esteve em dois Super Bowls e venceu um.
Partindo disso, fica a pergunta: é possível imaginar Trevor Siemian ou Paxton Lynch sendo quarterbacks de elite? Bom, pelo que vimos até agora, não seria justo responder essa questão. Mas e que tal quem será o quarterback dos Broncos em 2017? Siemian merece mais uma chance? Já é a hora de Lynch por lá? Existe outra opção?
Trevor Siemian
Mesmo 2016 sendo seu segundo ano na NFL, podemos considerar que Trevor Siemian esteve como um calouro na temporada passada, visto que ele nunca havia participado oficialmente na liga. Desde o começo da temporada, ele foi o encarregado de liderar o então vencedor do Super Bowl Denver Broncos. Siemian conseguiu? Bom… Por se tratar de basicamente sua primeira experiência na liga, pode-se dizer que Siemian teve uma temporada decente. Mas longe de ser elite.
O camisa #13, em 14 partidas disputadas, completou 59% de seus passes, para 3.401 jardas, 18 touchdowns e ainda dez interceptações. Ademais, levantou grandes expectativas após vencer seus quatro primeiros jogos, mas teve problemas na reta final da temporada (um dos momentos mais importantes do ano), quando venceu apenas dois dos sete confrontos que disputou – e isso inclui uma vitória na semana 17, já eliminado.
Verdade seja dita, ele foi prejudicado por algumas lesões – as quais aconteceram logo após suas melhores performances na NFL – e pela ausência de um jogo corrido sólido em Denver – fato ruim quando Gary Kukiak é o seu head coach. Além disso, a linha ofensiva dos Broncos esteve longe de ser a ideal para alguém que está no começo da carreira.
De um modo geral, Trevor Siemian foi pouco para o que estava a sua volta. A questão agora é o quanto ele irá evoluir em relação ao ano passado e se isso será suficiente para mantê-lo como titular da posição.
Paxton Lynch
Uma das grandes histórias do último Draft foi as trocas que John Elway se envolveu, as quais o possibilitaram selecionar Paxton Lynch no fim da primeira rodada. Vindo de Memphis, Lynch chamou atenção pelos atributos físicos (altura, força e mobilidade) e potência de seus lançamentos, mesmo que esses ainda necessitassem ser mais precisos. Claramente, a escolha pelo camisa #12 foi um planejamento a longo prazo. Como já vimos em outros casos, você seleciona um jovem quarterback, mantem-o no como backup aprendendo o estilo e plano de jogo com o titular de alto nível, até que seja sua hora. O “problema” para Paxton foi que isso não aconteceu como esperado.
Com as lesões surpreendentes de Trevor Siemian, o Denver Broncos se viu obrigado a colocar Paxton Lynch em campo. Isso aconteceu duas vezes, e a inexperiência do jovem quarterback ficou clara. Logo em sua estreia, além de ter sido interceptado uma vez, sofreu seis sacks para uma perda de 40 jardas, mostrando que suas leituras precisavam ser mais rápidas. Em sua segunda partida, mesmo com a melhor nas estatísticas, ficou evidente que ele não estava pronto. Em dois jogos como titular, foram 497 jardas, dois touchdowns, uma interceptação e nove sacks sofridos para ele.
Os próprios companheiros de time de Lynch disseram que o novato havia demonstrado boa evolução dentro de campo, mas que ele ainda não conhece totalmente o sistema ofensivo. Ao que tudo indica, nem para o quarterback e nem para a franquia, não é bom que Paxton Lynch seja o titular de Denver em 2017; é preciso mais tempo.
Por fim: sim, é possível ver Paxton Lynch como titular absoluto dos Broncos, mas isso não deve ser agora.
Outras opções
Pela escolha de Paxton Lynch em 2015 e por ter dois quarterbacks em evolução no elenco, não imagino que o Denver Broncos vá atrás de outro quarterback no Draft – seria aumentar a mesma preocupação que o time já tem; se você optou por Lynch, confie nele por pelo menos mais um ano. Desta forma, o quarterback titular dos Broncos em 2017 pode (e deveria) surgir de Free Agency ou até mesmo de uma troca.
Desde o começo da offseason, as especulações sobre renovação contratual de alguns quarterbacks e o futuro deles só aumenta. Drew Brees acertará os detalhes com o New Orleans Saints? Colin Kaepernick ainda pode render na NFL? Mike Glennon está certo e merece ser um titular na liga? Brian Hoyer manterá a boa sequência do ano passado?
Bom, enquanto nenhuma das perguntas acima parece nortear a posição mais importante dos Broncos, rumores indicam que isso pode mudar em breve. Jay Cutler é uma real opção nesta conversa? Denver seria o destino perfeito para Tyrod Taylor? Tony Romo terá mais uma chance?
Sim, todos os três nomes citados no parágrafo acima têm chances reais de não permanecerem nos Bears, Bills e Cowboys, respectivamente. Cutler tem visto sua relação com Chicago cada vez mais desgastada; Taylor pode pedir um salário fora dos padrões esperados por Buffalo; e Romo talvez esteja de saída após o surgimento de Dak Prescott em Dallas.
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Acredite ou não, mas até mesmo Jay Cutler, que está longe de seus melhores momentos, poderia ser uma opção viável em um eventual retorno a Denver. Ele tem um bom braço, é experiente e estaria com sólidos recebedores e uma ótima defesa ao seu redor. No caso de Taylor, o qual já mostrou ter um bom braço e ser capaz de liderar um ataque, estar nos Broncos significaria ter o apoio ofensivo e defensivo que os Bills nunca lhe proporcionaram. Mas e Tony Romo?
Neste momento, as principais fontes da NFL têm relacionado Tony Romo, o principal nome desta lista, a Denver Broncos e Houston Texans. Diga-se de passagem, Romo no Colorado seria algo dos sonhos para os torcedores em Denver.
Estamos falando de um quarterback veterano, que já teve excelentes temporadas na liga, sabe completar passes sob pressão. Além disso, algo que ninguém pode negar, é o rendimento do camisa #9 nas últimas vezes que esteve em campo saudável. Por outro lado, verdade seja dita, as incertezas quanto ao quarterback pela sua forma física – ele começou apenas quatro dos últimos 32 jogos possíveis em Dallas – e seu rendimento nos playoffs pesam negativamente. Mas aí surge a pergunta: qual quarterback entre aqueles mais cotados para serem free agents/trocados tem mais chance de vencer um Super Bowl? Você pode dizer que não gosta de nenhum dos nomes desta discussão e que isso dependerá de um conjunto de fatores; mas se fosse para ficar com um, se é que os boatos se concretizem, esse seria Tony Romo.
Então coloque Romo em um elenco que já conta com Demaryius Thomas, Emmanuel Sanders, C. J. Anderson, Von Miller, Chris Harris Jr., Aqib Talib, Brandon Marshall, T. J. Ward… Dizer que o elenco dos Broncos é perfeito seria exagero, mas não tenha dúvidas que ele tem potencial para incomodar em uma pós-temporada. Basta que seja bem liderado… Por um quarterback realmente competitivo.
Para o Denver Broncos neste momento a situação é a seguinte: esperar que um de seus dois jovens quarterbacks evoluam sem um prazo definido para que isso aconteça ou arriscar na busca por um quaterback competitivo para um elenco sólido (deixando seus dois novatos em preparação). Deveria mesmo haver alguma discussão?
Quem deve ser o quarterback titular dos Broncos em 2017? Mande sua opinião para nós nos comentários ou pelas redes sociais!
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